Capítulo 3

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~ Ewan ~

No final daquela semana, em que foi decidido o arranjo de meu casamento com o ômega chamado Noah, partimos rumo à sua terra natal. Partimos de Altair, em direção a Delphin, localizado ao Norte do nosso reino.
Nunca estive em Delphin, mas dizem que é um lugar totalmente pacífico e também bastante frio. Fico preocupado com o clima de lá, já que minha mãe não costuma sair de seus aposentos. É muito fácil de ter algum problema com a saúde dela.

- Mãe, se agasalhe mais. Está começando a ficar mais frio.

Ela sorri.

- Eu estou bem, querido. Não se preocupe. Já estou bastante feliz de Vossa Majestade ter permitido que você viajasse ao meu lado. São momentos tão raros.

Minha mãe é a única fonte de segurança que tenho no meio desse caos. Sempre me preocupou o isolamento dela e sua tristeza constante.

- Já estamos próximos das terras do Duque de Lyra. Logo a senhora poderá descansar dessa longa viagem.
Seguro a mão dela.

- Ewan, como você está se sentindo com tudo isso? - Ela me pergunta.

Dou um sorriso fraco. E ela aperta minha mão.

- O que posso fazer, mãe? Já aprendi que não posso ir contra as ordens de Crowley. E a senhora sabe que aprendi isso da pior maneira.

Três anos atrás, me apaixonei perdidamente por um ômega recessivo que fazia parte da ala de criados da Rainha. Minha mãe descobriu e me apoiou, mas deixou o alerta do que poderia acontecer, caso Crowley descobrisse.
Elliot se tornou meu tudo no meio de tanta tristeza que tinha em meu coração. Seus cabelos ruivos, olhos cor de mel, que me perdia neles e o sorriso que aquecia minha alma. Se eu fechar meus olhos, parece que ainda posso escutar sua voz chamando meu nome.

- Ewan, te amo tanto. Nós arranjaremos um jeito de fugirmos. Darei a você, a família que você sempre sonhou. Longe de tudo isso. Seremos felizes. Eu prometo!

Por muito tempo, me iludi em suas palavras. Eu queria aquele futuro com Elliot.
Nossos dias eram muito felizes.
Conseguimos esconder nosso relacionamento por 1 ano, até que Crowley descobriu. Foi um escândalo.

- Você realmente acreditou que poderia esconder essa afronta?! - Crowley esbravejava furioso. Afinal, que moral teria um Rei perante seu povo, se o próprio filho quebrava as regras debaixo do teto dele?
Recebi um tapa no rosto, que ardeu e inchou meu rosto na hora.

- Guardas! Tragam-no!

Quando olhei na direção da porta, os guardas traziam uma pessoa machucada, o rosto inchado e com sangue já seco. Era Elliot.
Fiquei pálido e olhei em direção ao meu pai. Comecei a gritar e implorar.

- POR FAVOR! TENHA MISERICÓRDIA! FAREI QUALQUER COISA QUE VOSSA MAJESTADE ME ORDENAR, MAS SÓ O DEIXE LIVRE!

Guardas me seguraram, impedindo que chegasse à Elliot.

- ELLIOT! - Eu gritava.

Seus olhos, que sempre eram calorosos, estavam vazios. O que tinham feito com ele? Ele me olhou, e começou a chorar.

- Ewan... – murmurava com a voz fraca.

- O QUE VOCÊS FIZERAM COM ELE? ELLIOT! OLHE PARA MIM!

Ele desviou o olhar, e chorava sem controle.

- Ewan, você foi muito insolente em acreditar que poderia passar despercebido. Acho que terá de aprender a nunca mais me desobedecer. Sempre que você pensar em ir contra mim, lembre-se desse dia.

Crowley deu um sorriso cheio de maldade.

- Afinal, você sempre carregará na sua consciência o que aconteceu com o pobre ômega. A noite dele deve ter sido interessante... – Ele me olhou, e gargalhou.

Perdi toda a força do meu corpo, e olhei em direção a Elliot mais uma vez.

- Elliot... me perdoa... – comecei a chorar. Ele me olhou, e estendeu sua mão em minha direção. Também estendi a minha, tentando alcançá-lo.

- Ewan...

Crowley deu a ordem final.

- Eu sempre vou te amar.... – Ele sussurrou, e sorriu.

- NÃO! ELLIOT!! NÃAAAAAO!

Elliot foi morto diante de meus olhos, e não pude fazer nada para impedir.
Naquele dia, me senti fraco e percebi que não adiantava fugir do meu destino. Como Crowley disse, carrego o peso da morte de Elliot e é uma ferida aberta, que parece nunca cicatrizar.

- Ewan... – minha mãe me chama, me trazendo de volta dos meus pensamentos.

- Mãe, nunca serei capaz de amar outra pessoa, como amei Elliot. Não posso permitir que outra pessoa sofra por meus atos. Eu só posso aceitar o que o destino me reserva, mesmo que seja um destino cheio de amarguras e espinhos. Se isso for manter as pessoas em segurança, assim será.

Elena me dá um abraço carinhoso.

- Queria poder fazer mais por você, meu filho. Me perdoe.

- Está tudo bem, mãe. Só de você estar ao meu lado, já me traz um pouco de paz e felicidade. - Dou um beijo em sua mão. - Não há o que perdoar.

Ela sorri.

- Espero que seu futuro noivo possa ser uma nova luz em sua vida.

Sorrio.
Eu não tenho esperanças. A única que tive, se foi com Elliot.

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