Capítulo 3

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- O que nós temos aqui? - perguntou Baek, assim que abriu a porta da sala de reuniões da delegacia, interrompendo o policial que falava.

Kim Baek entrou no recinto com a xícara preta na mão; suspeito que estivesse repleta com café. Ele era o delegado da delegacia e era superior a todos nós, tendo como sua principal função fiscalizar nosso progresso. Em geral, ele não era uma pessoa ruim de se conviver com, apenas quando ele ia para a delegacia de madrugada. Como passava da uma da manhã, seu humor não era o dos melhores naquele momento.

- Eu estava explicando agora mesmo, senhor. Quer que eu recomece do zero ou apenas resuma tudo? - questionou o oficial Jeong.

- Resuma em poucas palavras, por favor.

- Hoje, às 23:54, recebemos uma ligação de um jovem chamado Lee Yongbok. Ele e seu amigo... - Jeong começou, mas foi interrompido pelo delegado.

- Eu pedi em poucas palavras. Não se apegue aos detalhes.

- Uma garota foi encontrada morta na floresta do Parque das Árvores hoje. Ela estava com uma corda envolta do pescoço e foi encontrada por dois jovens estudantes de faculdade. - se pronunciou Jisung, do canto da sala.

Han Jisung era outro dos detetives do mesmo departamento que o meu. Nós nunca nos falamos de fato, mas ele parecia ser relativamente próximo de Changbin e trabalhava com o oficial Kim, homem que eu não gostava nem um pouco e queria manter a maior distância possível.

- Então, estamos lidando com um caso de suicídio? - questionou Baek.

- Não foi isso que eu disse, senhor. - contestou o outro. - Mas, ao que tudo aponta, sim.

Enquanto os dois trocavam essas poucas palavras, eu analisava o quadro na frente da sala, repleta de fotos da garota de cabelos negros em diferentes pontos de vista. Algumas outras fotos focalizavam a corda amarronzada, trançada ao redor da pele fina do pescoço e toda esfiapada na ponta onde ela havia se separado de sua outra metade. O outro pedaço foi localizado preso no galo de uma árvore, a mais de dois metros do chão.

Aquilo tudo me aprecia muito... familiar. E quando ouvi sobre a suspeita de suicídio, decidi expressar minha própria opinião.

- Não acredito que tenha sido suicídio. - falei, e vi todas as cabeças se virarem na minha direção.

- E por que acha isso? - perguntou o oficial Kim, e tive que me esforçar para não revirar os olhos. - A garota estava com uma corda em seu pescoço e a corda estava presa na árvore. O que mais precisa para decretar que foi suicídio.

- A corda estava presa a mais de dois metros do chão! - protestei.

- E isso impede alguma coisa? Só porque a árvore era alta, signfica que não foi suicídio?

Ninguém falou nada. Respirei fundo e resolvi não falar mais nada também. Ao ouvir meu silêncio, Kim deu um sorrisinho que me dava vontade de arrancar seus lábio do rosto.

- Acho que todos concordamos que ela se matou, não? - o oficial disse, se dirigindo a todos.

- Se todos concordássemos com isso, estaríamos reunidos aqui agora analisando um quadro cheio de fotos? - rebateu Jisung, fazendo Kim ficar quieto.

O delegado Baek, antes de concluir seus pensamentos em voz alta, seguiu até o quadro branco e o analisou silenciosamente. Todos os outros presentes aguardavam, uns quietos, outros sussurrando com os colegas. Eu me virei para Changbin, que estava sentado na cadeira ao lado da minha.

- Bin, essa garota não cometeu suicídio. Ou, pelo menos, não sozinha. - sussurrei. - Aquele galho estava a quase dois metros e meio do chão. Mesmo que a garota tenha decidido pôr fim aos seus dias, ela não se pendurou naquela árvore sozinha.

- Isso não te lembra alguma coisa? - ele perguntou, apontando as fotos com um movimento de cabeça e ignorando o que tinha falado.

- Como assim?

- Lembra da Jin? Aquela garota que cometeu suicídio na última semana? - Changbin continuou com suas perguntas, agora se virando para mim. - Ela não foi encontrada da mesma forma que essa garota, caída no meio de árvores com uma corda no pescoço?

Achei que tivesse sido a única a perceber.

- Foi. - concordei. - Acho que essas duas garotas... alguma coisa liga seus casos. Não acho que alguma delas tenha se matado, Changbin.

- Não sei, não, (S/N)...

- Ok, acho que é só mais um caso comum de sucídio. - se pronunciou Baek, me assustando com o tom alto de sua voz quebrando o silêncio. - Alguém se prontifica a fazer a papelada ou eu escolho qualquer um?

O silêncio foi quase ensurdecedor, até ser quebrado por meu amigo.

- Eu e (S/N) cuidamos disso, senhor. Pode deixar. - Changbin disse, se levantando da cadeira.

- Ótimo. Estão todos dispensados, então.

O delegado se dirigiu a porta da sala de reuniões enquanto Seo voltou a se sentar na cadeira.

- Por que pegou o caso, Bin?

- Eu confio mais na sua intuição do que em qualquer coisa, (S/N). - ele falou, olhando para mim. - Você esteve certa outras vezes. Por que não estaria agora?

Right Beside You ➫ a Stray Kids fanficOnde histórias criam vida. Descubra agora