Tardes inteiras em frente ao antigo piano. Madrugadas usadas para se expressar com rabiscos em folhas brancas. Filmes com os pais todo fim de semana. Essa é a vida solitária e sem grandes emoções de Alice Fear, a mesma que está preste a ter inúmeras...
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- Mãe, vou sair um pouco – anuncio com um grito, descendo as escadas.
- Aonde você está indo, filha? – pergunta ela da cozinha.
- Vou sair com um amigo.
- Amigo? – pergunta alto, mostrando certa surpresa - Não volta tarde, você tem aula de música hoje... Não esquece!
- Ok, mãe.
Quando eu abro a porta, vejo o carro preto de Joseph parar na frente da minha casa. Ele sai e vem ao meu encontro, colocando uma bolinha branca na boca, me arrisco a dizer que é um comprimido.
- Oi Joseph – cumprimento com um aceno de mão meio sem jeito.
- Oi Alice – retribui com um sorriso torto.
- Espera um pouco, como você conseguiu o número de casa? – pergunto admirando seus olhos brilhando com a luz do sol.
- Nada que uma rápida pesquisa não resolvesse – responde soltando um sorriso forçado. - Admito que fiquei muito surpresa com a sua ligação.
- Gosto de surpresas. Eu estava em casa sem fazer nada e resolvi dar uma volta, então achei que a garota mais confiante da cidade poderia fazer companhia – diz ajeitando seu cabelo com a mão.
- Nossa... A garota mais confiante? – digo deixando um sorriso tímido escapar – Gostei. Joseph olha para o carro e o vidro desce, o motorista está lá.
- Fred, pode ir, vamos a pé.
Ele acena com a cabeça e rapidamente vai embora.
- Para onde vamos? – pergunto meio envergonhada, pois é a primeira vez que eu vou sair acompanhada de um garoto.
- Que tal dar uma caminhada no parque?
- Parece uma boa – respondo animada com a ideia.
Com isso começamos a caminhar um do lado do outro, em silêncio absoluto quase a metade do caminho. Eu com meus olhos voltados para meus pés e às vezes tomo coragem para dar uma rápida olhada no Joseph, o mesmo que se mantem em uma postura firme e persiste seu olhar misterioso para o horizonte, até que finalmente resolve falar alguma coisa.
- Então... Fale-me alguma coisa sobre você.
- Pensei que a rápida pesquisa já tinha dado todas as informações sobre mim, já que não tem muita coisa para ser informado – digo ainda olhando para meus pés.
- Não, só consegui o básico, quero saber um pouco mais afundo – diz calmo – Gosto de manter um nível considerável de conhecimento sobre as pessoas que acompanho até o parque – diz riscando um leve sorriso.
- Quer dizer que costuma acompanhar pessoas até o parque? – pergunto deixando escapar um tímido sorriso.
