Quarto Capítulo: Real Começo

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O show foi animando, nunca que Max havia se divertido tanto, ele e seus novos amigos pularam, brincaram, riram e beberam. Algo que ele não fazia a muito tempo, quando se passa muito tempo se colocando para baixo que é o caso de Max, é difícil encontrar um lugar ou algo para acalmar a mente e a alma.
Mais uma semana passou, nesse tempo a amizade de Max e Mike foi sendo construída, com essa construção, o primeiro sentimento deles começou a florescer cada vez mais e aquela atração se evoluía para algo mais perigoso e caloroso. Na hora do intervalo no refeitório.
- Ai, eu quero férias. – Afirma Mia sentando na mesa com sua comida. – Tá puxando esse semestre.
- Puxado? Mal começou direito. – Afirma Max rindo.
- Para você que chegou depois. – Fala Ae com tom de deboche. – Você vai sair esse final de semana?
- Não sei, quero ficar em casa e estudar um pouco, tem umas coisas que a gente ver no Brasil diferente, quero me atualizar.
- Vai ficar em casa? Duvido os meninos deixarem. – Afirma Mia. – Max eu esqueci minha bebida no balcão pode ir buscar para mim?
- Por quê?
- Porque eu estou com sede e você aproveita e olha quem está lá...
- Minha sombra? – Fala rindo, ele se levanta e vai, mas acaba esbarrando em uma pessoa que derrubou a bebida dela e com isso melou sua camisa. – Ai, desculpa. – Começa a limpar a camisa do rapaz.
- A gente tem que parar de se encontrar assim. – Fala o rapaz pegando na mão dele o fazendo olhar no seu olho.
- Ton? Desculpe, quando não estou caindo estou derrubando coisas em você.
- Não tem problema, queria te ver de novo, esqueceu de me dar o seu Line...
Mike estava no balcão observando tudo.
- Esqueci? Lembro que nem ofereci.
- Não seja maldoso. – Pega o celular do bolso. – A gente pode ser amigos, conversar e sair para beber.
- Ok. – Pega o celular dele e coloca seu ID. – Aqui. – Rir.
- Vou mandar mensagem, aliás, quer sair comigo?
Mike chega bem na hora da pergunta.
- Sair? – Fala Mike nervoso. – Para onde?
- Você pegou a bebida da Mia? – Pergunta Max.
- Sair. Mas só eu e ele, vamos beber. – Afirma Ton animado e com tom de malícia.
- Ele não pode. – Afirma Mike mais nervoso.
- Por que eu não posso? – Pergunta Max confuso.
- Porque....
-  A gente vai estudar esse final de semana, esqueceu. – Fala Ae chegando como quem fosse um herói.
- Mas eu achei que ia sair.
- Max vamos para a mesa. – O puxa, deixando Mike e Ton sozinhos.
- Sabe...você não consegue disfarçar que está com ciúmes. – Afirma Ton como se estivesse enfrentando Mike. – Não vai demorar muito para Max sair comigo e também não vai demorar muito para ele ficar comigo, então, se eu fosse você baixava a bola.
- Quem disse que ele irá te escolher?
- Eu sou rico e poderoso e você? Olhe para ele, e olhe para você, com quem ele seria mais feliz?
- Eu não sei, mas com você ele não será...
- Mike, o jogo começou.
- E que vença o melhor. – Sai.
À noite, em casa, Max, Korn, Knock e Fai estão vendo um filme, quando Max recebe uma mensagem de Mike pedindo para ir vê-lo, sem prensar duas vezes ele foi, ao chegar lá Mike o levou a uma praça não tão longe dali.
- Sobre o que quer conversar? – Pergunta Max sentando no banco.
- Eu não gostei que falou com o Ton.
- Você não tem o que gostar, você é só meu amigo.
- Você é burro ou ingênuo? Você não sabe...
- Que você gosta de mim? Até um cachorro sabe que você gosta de mim, mas eu achei que o tempo iria te fazer esquecer...
- Esquecer? Como se esquece um sentimento. – Pega nas mãos de Max. – Olha...Eu sei que, você não gosta de mim. – É interrompido.
- Mike.
- Deixa eu terminar...- Respira fundo e continua. – Você não está interessado em mim, mas eu não vou desistir, eu sou uma pessoa boa e você vê isso, mas não parece que eu sou alguém boa, a pessoa boa que você quer... – É interrompido.
- Mike, eu gosto de você.
- O quê? – Pergunta confuso.
- Não precisa fazer esse discurso, eu gosto de você, só não sei se estou pronto para um relacionamento, olha, eu não sei o que é o amor, não sei o que eu realmente procuro, por isso não quero gastar o seu tempo.
- Então deixa eu te ensinar?
- O quê?
- O que é o amor.
- É uma tarefa difícil, o amor é muito complexo.
- Olha. – Pega no seu rosto e o olha dentro dos olhos. – Estou disposto a te ensinar, só me dê uma chance de ser seu professor, sua pessoa especial.
