Sr. Mandão [COMPLETO]

Capítulo 5

CATARINA

Andei nervosamente de um lado para o outro pelo quarto, que é muito bonito por sinal. Mas isso não vem ao caso.

— Primeiro descubro que vamos dormir no mesmo quarto. —praticamente rosno para ele. — E depois, descubro que terá uma festa de noivado para nós, eu disse que isso não daria certo, antes iríamos mentir mentir apenas para os seus pais, agora são para 200 pessoas!

Olhei para ele que permanecia sentado na cama, com a atenção toda no computador.

— RAUL!! —gritei, dessa vez ele me olhou com a testa franzida.

— O que foi, Melinda?! —levantou-se e caminhou até mim de maneira decidida, me fazendo recuar alguns passos para trás. — Já estou cheio das suas reclamações! Só por que você está fingindo ser minha noiva, acha que pode dizer o que bem quer?!

Engoli em seco, e tomei coragem para enfrentá-lo, eu não iria abaixar a cabeça, não dessa vez.

— Já chega! —bati o dedo indicador em seu peito com o rosto vermelho de raiva. — Entre 20 mil dólares e minha sanidade, eu escolho minha sanidade!

Me afastei dele, e fui até a minha mala que estava próximo da cama.

— Aonde vai?

Virei meu rosto para ele, o vendo com a porcaria da sobrancelha levantada.

— Para casa, essa mentira acaba aqui!

— Você não pode ir embora! —esbravejou.

— Claro que posso! —tentei passar por ele, no entanto, ele continou a impedir minha passagem. — Saia da minha frente por favor!

— Não, eu aumento minha oferta. —cruzei os braços. — 50 mil dólares.

Olhei com a boca aberta em sua direção, meus olhos se arregalaram em surpresa.

Ele estava me oferecendo todo esse dinheiro para que eu continue aqui? Jamais imaginei que eu fosse tão importante assim para ele.

— Está bem. —tentei falar calmamente tentando não demonstrar meu entusiasmo. — Eu fico, mas se você mentir pra mim, mais uma vez, dinheiro nenhum me fará ficar.

Com todo esse dinheiro, eu poderia investir em um negócio próprio, assim eu poderia pedir demissão da empresa e viver o resto da minha vida, sem me preocupar com alguém me tirando a paciência cada segundo.

Depois da nossa discussão ele saiu do quarto dizendo que iria para o escritório, só voltou agora pouco para tomar banho.

Estou totalmente concentrada no livro que trouxe, para me destrair.

— Desculpe, esqueci de pegar minha roupa. —ao ouvir essa voz, abaixei meu livro e abri minha boca em surpresa com o que vi.

Lá estava o Sr. Mandão, só de toalha com os cabelos molhados. Eu nunca havia visto um homem assim, jamais tinha tido uma visão tão erótica.

Uma gota de água escorreu pelo seu abdômen definido, engoli em seco com tal visão.

— Marlene?

Finalmente sai do meu transe e levantei minha cabeça, encontrando ele me olhando com uma pequena ruga de curiosidade na testa.

— Está tudo bem? —perguntou. — É que já faz um tempo que você está com a boca aberta.

Minhas bochechas queimaram em vergonha, o que me tranquilizou, foi que ele realmente parecia perdido.

Ou ele é muito lento ou finge muito bem.

— Hã... É que... Eu estava com um problema no maxilar! —respondi e massagiei um pouco a região. — Prontinho.

Sorri como quem não queria nada pra ele, ele não disse nada e foi até o banheiro com suas roupas.

Suspirei em alívio, meu Deus eu estava parecendo uma virgem desesperada.

Após alguns minutos ele saiu, devidamente vestido, elegantemente com o seu terno que vale todos os meus órgãos.

Esse homem sem dúvidas, consegue ficar ainda mais lindo que o normal.

Antes que eu começasse a babar novamente, me levantei e fui até o banheiro tomar um banho.

Tomei um bom e demorado banho, e quando saí, graças a Deus Raul já não estava mais no quarto.

Procurei na minha mala uma roupa para a ocasião, eu preciso de um vestido adequado para o "tal noivado".

Finalmente encontrei um lindo vestido branco, ele era longo e também tinha alguns pequenos enfeites de pedras azuis.

— É este!

Assim que me arrumei me olhei no espelho, e sorri com a visão que tive.

Eu estava bem diferente, não tinha me acostumado com o meu novo visual.

Suspirei mais uma vez, e olhei o relógio que estava na parede, já estava na hora do noivado.

Mal conclui meu pensamento e alguém bateu na porta.

— Posso entrar? —a voz do Sr. Mandão ecoou pela quarto.

— Pode.

Assim que ele entrou me olhou dos pés a cabeça, e em nenhum momento desfez a carranca que tinha no rosto.

— Vamos. —disse simplesmente e ofereceu o braço para que eu pegasse.

Eu ainda não estava acostumada com toda essa coisa, dele me tocar. Era estranho, eu nunca me imaginaria aqui, fazendo tudo isso.

Assim que saímos tive a visão da sala cheia de pessoas, que nunca vi em toda a minha vida.

Minha mão começou a suar, eu sabia que aquilo não iria dar certo.

Descemos as escadas com os olhares de todos sobre nós, o que me deixou desconfortável. Eu odiava ser o centro das atenções.

— Ah, querida você está linda! —Carol veio até mim e me abraçou. — Vamos, vou te apresentar a todos.

Sem esperar minha resposta, ela puxou a minha mão, e saiu me puxando.

Ela me levou até um pequeno grupo de pessoas.

— Pessoal, está é minha nora! —disse assim que chegamos, cheia de orgulho.

— Fala aí! —um homem com o dobro do meu tamanho sorriu para mim e me deu uma tapa no braço que me fez tombar para o lado.

Sorri sem graça e disfarçadamente passei a mão no meu braço.

Bruto.

— Querida, esse é Marcos, primo do Raul. —Carol apontou para o homem grosso. — E essa é Miranda minha filha.

Apontou para uma moça com mais ou menos a minha idade, de cabelos loiros.

— Ah, é um prazer conhecê-la. —disse ela e me abraçou. — Se você magoar meu irmão eu corto o seu nariz. —sussurrou a última parte antes de se afastar.

Arregalei meus olhos e por impulso levei a mão ao meu nariz, como se para protegê-lo.

Isso deve ser alguma sina, só pode.

Fui apresentada a mais algumas pessoas, mas todos olharam em direção a escada quando ouviram o som de microfone.

Ao olhar, havia uma mulher com mais ou menos 40 anos segurando um microfone.

— Quem é ela? —perguntei a Carol.

— É minha irmã, a Luísa.

Não pude perguntar mais nada, pois sua voz tomou conta de todo o local.

— Bom, hoje é um dos dias mais felizes da minha vida. —disse a tal da Luísa. — Hoje é o noivado do meu sobrinho querido, então convido aqui em cima, ele e sua noiva.

Arregalei meus olhos, eu sabia, sabia que isso não ia dar certo.