Capítulo 5 - Assinando

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Capítulo 5 - Assinando. 


- É de praxe, Jack. Você sabe que nunca assinei papéis sem ler antes do que se trata. É força do hábito! - Deu de ombros.  
- Mas você sabe muito bem do que se trata, Ana. É uma procuração para que eu assuma a empresa durante este mês de outubro, enquanto você fica em casa relaxando, simples. Não acredito! - Cobriu o rosto entre as mãos fingindo constatar algo - Depois de tantos anos juntos você ainda desconfia de mim? Pois bem, prefiro que não assine mais nada. - Puxou os papéis das mãos dela, se fazendo de ofendido.   
- Calma Jack! 
- É duro, viu?! Tento ser o melhor marido do mundo para você, te ajudo nos seus tratamentos psicológicos, sou carinhoso, faço de tudo naquela empresa para te poupar trabalho, mas não adianta! Você nunca vai confiar em mim de verdade. Então pra que termos filhos se nosso casamento não é realmente sólido e baseado em confiança e amor? É melhor deixarmos tudo como está mesmo. - Ficou de costas para ela. 
- Er... Me dê os papéis, Jack. 
- Melhor não. 
- Por favor... Vou assina-los sim e como prova de confiança prometo que não os lerei. Está bom assim para você? - Perguntou esboçando um sorriso. 
- Perfeito. - Jack abriu um enorme sorriso em troca, entregando os papéis para ela que em segundos, os assinou. - Obrigado pela prova de confiança, querida. Prometo que não irá se arrepender. - Garantiu pegando os papéis de volta - Ana, tem uma questão que gostaria de dividir com você. 
- Claro. O quê houve?
- Pensei em dar folga aos empregados nos próximos dias para termos mais privacidade para namorar, se é que me entende. - Mordeu os lábios, todo sedutor - O que acha? 
- E quem vai limpar a casa? Você sabe que não me saio nada bem nos serviços domésticos. 
- Semanalmente chamaremos a diarista, querida. E a comida até eu posso fazer, você sabe que amo cozinhar para você. É que quero que esta seja uma espécie segunda lua de mel para nós. Nós merecemos, não? - Ficou de joelhos em frente à ela - E aí? Concorda?
- Como quiser, querido. - Ana concordou acariciando o rosto dele - Agora vou tomar um banho, okay? 
- Vai lá. - Ela deu um selinho no marido, levantou-se e saiu. 
Imediatamente, Jack correu para o quartinho dos fundos, onde Leila estava se maquiando em frente ao espelho. 
- Lê, abra a porta logo. - Ordenou e rapidamente, a jovem abriu e ele entrou no quarto, trancando a porta com a chave em seguida. 
- O que houve gatinho?
- Ana assinou a procuração. - Entregou os papéis para ela que abriu um sorriso enorme no rosto - Falei sobre dar folga aos empregados e ela concordou também como a tonta que é. Leila, você precisa manter a porta do seu quarto trancada durante os próximos dias, okay?
- Quer dizer que você vai dar folga à todos, menos para mim?
- Sim, mas Ana não pode saber disso ou nosso plano irá por água abaixo. - Pôs as mãos sob o ombro dela, a olhando nos olhos - Você vai ficar trancada neste quarto e só sairá quando for a hora de seguir minhas instruções a risca, entendeu?
- Que tipo de instruções? Veja lá onde você vai me meter, gatinho. 
- As mais divertidas. Acender e apagar luzes, ligar o gravador com a voz da defunta para assustar minha querida esposinha, essas coisas. Vai ser divertido. 
- Espera... Como conseguiu a voz da tal Carla? - A loira questionou com os olhos arregalados.
- Minha chata esposa tem várias e várias fitas gravadas da mãe, do pai, brincando com ela, enfim, vivendo momentos felizes e cafonas - Revirou os olhos - As enviei para dubladores experientes e pronto! Pena que não consegui o holograma da Carla, mas o que temos já basta para enlouquecê-la. 
- Você é demais, hein?! Mas e se ela não enlouquecer? Aquela vaca é bipolar, depressiva, mas toma medicação correta para controlar a mente. Não vai pirar de uma hora para outra assim e precisamos fazer tudo muito rápido, antes que os outros desconfiem de nós. 
- Aí é que está. Para dar um empurrãozinho, trocarei toda a medicação dela por comprimidos idênticos, mas sem efeito nenhum, como se fossem balas. - Revelou com ar de riso. 
- Você realmente pensa em tudo! - Ela o puxou para si, lhe beijando ardentemente - É por isso que você é o amor da minha vida, Jack!
[...]
Após acertar os devidos detalhes com Leila, Jack foi direto para o quarto. Verificou se Anastasia ainda estava tomando banho e após confirmar, foi até a gaveta do criado-mudo onde a jovem guardava seus remédios e fez as devidas trocas de comprimidos. Com a caixa de remédios ainda em mãos, tomou um susto ao ouvir alguns passos. 
- Droga. - Guardou todos os comprimidos verdadeiros no bolso, suspirando por ter conseguido troca-los a tempo - Querida!
- O que está fazendo com meus remédios, Jack? - Ana perguntou curiosa, ainda enrolada em uma toalha. 
- É que achei que você ia toma-los agora e fui prepara-los para você. Sabe que não gosto quando esquece de toma-los no horário correto, querida. 
- Não esqueço mais não. Estou bem atenta a eles, mas o horário do meu remédio não é agora. Esqueceu por acaso?
- Sério? Ando tão avoado que me confundi! - Exclamou guardando as caixas na gaveta - Bem, vou falar com os empregados para dispensa-los. Até já querida! - E se retirou-se do local. 
Jack liberou todos os funcionários e em seguida, jogou os remédios verdadeiros da esposa no lixo. 
- Adeus! Agora é só aguardar a derrocada da minha esposa e o começo da minha eterna vitória. . - Murmurou sorrindo bisonhamente vendo os comprimidos descerem pelo ralo.
[...]
[...]
Dois dias depois...


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