Capítulo 5

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Narrador POV

Dessa vez ele tinha se precipitado. Por que fazer algo tão arriscado em plena luz do dia? Era, sim, em um lugar mais afastado, mas o que impedia a sorte de trabalhar contra ele?

Só faltava um último nó para que seu trabalho estivesse concluído. Seus dedos eram ágeis no material áspero; em poucos segundos, o laço estava feito. Ele colocou seus pés no chão a tempo de ouvir o movimento das folhas a uma distância de poucos metros, seguido da voz falha e rouca de alguém que passava ali.

- Vá com calma, Fred! Desse jeito eu não consigo acompanhar. - disse a voz, que recebeu latidos em resposta.

A adrenalina que percorria suas veias era extremamente satisfatória, mas ele não queria ser pego. De forma rápida, pegou o pequeno banquinho de madeira e adentrou na parte mais densa do pequeno bosque, se misturando às silhuetas das árvores.

(S/N) POV

A nossa viatura chegou rapidamente no local. O lugar era algo parecido com um bosque; algumas árvores e arbustos aqui e ali. Changbin, que dirigia o carro, estacionou no meio fio da estrada pouco movimentada e nós três saímos. Ali não era o melhor local para se parar o carro, mas não via outra opção de onde deixá-lo.

Eu fui na frente, seguida por Changbin e Jisung. O som das sirenes da ambulância que havíamos chamado se misturava com o barulho das folhas secas sendo esmagadas. Conforme avançava na direção do que acreditava ser o centro do bosque, uma voz grossa era captada por meus ouvidos.

- A ajuda já vai chegar. - dizia um homem grisalho, de estatura mediana e cabelo curto. Ele estava sentado no chão amarronzado e mantinha seu braço ao redor dos ombros de uma garota. O senhor parecia calmo apesar do que tinha presenciado.

A garota, por outro lado, parecia perdida e com medo. Seus olhos fixavam um ponto no chão e de longe dava para perceber que ela tremia. Seu longo cabelo ruivo formava uma cortina ao redor de sua cabeça, impedindo-me de analisar qualquer detalhe de seu rosto.

- Vão dar uma olhada nos arredores. Talvez vocês encontrem algo que valha a pena descobrir. - sussurrei para Han e Changbin quando ambos pararam ao meu lado. - Eu vou tentar falar com a garota.

- Certo. - concordou Seo. - Mas vai com calma. Você tende a ficar muito... animada quando está invocada com um caso. - ele me aconselhou, dando leves batidinhas no meu ombro.

Vi o garoto se virar e seguir andando para a parte oeste do bosque antes que eu pudesse contestar. De fato, não havia muito o que eu pudesse dizer contra aquela acusação; eu realmente tendia a ficar mais intrusiva e ansiosa quando focava em um caso.

Andei na direção do senhor e da garota. Pelo canto do olho, pude ver Jisung se afastando na direção oposta a de Changbin para ver se não encontrava nada suspeito. Com a minha aproximação, a cabeça grisalha do homem se levantou na minha direção e olhou nos meus olhos antes de lançar um breve olhar pelo meu uniforme, certamente para garantir que eu era uma pessoa confiável.

- Eu lhe disse que a ajuda estava chegando. - ele sussurrou para a garota, que não moveu um músculo.

- Olá, sou (S/N), detetive da Agência Nacional de Polícia. - me apresentei.

Talvez fosse a diferença de tom ou o estranhamento, mas a garota levantou a cabeça assim que ouviu minha voz. Seus olhos estavam completamente abertos, arregalados, e sua respiração estava um pouco acelerada. Ela parecia ter acabado de acordar de um sonho e voltado a realidade. Seu olhar estava perdido, sem focar em nada, e ela não disse uma palavra. Parecia estar com medo.

- Detetive? - chamou uma voz, seguida de passos. Eu me virei para olhar os dois paramédicos atrás de mim. - Podemos levar a garota? Ela precisa ser examinada, afinal esteve presa a uma corda por algum tempo.

- Sim, claro. - respondi. - Obrigada por virem.

- Esse é o nosso trabalho. - falou o outro, um jovem alto de cabelo claro e curto.

- Pode me dizer como encontrou essa garota, senhor? - solicitei, assim que os dois médicos acompanharam a menina até a ambulância.

- Eu venho aqui de vez em quando passear com o meu cachorro. - ele disse, apontando para o animal de grande porte sentado a uma certa distância. Foi só nesse momento que me toquei de sua presença. - Sei que é um lugar afastada e pouco visitado e é estranho alguém vir aqui para passear com o cachorro, mas gosto do silêncio daqui. Então eu estava apenas em mais umas das minhas caminhadas, quando tropecei com o corpo da garota pendurado. Ela tentava levantar os braços, talvez para tirar a corda de seu pescoço ou apenas testar sua capacidade, mas estava sem força. Eu corri para tirá-la dali e liguei para a polícia logo em seguida. Eu sei que sou velho, mas ainda tenho força. - finalizou o senhor, abrindo um sorriso simpático.

- Acredito que sim. - disse, sorrindo de volta.

Changbin POV

Era escuro e abafado. Todas as janelas estavam fechadas e nenhum fio de luz adentrava o lugar. Fui obrigado a tirar meu celular do bolso e ligar a lanterna para não tropeçar em nada.

A madeira rangeu ao sentir meu peso sobre ela. Balancei minha lanterna, iluminando todos os cantos da pequena casa. Ela era quase dispensável, na verdade, visto que não havia absolutamente nada lá dentro. Nenhum móvel, nenhum objeto, nem mesmo uma peça de roupa que indicasse a presença de alguém ali. Nada.

De qualquer forma, dei mais uns passos para dentro da casa. Eu praticamente arrastava meus pés no chão, e senti que chutei algo. O barulho de algo deslizando pela madeira indicava a mesma coisa. Iluminando o piso, percebi um pequeno objeto escuro quase encostado na parede oposta a mim.

Coloquei uma luva plástica em uma das mãos e peguei o objeto para colocá-lo dentro de um saco. Nesse momento, ouvi passos subindo os três degraus que levavam até a entrada da cabana. Por um segundo, todo meu sangue gelou.

- Bin? - ouvi (S/N) me chamar. - Encontrou alguma coisa?

- Encontrei. - disse, me virando para ela, aliviado. - Um celular.

Mesmo no escuro do ambiente, pude ver os olhos de (S/N) brilharem.

- Onde estão a garota e o senhor? - perguntei, seguindo minha amiga para fora da casa.

- A garota foi levada ao hospital e Jisung está com o homem.

- Por falar no Jisung, ele encontrou alguma coisa.

- Sim, um banquinho de madeira jogado a poucos metros da árvore onde a garota estava.

- Um banquinho? Mas como ele pode ter sido jogado a poucos metros se a garota estava presa na árvore? - perguntei, um pouco confuso.

(S/N) apenas olhou para mim e eu me toquei da idiotice da minha pergunta.

Alguém o tinha jogado lá.

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