Eterna (parte 1/?)

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pela primeira vez, tô começando a postar uma short sem ter terminado, portanto ainda não sei quantas partes vão ser. Sinceramente, essa short tá me inspirando o suficiente pra eu considerar uma história mais longa, mas por falta de tempo, não vou fazer isso agora. 

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Agosto de 1996

Shadow Weaver cruza a bola na área e Lily, a centroavante camisa 9, chega por trás para cabecear. Ela acerta uma testada certeira na bola, mas mais uma vez, a goleira chinesa faz uma defesa espetacular. Weaver grunhe, chuta a grama e lamenta, mas se dirige à bandeirinha para a cobrança do escanteio.

31 minutos do segundo tempo, e o placar continua em 1 a 1.

– Weaver tá com tudo – comenta Mara, empolgada, do banco de reservas. A garota ao seu lado, a zagueira reserva Amica, assente em concordância, praticamente sem lhe dar atenção, os olhos completamente fixos na partida e os nós dos dedos brancos de tanto apertar a beirada do banco.

É a final dos Jogos Olímpicos de 1996, a primeira vez na história em que o futebol feminino é parte dos jogos. Mara, a estrela e capitã da seleção eteriana, não pode jogar: grávida de 4 meses, passara a faixa de capitã para a sua colega de equipe na Royal Grayskull, a volante Angella Moon, e seguira com a equipe como uma convidada de honra da delegação – a capitã e modelo fora dos gramados.

Shadow Weaver, por outro lado, tomara para si a missão de jogar tudo o que Mara não jogaria e comandar o ataque da equipe. Desde o primeiro jogo, tem aquela chama furiosa no olhar: ainda mais veloz, ágil e resiliente que o normal, tenta muito mais chutes a gol, chega em mais divididas e com mais força, e tenta tantos passes arriscados e inesperados que, apesar da sua porcentagem de passes certos ter despencado, também serviram para pegar muitas defensoras de surpresa e criar muitos lances perigosos – muitos dos quais resultaram em gols.

A torcida eteriana, em maioria naquele estádio em Atlanta, canta e empurra suas guerreiras. Ninguém conseguiu engolir ainda o vice-campeonato na Copa do Mundo do ano anterior...

Mara se levanta e vai até o limite da área técnica.

– VAI, WEAVER! SEGUNDA TRAVE! – grita, com toda a potência dos seus pulmões, por cima do treinador da equipe. Sem que a estrela perceba, ele encara de forma indecifrável as costas da sua estrela. A camisa 7, no entanto, troca um rápido olhar significativo com a sua veterana e, sem prover uma resposta, torna a olhar para a área.

As atletas mais altas do time são as duas volantes, Light Hope e Angella Moon, e as duas zagueiras, Wiana e Eza. Elas se posicionam de maneira a formar um meio-círculo pela área, com Angella Moon na ponta da pequena área próximo à segunda trave, Light Hope um tanto mais atrás, na grande área, uma das zagueiras perto da marca do pênalti e a outra na metade da grande área, mais próxima à primeira trave. A vantagem de estatura das eterianas em relação às chinesas é óbvia, e elas dominaram a partida toda, porém a garra extrema das orientais não é para ser ignorada: foi dessa forma que conseguiram o gol que, por enquanto, está levando a disputa à prorrogação.

A mystacor respira fundo, se concentra na movimentação das quatro especialistas em jogo aéreo da equipe. Parte para a bola e bate curva, alta, forte. A bola se afasta da linha de fundo e volta, fazendo um efeito exagerado que só alguém como Weaver teria sido capaz de colocar. Wiana e Eza trocam ombradas com as suas marcadoras, correm de costas para se reposicionar, Angella Moon dá dois passos para o lado para se afastar do gol, mas a bola continua fazendo a sua curva extrema e fechando em cima da goleira...

Light Hope avança feito um raio, se impulsiona feito uma campeã de salto em distância, projetando-se com força para frente e encontrando-se com a bola no meio da sua trajetória em arco. Dá uma cabeçada forte, no contrapé da goleira que esperava um arremate reto contra o seu canto esquerdo, e a bola entra no ângulo do outro lado do gol.

Shorts - Gringa GrudentaOnde histórias criam vida. Descubra agora