A Sereia e o Falcão do Mar (parte 1/2)

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Aviso de conteúdo: misoginia, LGBTQfobia, principalmente bifobia/panfobia em várias formas, assédioTanto o Sea Hawk quanto a Mermista nasceram em 1993, portanto no começo da fic (2008) eles têm 15 anos.btw: eu sei muito bem que a Mermista é multicoded - ou seja, faz parte de alguma sexualidade multi, como pan, bi, poli, etc. Eu nunca mudaria isso do cannon. Leiam essa fic sem preocupações qto a algumas coisas que são ditas sobre ela, tudo vai se esclarecer no fim.

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 Novembro de 2008

Port Salineas/Federal District, República de Etéria

Cinco garotos em camisas de treino azuis do Salineas Sharks se encontram sentados na arquibancada diante do campo vazio do Centro de Treinamento dos Salineas Sharks.
- Vocês tinham que me ver na época do sub-15 – gaba-se Sea Hawk – eu estava tão bem que veio até um empresário do Real Madrid me oferecer um contrato! Mas o treinador disse que eu era essencial para a equipe, então...
- Hawk, a gente estava lá. Você era reserva – Frederik, o rapaz alto e ruivo o interrompe, fazendo os outros rirem.
- Não é bem assim – replica o rapaz – o treinador preferia me poupar em jogos de pouca importância.
- Como a final da Liga A? – devolve Jilian, o baixinho e robusto, mais uma vez arrancando risadas dos outros. Sea Hawk não se abate, no entanto. Estufando o peito, ele afirma:
- E quem foi que nos colocou naquela final, com dois gols?!
- Aquilo foi sorte – replica Hugo, um ponta franzino de pele clara feito uma geladeira.
- Nah, aquela partida foi boa mesmo – Jilian concorda – mas você ainda era reserva, Hawk.
- Se você quis dizer, "atleta valioso demais para ser desperdiçado em partidas comuns", eu aceito!
- Ei, galera, olha lá! – Marlon, o goleiro grandalhão de pele negra e cabeça raspada, aponta.

Um grupo de umas vinte meninas com as mesmas camisas de treino que os rapazes começa a entrar em campo, acompanhada por uma mulher de uns 50 anos que carrega alguns cones e uma prancheta, enquanto uma das garotas empurra um carrinho cheio de bolas.
- São as meninas do feminino sub-17? Há, essa vai ser boa – debocha Frederik.
- Ué, cara. Por quê?
- Quem foi que deixou a porta da cozinha aberta?! – Marlon grita na direção da garota, e quatro dos rapazes riem.
- Meu deus, cara – Jilian, o único que não havia rido, enrijece os músculos como quem se controla para não socar a cara do amigo – é sério isso?
- Ué véi, você realmente acha que essa turma da calcinha iria conseguir ter qualquer chance contra um time de verdade? Quero dizer, masculino? – debocha Hugo.
- Cê tem problema, né? – Jilian retruca, sem acreditar – qual é Hawk. Até você vai entrar nessa?
- Foi engraçado – ele se defende. Grunhindo, Jilian sai batendo o pé.
- O que deu nele? – pergunta Hugo, e Frederik dá de ombros.

Sea Hawk nunca havia assistido a um treino da equipe feminina. Os quatro se apoiam na cerca que separa a arquibancada do campo, fazendo piadinhas e debochando das garotas enquanto elas fazem sua corrida de aquecimento, se alongam, começam um treino de velocidade, outro de jogadas ofensivas de três contra três.
- Alá, errou! Óbvio que ia errar, é muié! – os outros riem.
- Se liga na próxima, aposto 10 conto que vai ser ainda pior! – desafia Hugo, e Hawk aperta a mão dele.
- Feito! – os dois sacodem as mãos, se divertindo.

Quando a treinadora joga a bola para as suas atletas, ela é dominada por uma garota de pele escura e moicano azul-escuro. Suas duas companheiras de ataque vestem coletes brancos como os dela, enquanto a goleira e as duas defensoras usam coletes azul-marinho. A garota do moicano avança para cima da primeira defensora, uma garota alta e de longos cabelos loiros, que vai recuando rapidamente com as duas mãos nas costas, joelhos flexionados. A do moicano dá uma arrancada, pedala pra cima da loira e finta no último segundo, deixando ela para trás e atraindo a marcação da outra defensora, essa ainda mais alta que a loira. Ela tenta chegar dando uma ombrada na de moicano, que toca a bola no último segundo para sua companheira completamente livre na entrada da área. A garota domina e chuta de esquerda, colocada, fazendo a bola entrar no canto oposto do gol.

Shorts - Gringa GrudentaOnde histórias criam vida. Descubra agora