Capítulo 14

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CATARINA

Eu estava com a cabeça no peito de Raul, enquanto encarava o telhado. Já fazia algum tempo, que estávamos assim, em silêncio, curtindo o momento.

— Por que você nunca fala dos seus pais? —sua voz grave, preencheu todo o silêncio do quarto.

Suspirei fundo, e pousei minha mão em seu peito, sentindo seu coração bater em um ritmo constante.

— Eles morreram. Na verdade sou adotada. —contei. — Nunca conheci meus pais biológicos, quando meus pais me adotaram eles já não eram mais tão jovens, e morreram quando eu tinha 18 anos. —expliquei. — Tive que trabalhar para pagar minha faculdade e as contas de casa.

— Você passou por tudo isso, e porque continua assim?

— Assim como? —me ajeitei, colocando meu queixo em seu peito, para encará-lo.

Raul desviou sua atenção do telhado, e encontrou meus olhos.

— Alegre. Nunca ti vi reclamando de nada.

Sorri para ele, e depositei um pequeno beijo no seu queixo.

— Reclamar não ajuda em nada sabia? —voltei a deitar minha cabeça em seu peito. — Aprendi que se a vida te der uma rasteira, você simplesmente se levanta, e segue seu caminho.

— Onde eu estava com a cabeça para não perceber a mulher incrível que você é?

Gargalhei com sua pergunta.

— Tenho certeza que no pescoço é que não era. —ele começou a acariciar meus cabelos, e logo meus olhos ficaram pesados. — Boa noite, Raul.

— Boa noite, Catarina.

E ali adormeci, nos braços do Sr. Mandão, do meu Sr. Mandão.

Acordei com um grande barulho do lado baixo da casa, passei as mãos no lugar do Raul, e notei que ele não estava mais.

Me arrumei e desci para ver o que estava acontecendo.
Quando cheguei embaixo, todos estavam gargalhando ao redor da mesa.

— O que aconteceu? —perguntei curiosa ao me aproximar, todos me encararam e desataram a rir.

Será que ainda estou dormindo?

— Estávamos aqui dizendo que finalmente, Raul desencalhou! —explicou Marcos, dando a sua famosa tapa no braço do Raul.

Ele fuzilou o primo com o olhar. Quase ri da cena.

Me sentei entre Raul e Luísa.

— Cadê a Amanda? —perguntei curiosa.

Não que eu estivesse sentindo falta dela, apenas queria saber onde estava aquela maluca.

— Ela voltou para a casa da mãe, com raiva por ter sido ignorada, pelo Raul nos últimos dias. —Luísa explicou.

— Menos mal. —recebi um olhar cúmplice de Miranda.

Eu realmente não gostava dessa Amanda, ela tinha algo sombrio nos olhos, ao pensar nisso estremeci, e segurei a mão de Raul.

Ele me olhou e sorriu para mim.

Estava tudo tão perfeito, que tive medo de estragar.

O dia havia passado rapidamente, estava no final da tarde quando saí para passear pelo jardim, já que Raul estava no escritório da casa.

Estava distraida observando o por do sol, quando senti alguém atrás de mim, por impulso virei abruptamente, dando de cara com um homem que nunca vi.

— Quem é você? —perguntei com a testa franzida.

Ele sorriu para mim, um sorriso assustador, com medo dei alguns passos para trás.

— Como assim, não lembra de mim, amor?

Continuei recuando passos para trás, eu nunca o tinha visto em toda a minha vida.

— Eu não estou gostando dessa brincadeira. —falei com a voz trêmula. — Se der mais um passo eu grito!

Ele apenas soltou uma risada, e em um único gesto segurou em meus dois braços.

— Você é bem mais bonita do que imaginei.

Sem me dar tempo de dizer qualquer coisa, ele me beija a força, tento me soltar mas ele está prensando forte demais sua boca na minha, chegando a me machucar.

Para me livrar mordi sua boca com força, só assim ele se afastou de mim.

— Catarina? —olhei a minha frente vendo o olhar de decepção de Raul para mim.

— Raul, não é nada disso que você está pensando! —me apressei em falar, mas seu olhar de ódio me fez me calar.

— Não precisa explicar, mas nada! —esbravejou. — Eu vi você beijando esse cara!

O homem segurou em meu braço, tentei empurrá-lo, mas ele era muito mais forte do que eu. Eu não estava entendendo, porque ele estava fazendo aquilo comigo.

— Prazer, sou o namorado dela. —o homem disse com um enorme sorriso.

— É mentira! —olhei com os olhos repletos de lágrimas para Raul. — Raul, você precisa acreditar em mim, eu não conheço esse homem!

O homem gargalhou ao meu lado.

— Não me conhece? Não foi o que você disse quando combinámos de dar um golpe nesse aí.

Raul sorriu sem humor para mim, e me olhou amargamente.

— Você não presta! É a mais desprezível das mulheres, eu me arrependo amargamente de ter de conhecido! —cuspiu essas palavras com tanto ódio, que mais lágrimas desceram dos meus olhos. — Suma daqui! Se é dinheiro que você quer, te darei os 50 mil que te prometi! Mas não quero nunca mais te ver.

Ele foi embora sem ao menos me deixar explicar.

— RAUL, RAUL!! —gritei por ele, mas ele não parou, simplesmente foi embora, só queria que voltasse, voltasse para mim, mas ele entrou na casa, sem ao menos olhar para trás.

Com os olhos cheios de lágrimas, virei meu rosto para aquele homem, que continha uma postura descontraída.

Comecei a bater em seu peito, como se parar descontar toda raiva e dor que eu estava sentindo.

— Por que você fez isso comigo?! —olhei para ele com a visão embaçada devido as lágrimas.

Ele sorriu e segurou minhas mãos com força para que eu parasse de batê-lo.

— A vida é injusta, gata. —sorriu, e me empurrou com força suficiente para que eu caísse no chão. — Precisar de consolo, me chama.

Piscou para mim, em seguida foi embora como se nada tivesse acontecido.

O que mais me doía em tudo isso, era o fato do Raul não ter me dado nem a chance de me explicar.

Logo eu, eu que jamais o trairia de nenhuma forma, eu que apesar de tudo nunca desisti dele, sempre estive ao seu lado em qualquer momento.

Eu merecia ao menos uma única chance de me explicar, mas também o que eu iria dizer?

Que um homem surgiu do nada para me beijar?

Só uma coisa martelava na minha cabeça, porque isso aconteceu comigo? Porque?!

Sr. Mandão [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora