Capítulo 10

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CATARINA

Hoje faz 8 dias que resolvi fingir ser a noiva do meu chefe mandão, finalmente só faltava 6 dias para toda essa farsa acabar.

Eu não estava me sentindo bem mentindo, para todas essas pessoas, tudo isso já estava me sufocando.

Ao menos as coisas melhoram nos últimos dias, minha relação com o Raul havia melhorado bastante, estamos nos dando super bem.

Eu até entendo, ele está se sentindo no controle de novo após eu firmar um acordo, permitindo que ele volte a mandar em mim novamente.
 
Pelo menos meu sacrifício está valendo apena, já que ele está cumprindo com a sua parte no trato, e sempre que Amanda tenta se aproximar, ele a ignora por completo.

Ver sua cara de ódio, não poderia me dar mais prazer.

Estou terminando de me arrumar, hoje todos nós iremos a igreja. Descobri que a família, Seixas, são bastante religiosos.

— Vamos nos atrasar! —Raul reclama pela milésima vez, batendo no seu relógio, demostrando sua impaciência.

Revirei os olhos, e terminei de arrumar meus cabelos, e olhei para ele com um pequeno sorriso.

— Até que fim! —bufou levantando da cama, e entrelaçou seu braço ao meu.

A parte chata do nosso acordo, é exatamente essas, aguentar as reclamações dele, calada.

Descemos encontrando todos a nossa espera, seguimos até os carros e fomos até a igreja.

Acho que Amanda tomou vergonha na cara, pois na igreja nem sequer falou com Raul, assim espero.

Após terminar a missa estávamos todos conversando do lado de fora, quando ouvi uma voz atrás de mim.

— Veja se não é Raul Seixas. —virei ficando de frente para ela, eu sentia como se à conheçesse de algum lugar.

Mas de onde?

— Você não é bem vinda, Irene! —Carol apareceu ao meu lado junto de Edgar.

Olhei estupefata para aquela mulher, então essa é a mulher que abandonou Raul no altar?

— Vejo que está cheio de cães de guarda, em Raul? —desdenhou olhando para todos com uma careta.

Como ele pôde ter se apaixonado por alguém assim?

Olhei para ele que permaneceu calado, sua feição era como... Como se estivesse com medo.

Ele estava com medo dela?

Me aproximei dele e segurei sua mão que estava um pouco gelada, ele olhou surpreso para mim, apenas sorri.

Irene olhou para nós, e soltou uma pequena risada zombeiteira.

— Então essa é sua namoradinha? —olhou para mim de baixo acima, fazendo uma careta. — Você já teve gosto melhores.

— Na verdade é NOIVA, queridinha. —levantei minha mão, mostrando minha aliança. — Como é mesmo seu nome? Irina? —levei ao mão ao queixo como se tentasse lembrar.

— Mas é uma ignorante mesmo. —riu em deboche. — Nem ao menos um nome sabe decorar!

— Sabe o que é, Irina? Só costumo decorar coisas que me importam, e você não é uma delas. —ela fechou a cara no mesmo instante, enquanto a família de Raul prendia a risada.

— Sua... Sua...

— Já sei porque você está irritada. —alfinetei. — É porque você não aceita que perdeu este homem aqui. —apontei para Raul, que tinha toda sua atenção em mim.

— Faça-me o favor, menina. —riu nervosamente. — É claro que ele ainda sente algo por mim!

— É mesmo? —perguntei com um sorriso debochado. — Não é o que os lábios dele dizem.

E supreendendo não só a todos, mas também a mim mesma, puxei Raul para um beijo.

No início ele não moveu os lábios, mas isso mudou assim que minha língua pediu permissão para entrar na sua boca.

Nosso línguas dançavam em uma velocidade surpreendente, como se tentassem acompanhar alguma música animada.

Passei os braços ao redor do seu pescoço, assim que senti suas mãos apertarem de leve a minha cintura.

Seus lábios eram tão deliciosos, que senti vontade de devorá-los, só encerramos o beijo quando estávamos totalmente sem ar.

Raul me olhava surpreso e ao mesmo tempo satisfeito, envergonhada, desviei meus olhos dos seus.

Notei que Irene já não estava mais aqui, ao menos isso.

— Ai, querida, você foi perfeita! —Carol veio até mim me abraçando. — Ela saiu daqui cuspindo fogo!

Eu apenas ouvia tudo no piloto automático, tudo o que minha mente processava naquele momento, era que eu havia beijado o Sr. Mandão.

E o pior de tudo era que eu tinha gostado, isso não é nada bom.

Após todos me elogiarem pela minha "bravura", estávamos voltando para casa.

Raul dirigia totalmente concentrado na estrada, desde o nosso beijo ele não disse nenhuma palavra, e muito menos olhou para mim.

Aquela tortura silenciosa estava me matando, eu preferia que ele estivesse gritando comigo ou mandando em mim, ao invés de ficar calado.

— Ok, já chega! —falei e me afundei no banco do carro. — Pode brigar comigo.

Não tive coragem de olhá-lo, apenas permaneci com a minha atenção na frente, mas pude sentir seu olhar sobre mim.

Após alguns minutos, que mais pareciam horas, sua voz preencheu o carro.

— Eu não quero brigar com você.

— Não? —virei minha cabeça em sua direção.

— Não. —repetiu. — Por quê eu iria querer isso?

— Por que... E-eu te beijei. —murmurei, e minhas bochechas coraram no mesmo instante. — Você deveria estar bravo.

— Mas eu não estou.

— Não?! —quase gritei assustada com suas palavras.

Ele realmente não está bravo comigo?

— Não. Pelo contrário, estou agradecido.

— VOCÊ O QUÊ?!! —gritei estupefa.

Com certeza, ele não estava bem.

Primeiro ele não está bravo comigo, e depois ele se sente agradecido?

Ele olhou para mim com testa franzida e voltou sua atenção para a estrada.

— Afinal qual a visão que você tem sobre mim? Do jeito que você fala, parece até que sou um bicho de sete cabeças.

— E não é? —arregalei os olhos quando as palavras saíram da minha boca.

— Não, não sou. —asseverou com atenção à frente. — Quero te levar a um lugar.

— Não é um cemitério, certo? —perguntei receosa, recebendo uma careta da parte dele.

— Quer parar de pensar o pior de mim! —irritou-se.

Qual é, ele não pode me culpar, durante todo o tempo que convivi com ele, ele era o homem mais intimidante que eu já conheci em toda a minha vida, e agora ele está cheio de boas maneiras?

Isso não é reconfortante, está mais para assustador, o que será que houve com ele?

Sr. Mandão [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora