S/N:
Um mar de pessoas inundou minha visão assim que desci do carro policial. A parte menos visitada do parque mais conhecido da cidade estava lotada. Nada como uma dose de terror para atrair a atenção das pessoas.
As luzes da perícia iluminavam não só a cena do crime como quase toda a parte florestal do parque. Meus colegas de trabalho lutavam contra as pessoas enxeridas que davam tudo para ver uma pequena parcela do cenário. Eu avancei até as fitas amarelas que cercavam a cena do crime e mostrei meu distintivo ao policial responsável por afastar os indesejados. Passei por cima da fina linha de plástico e avancei até meu colega e amigo.
- O que temos aqui? - questionei o homem musculoso de cabelos pretos.
- Acabei de chegar, então não vi muita coisa. - Changbin respondeu. - Mas já vi o suficiente para assombrar meus sonhos por vários dias.
Eu e Changbin trabalhávamos juntos desde que me tornei detetive e entrei para a delegacia da minha cidade. Nós já tínhamos visto vítimas de assassinato e homicídios suficientes para eu saber que, quando ele disse que a cena o assombraria por dias, era porque não era nem um pouco bonito de se ver. Estremeci, mas logo me livrei do calafrio que percorreu meu corpo. Aquele era o meu trabalho e, querendo ou não, eu amava o que fazia.
Segurei meu colega pela mão e o arrastei até o policial que estava agachado no chão, examinando algo com os olhos. O senhor rechonchudo de cabelo grisalho se levantou ao perceber nossa aproximação, dando uma visão completa do corpo da vítima.
O vestido branco de tecido leve estava com algumas manchas amarronzadas, muito provavelmente causadas pelo atrito com o barro do chão quando os peritos mexeram no corpo. Uma corda não muito grossa desenhava uma linha em torno de seu pescoço e subia até alguns centímetros acima de sua cabeça. O rosto da jovem que algum dia se enquadrou nos padrões de beleza agora parecia saído de um filme de terror. A pele delicada tinham uma tonalidade azulada, os olhos saltavam um pouco das órbitas, seus lábios estavam levemente entreabertos. Seu corpo parecia esquelético.
Eu me aproximei mais do corpo inerte da garota. Seus longos fios pretos estavam espalhados pelo chão, com alguns caídos no rosto sem vida.
- Quem encontrou o corpo? - perguntou Changbin ao policial mais velho, voltando minha atenção à conversa.
- Dois estudantes de faculdade. Já tentei conversar com eles, mas ambos parecem perturbados. Não julgo, vendo a cena que eles viram. - o grisalho falou, lançando um olhar para a garota. - Vocês podem tentar falar com eles, se quiserem. Talvez tenham mais sorte que eu. Eles estão sentados naquela viatura.
O homem apontou seu dedo curto na direção do carro onde os jovens estavam. Sim, nós tínhamos entrado no local com as viaturas, o que não foi uma tarefa difícil, já que o parque tinha estradas para a passagem de veículos. Digo parque, mas o local estava mais para uma área verde.
Eu e meu colega nos entreolhamos e decidimos, silenciosamente, seguir até lá. Se alguém podia dizer com exatidão como encontraram o corpo, eram aqueles dois.
- Com licença. - pedi, batendo de leve no vidro da porta já aberta. - Sou (S/N). E esse é meu colega Changbin. Fazemos parte do grupo de policiais designados para lidar com o ocorrido. - expliquei. - Se importariam se fizéssemos algumas perguntas? Se não for muito incômodo no momento, claro.
Ambos já pareciam incomodados apenas pela nossa presença ali, mas assentiram com um gesto de cabeça.
- Poderiam começar nos dizendo vossos nomes? - questionou meu amigo, tirando sua cadernetinha do bolso. Aconteça o que for, Changbin nunca vai largar aquele bloco de papel.
- Meu nome é Lee Yongbok e esse é meu amigo, Hwang Hyunjin. Nós somos estudantes na Universidade de Artes da Coreia, aqui na cidade mesmo. Temos 20 anos.
- Isso é realmente necessário? - murmurou o garoto de cabelos loiros, que recebeu uma cotovelada leve de Lee.
- Podem nos dizer como encontraram o corpo? - questionei, ignorando a o murmúrio de Hyunjin.
- Ele caiu perto da gente.
- Como assim? - perguntou meu colega, levantando o olhar do bloco de papel.
- Nós dois estávamos andando por aqui e ouvimos o barulho de algo caindo no chão. A gente seguiu até o local de onda acreditávamos que tinha vindo o barulho e encontramos aquilo. - Yongbok conclui, sem conseguir se referir ao corpo da garota como algo definido.
Meu colega perguntou mais alguma coisa aos garotos, mas não prestei atenção. Meu foco foi tirado da conversa quando um perito passou com o corpo da garota ao nosso lado. Ele estava afivelado a uma maca sem rodinhas; parecia mais uma prancha com fitas de segurança. A garota estava da mesma forma como estava no chão: seus lábios entreabertos e os olhos vidrados, apenas seu corpo foi colocado em uma posição mais humana.
Mas, o que mais me chamava atenção nela era, sem dúvida, seu olhar. Seus olhos pareciam tão sem brilho, mas ao mesmo tempo turbulentos. Tinha alguma coisa a ser contada, mas já era tarde demais. Não sei, mas desconfio de que aquela corda não foi colocada voluntariamente em seu pescoço.
- (S/N)? - Changbin me chamou, me tirando da nuvem de pensamentos em que tinha me enfiado. - Vem. Nós temos que ir para a delegacia. Temos uma longa noite pela frente.
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Right Beside You ➫ a Stray Kids fanfic
FanfictionVocê já sentiu como se não tivesse ninguém em quem confiar? Uma garota é encontrada morta entre as raízes das árvores de uma floresta. Mas não é a única. O novo caso que tem em mãos se assemelha muito a um de poucos dias atrás: ambas garotas, encont...