Capítulo 7

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Eu estava finalmente dentro do carro novamente após três horas vendo meu irmãozinho chorar e tentando consolá-lo da melhor maneira possível. Ele estava passando por muito mais coisa do que eu imaginava; muito mais do que ele mostrava. Eu conversei com ele e, com sua permissão, pedi carinhosamente para os meus pais irem atrás de um psicólogo para Jeongin. Ele precisava ser ouvido por alguém que realmente o pudesse ajudar.

Mas a que conclusão cheguei depois dessa conversa? Que Jeongin não fazia a menor ideia de quem era a misteriosa pessoa de quem me faltava a identidade. Segundo meu irmão, ele conversou com o cara apenas através do grupo. Talvez pelo Instagram também, mas ele não tinha certeza se era a mesma pessoa. A única informação que Jeongin conseguiu me passar com certeza foi que só eram permitidas no grupo pessoas que sentissem atração pelo gênero masculino, o que não fez muito sentido para mim na hora. Mas logo uma luzinha se acendeu em minha mente.

Assim seria mais fácil convencer as pessoas a se encontrar com ele.

Antes de sair de casa, pedi que Jeongin me enviasse a conversa que ele teve com a pessoa no Instagram pelo email. Eu poderia ter lido todas as mensagens ali mesmo, mas uma ligação me tirou de dentro da minha casa. Kim Seungmin, como o homem se apresentou, era um psicólogo que se responsabilizou por cuidar da saúde mental da garota que encontramos mais cedo, que descobri se chamar Jung Yerin. Ele não quis falar muito pelo telefone, então pediu para que eu o encontrasse em seu consultório, que era para onde estava indo agora.

...

A sala de espera do consultório era moderna, decorada com plantas de folhagem verde escura, que combinavam com a cor do couro dos sofás. A secretária se levantou para abrir a porta para mim assim que informei quem eu era, dizendo que o doutor me aguardava.

A primeira coisa que meus olhos captaram ao adentrar no consultório foram os cabelos ruivos de Jung Yerin. Levei um pequeno susto; não imaginava que encontraria a garota também. Em seguida, meu olhar se dirigiu ao homem que veio andando na minha direção, com a mão estendida. Ele era relativamente alto, os cabelos eram escuros e ele tinha um sorriso adorável e caloroso. Sorri ao apertar sua mão.

- Olá, detetive (S/N). Sou Kim Seungmin. - se apresentou. - Sente-se, por favor. - ele disse, indicando uma cadeira ao lado de Yerin, que parecia surpreendentemente melhor que algumas horas atrás.

Eu me dirigi até a cadeira e me sentei. A garota levantou timidamente a cabeça na minha direção, olhando meu rosto.

- Oi, Yerin, sou (S/N). Nos vimos hoje mais cedo. - expliquei, e ela assentiu com um simples balanço de cabeça.

- Bom, vou dar uma ideia geral de tudo o que já conversei com a senhorita Jung. - começou o psicólogo, atraindo minha atenção. - Seu que fazem poucas horas desde que tudo aconteceu, mas Yerin insistiu que já estava bem o suficiente para falar comigo. Segundo os médicos, não houve nenhum dano interno resultante da corda em seu pescoço; acreditamos que o senhor que a encontrou chegou logo depois dela ter sido pendurada pela corda. Yerin tem lembranças confusas do que aconteceu desde a tarde anterior, mas ela afirma que não se pendurou ali por vontade própria.

- Eu não queria me matar! - ela protestou, falando pela primeira vez. - Eu odiava muita coisa na minha vida, mas nunca passou pela minha cabeça fazer isso. - ela concluiu, baixando o tom de voz.

- Ela não fez isso, mas não se lembra como foi parar lá. - continuou Seungmin. - Eu diria que ela vivenciou algo... perturbador, talvez, traumatizante, e isso a fez perder a memória. Perda de memória pós-trauma, conhece? - assenti. - Por isso, resolvemos aplicar um método hipnótico nela. Isso pode induzir as lembranças a virem com mais clareza. Tentei convencer Yerin de que é cedo demais para isso, mas ela é teimosa como uma mula.

Ao terminar sua última frase, o psicólogo olhou para Yerin, que lançou um sorrisinho tímido para ele.

- Quer descrever o que viu, ou deixa comigo?

- Eu posso dizer. - Yerin respondeu, se virando para mim logo em seguida. - Ahn... eu não lembro das coisas com muita clareza; não sei se estava sozinha, como cheguei ali. Mas vou dar todos os detalhes que eu conseguir.

- Sem problema algum. - assegurei, e ela abriu outro sorriso tímido.

- Eu lembro de andar entre as árvores. Estava escuro e quase nada era visto, já que não tinha nenhum poste de luz. Eu andei até chegar na base de uma escadinha de três degraus. Ela dava em uma cabana de madeira, tão escura quanto lá fora. A última coisa que me veio à mente antes do doutor me "trazer de volta" - ela enfatizou as aspas com os dedos. - foi eu me deitando no chão duro e gelado.

Então... ela tinha passado a noite na cabana do bosque?

...

A maciez do tecido era agradável de se tocar; as almofadas bem estofadas se encaixavam perfeitamente à minha volta, transformando o sofá em um lugar mais confortável. Minho trazia mais um cobertor encontrado no meu quarto. As temperaturas lá fora não eram das mais baixas, mas no meu apartamento era frio.

- Ah, Lino. Eu peguei esse caso ontem e ele já está mexendo com a minha cabeça. - reclamei. - Isso vai ser cansativo.

- Faz parte. - respondeu, se sentando ao meu lado no sofá. - Qual é o caso da vez?

- Lembra aquela garota em quem você fez a autópsia há quase um dia? - Minho concordou. - Então, é o caso dela. Mais um caso que surgiu hoje, que se assemelha muito ao da outra.

- E o que tem para resolver nesses casos? Não foi suicídio? O exame apontou isso, pelo menos. - protestou. - Mas posso estar errado. Errar é humano, não?

Minho deu um de seus sorrisos doces e eu sorri de volta. Agora, precisava mudar de assunto; queria ter, pelo menos, a noite para parar de pensar nisso. Não fazem nem quarenta e oito horas que o caso era meu, mas não é saudável ficar o tempo inteiro com a cabeça só no trabalho. Não havia nada que eu pudesse fazer naquele momento que me ajudaria em alguma coisa no meu problema.

- Vamos assistir um filme? - propus. - Não quero falar do trabalho agora.

- Claro, como preferir, princesa. - Minho passou o braço pelos meus ombros e me puxou para perto de seu corpo. - Posso escolher? Sei que você vai dormir alguns minutos depois de começar.

E ele não estava errado. Dali quinze minutos, eu estava dormindo em sono profundo.

Right Beside You ➫ a Stray Kids fanficOnde histórias criam vida. Descubra agora