- Isso é loucura, Mike. Você é bonito, tem várias pessoas interessadas em ti, o que diabos você viu em mim? Não gaste seu tempo com alguém que não merece, dentro de alguns meses eu retornarei ao Brasil e você ficaria aqui de coração partido, eu já tive isso e não desejo a ninguém.
- Max? – Fala desiludido.
- É melhor assim, nem você acaba de coração partido e nem eu, essa história não é um romance, na verdade é vida real e nem sempre podemos exigir o tão famoso “final feliz”. – Se levanta. – Você é meu amigo e eu agradeço, mas só posso ser isso de você. É o melhor para ambos. Vamos! Quero ir para casa.
Max chegou em casa sem dizer nada, foi direto para seu quarto, fechou a porta e começou a chorar, um choro que o fazia soluçar. Mike também foi para casa, mas ficou na janela olhando as estrelas e tentando entender porque Max havia o rejeitado.
- Max – Fala Korn batendo na porta. – Você está bem?
- Porque eu não consegui? – Fala abrindo a porta aos prantos.
- Consegui o quê? – Pergunta preocupado.
- Porque eu não consigo ser normal? O que tem de errado comigo? – O abraça.
- O que foi?
- Ele disse que gostava de mim, que queria me ensinar o amor, mas eu o rejeitei, eu não consigo, Korn. Não nasci para o amor e isso dói, porque acho que no final das contas eu gosto dele.
- Calma, Max. – Fala alisando suas costas. – Eu estou aqui, aliás, estamos aqui com você. Calma.
- Eu peço tanto um relacionamento que quando eu o tenho acabo fugindo, ai que contradição, por que eu sou assim? Por que eu não sou normal, Korn? Qual é o meu problema?
Na segunda-feira o jovem foi a faculdade, não falou muito, Ae e Mia ficaram o observando, Mike também não se aproximou dele, foi o dia tentando se evitar, Max foi para seu canto de pensar até que tem uma companhia.
- O que olha com tanta atenção? – Pergunta Ton sentando ao seu lado.
- Tento achar uma resposta, o que está fazendo aqui?
- Tentando achar uma resposta também, mas a pergunta está na minha frente...
- Tá dando em cima de mim? Porque se tiver essa cantada foi ruim.
- Foi? Eu fiz o meu melhor... Dá para ver que está triste, porque não sai comigo para eu te animar?
- O que você quer comigo em?
- Te fazer feliz, então vamos sair hoje, a gente janta, conversa e damos uma volta.
- Que brega. – Rir. – Okay, vamos sair. Depois da minha aula te mando uma mensagem, aí você vai me buscar.
No shopping na hora do almoço os dois casais já formados almoçam juntos e conversavam.
- Eu não sei, acho que ele está confuso.  – Afirma Yihwa colocando a comida no prato. – A gente não sabe a verdadeira história dele ainda para o mesmo ser assim.
- Ver ele naquele estado me deixou preocupado, será que não seria bom ele voltar? – Afirma Korn.
- Ficou louco, quer mandá-lo de volta para o Brasil? – Fala Cho. – Ele deve ter seus motivos, nós tivemos os nossos antes de ficarmos juntos e se eu lembro bem, tivemos que enfrentar muita coisa.
- Você um louco e o restante de nós perturbado. – Afirma Knock.
- Não se esqueça do nosso ex-chefe que assediava a gente, talvez ele já tenha enfrentando e não teve um final feliz. – Conclui Cho.
- Então, vamos conversar com ele, saber sua real história para assim ajudá-lo. Eu realmente não quero que ele vá embora. - Fala Yihwa. – Até com pés de galinha ele já está acostumando. – Rir. – Max veio a procura de sua identidade, veio para provar ao pai que está no caminho certo, talvez esteja procurando na direção errada.
Naquela noite a aula acabou rápid e Max foi jantar com Ton que o levou em um restaurante bem requintado, ao sentar a mesa.
- Se soubesse que iria vir a um lugar desse, eu teria ido em casa vestir outra roupa. – Fala envergonhado.
- Você fica bonito de qualquer jeito.
- E você precisa de uns óculos. – Rir. – Então? Fale sobre você...
- Eu sou Ton, sou de família rica, sou tailandês e faço faculdade e você?
- Qual curso?
- Ah, descubra. Será minha forma de garantir que eu te veja novamente.
- Quer me ver novamente?
- Por que eu não iria querer? Então Max, você é do Brasil, certo? Tem alguém te esperando lá?
- Sim. – Fala com rosto de malícia e depois sorri. – Meus pais e meus amigos.
- Eu me referi a um par romântico...
- Eu sei que se referiu a isso, eu percebo todas as indiretas só respondo de uma forma diferente, mas respondendo sua pergunta, eu não tenho um par romântico.
- Você é muito amigo daqueles bolsistas, né?
- Sim...Qual o problema? Até onde eu sei eu sou um deles.
- Mas ainda é de família rica igual a mim, porque não se junta a minha turma? Tanto como namorado tanto como amigo.
