Capítulo 5 - Parte II

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Damos a volta no quarteirão até chegarmos à casa vizinha de Eliza, para não correr o risco de ficarmos na mira dos olhares desconfiados dos policiais e colocar tudo a perder. Por sorte, esse bairro não sofre de pânico de assalto, pois ao tentar abrir o portão da vizinha, o encontro destrancado.

Corremos para dentro do terreno, fazendo o máximo para que ninguém nos veja ou escute e quando chegamos mais ou menos no meio do terreno, decidimos pular o muro consideravelmente alto, cujo é o ponto exato onde podemos ver a janela aberta de um dos quartos da casa de Eliza.

Pulo o muro com certa facilidade, pois Joseph me ajuda impulsionando-me para cima fazendo um apoio com as mãos. Assim que toco o gramado da casa do Donitys, olho para os lados me certificando que está tudo bem, enquanto Joseph tenta desenroscar sua perna de um ferro que não tinha visto antes de escalar o muro.

- Olha... – aponto com a mão para o fundo da casa, assim que Joseph consegue chegar no chão e ficar do meu lado.

Ele segue meu olhar com certo medo, já imaginando que algum policial nos viu, mas quando vê que o lugar onde estou apontando é para uma linda árvore, na qual há uma corda pendurada em um dos seus galhos, balança com o vento, seu olhar muda instantaneamente, se transformando em pura tristeza. Apenas abaixo a cabeça e deixo escapar uma lágrima, que em instantes se choca contra o gramado.

- Vamos! – diz Joseph pegando na minha mão – Infelizmente não temos muito tempo.

Joseph me ajuda a passar pela janela, me dando um impulso mais uma vez, mas antes de adentrar o quarto, verifico se tem alguém no cômodo colocando a cabeça apenas alguns poucos centímetros para dentro e com isso consigo ter a certeza de que está desocupado.

Entro às pressas, tendo um pouco de dificuldade para me desprender da cortina que não para de balançar com o vento. Joseph vem logo atrás, passando pelo mesmo problema, o que me faz ter vontade de puxar a cortina com toda minha força, mas o barulho que isso pode causar levaria todo nosso plano ao fracasso.

- Pronto! Agora é só achar o quarto da Eliza, porque esse definitivamente não é o dela – digo observando cuidadosamente o quarto, enquanto caminho lentamente por ele.

Todas as quatro paredes pintadas em um caramelo bem claro, um guarda-roupas bem grande e esculpido em uma madeira escura, que ao ver uma das suas portas entreabertas, reparo que uma suíte se esconde atrás dela, uma cama de casal perfeitamente arrumada, com uma pequena cômoda de cada lado e quadros de diversos tamanhos, alinhados aleatoriamente na parede em frente a cama.

- Falta apenas algumas horas para o funeral de Eliza – anuncia Joseph calmo, observando o relógio eletrônico que está do lado da cama, em cima da cômoda.

- Então precisamos ser mais rápidos! – sussurro.

Vamos até a porta, coloco a cabeça para fora e com todo cuidado, verifico se tem alguém no corredor. Está vazio. Ao sair do quarto damos de cara com uma escada, feita apenas de grossas barras de madeira fincadas na parede, excluindo completamente a presença do corrimão ou algo do tipo.

Decidimos subir, mas no mesmo momento que meu pé toca o primeiro degrau, ouvimos vozes femininas, o que de imediato me faz pensar que uma das vozes é da mãe de Eliza, já que é carregada por um choro incontrolável.

- Alice, está vindo alguém. Vem! – sussurra Joseph, me puxando de novo para o quarto onde estávamos.

Corremos para debaixo da cama e torcemos para que ninguém tenha nos ouvido. A cada segundo que passa o som das vozes ficam mais alto e mais perto, olho para o Joseph na esperança de me tranquilizar, porém quando dois pares de pernas adentram o quarto, todo meu corpo é consumido por um desespero pelo desconhecido.

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