- Ton. – Se levanta da mesa. – Eu posso até ser de família rica, mas não sou e nunca serei igual a você, não fale mal dos meus amigos pois você não os conhece e mais uma coisa eu nunca ficarei com você. – Quando ia saindo Ton o puxa pelo braço.
- Você será meu, custe o que custar, doa a quem doer, mas você será meu.
- Vai sonhando. – Se solta e vai embora.
Quando ia saindo, estava tão apresado que não viu a moto vindo em sua direção, mas quem estava dirigindo freiou em cima da hora.
- Tá louco? – Fala o Motoqueiro.
- Mike?
- Max.
- Me tira daqui, me leva para onde você quiser, mas me tira daqui. – Sobe na moto e Mike o leva para casa, ao chegar em casa e entrar seus amigos o esperava.
- Max, a gente precisa conversar... – Fala Yihwa até reparar na face dele. – O que aconteceu?
- Só tem doido aqui, quando é para eu chamar atenção eu não chamo, quando eu chamo já vem pessoas loucas, mas que vida é essa?
- Do que está falando?
- De que minha vida é estranha e quando não é de menos é demais.
- Era sobre isso que queríamos conversar, a gente sabe que está com problemas, mas precisamos entender o porquê você está agindo assim. – Afirma Korn. – A gente quer te ajudar e te proteger, mas só iremos conseguir se nos contar sua história.
- Querem mesmo saber? Ótimo. – Senta no sofá. – Da terceira série ao primeiro ano do ensino médio que para vocês é a décima primeira série, eu sofri bullying, mas não é um normal não, era todos os tipos e formas que me consumia por dentro, por mais que eu seja comunicativo hoje, antes eu passava o dia calado, por muita gente já ter me feito mal, eu não confio  muito nas pessoas, acho que vão me enganar novamente, que vão mentir, mas o pior foi quando eu me apaixonei, ele dizia que me amava, que eu era tudo para ele, então fui para a cama com ele, ele filmou, postou na internet e espalhou para o mundo que foi a pior foda que ele já teve. – Respira. – Além de tudo isso, na escola, em casa meu pai queria, e ainda quer que eu assuma os negócios dele, que eu seja ele, que eu dê netos a ele. Minha mãe até tenta me ajudar, mas meu pai não quer conversa, me deixou fazer engenharia com uma condição, que eu me tornasse dono da empresa, terei apenas o diploma. Tenho dois amigos que gosto demais e agora estou aqui através de uma bolsa de intercambio. Eu já senti o amor, mas foi esmagado, engolido e cuspido na minha cara, eu já me senti bonito, mas foi usado contra mim. Eu sabia o que eu queria, mas não deixaram eu concretizar. Depois de um tempo eu esqueci essas coisas e sou isso que vocês estão vendo hoje.
- Max, eu sinto muito. – Afirma Yihwa.
- Não precisa sentir, não tem culpa, naquele dia no seu apartamento eu realmente me senti bem, eu me sinto bem com vocês, mas pelo o que estou vendo, estou causando muitos problemas e como não merecem entrar na minha narrativa dramática, amanhã mesmo retornarei ao Brasil.
- Não, você não pode. – Afirma Knock. – Não vai para o Brasil, sua bolsa ainda nem terminou e a gente gosta de você, ainda tem muita coisa para aprender aqui e agora que sabemos os seus motivos podemos te ajudar da forma correta, você não está mais sozinho e a gente não vai te trair.
- A gente já passou por coisa parecida e sobrevivemos, essa é sua nova história, sua nova vida e estamos aqui com você. – Afirma Cho. – Só tenta se comunicar mais, nos diz o que está acontecendo, confia mais em nós.
- Você é nosso agora e a gente não irá te largar, quem mexer com você irá mexer com a gente. – Conclui Yihwa e eles dão um grande abraço em grupo.
- Posso pedir uma coisa?
- O quê? – Pergunta Korn.
- Vamos comer que estou morrendo de fome.
Na segunda no refeitório do prédio de Medicina.
- Oi. – Fala Max chegando para falar com Mike.
- Oi.
- Queria te agradecer por me deixar em casa naquele dia, você não tinha obrigação.
- Você parecia nervoso, então quis ajudar.
- Mike, eu não sou a melhor pessoa, não entendo muitas coisas, mas meu coração, bate forte por você, minha cabeça só tem sua imagem, desde do dia que cheguei aqui você é como minha sombra...
- E?
- E se tem uma pessoa que pode me ensinar o amor é você, eu quero que você me ensine, pode me dar uma segunda chance?
- O que foi ganhar em troca? – Pergunta se levantando na mesa e olhando nos olhos dele.
- Isso! – O beija, um beijo rápido, mas que tinha, aliás, tem um significado enorme. – Então?
- Vou te ensinar o que é o amor e vou te fazer você se apaixonar por mim.
- Eu já estou apaixonado, se eu não tivesse não teria te beijado. – Rir.
Esse é o começo da narrativa, se eles vão sobreviver até o final, não conseguiremos saber, mas nesse momento algo forte, que nenhum homem poderia quebrar está se formando.

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