Um silêncio suave toma conta do ambiente e até meu pai que é impossível fazê-lo parar de rir, se cala em segundos. Minha mãe apenas age normal, olha para mim com carinho e sustenta um sorriso sincero, mostrando de certa forma que apoiará minha decisão, independente que qual for ela.
- Certo maestro, ontem e hoje eu pensei muito no seu convite e lamentavelmente eu tenho que dizer... – sou interrompida pela voz melancólica de Arthur.
- Minha pequenina, eu te entendo seu medo e sei como deve ser difícil superar, mas você precisa tentar – diz levantando do sofá.
- Ei, calma ai, nem falei minha resposta.
- Mas você falou...
- Eu pensei muito no seu convite e lamentavelmente tenho que dizer que o senhor estava certo, uma oportunidade como essa não cruza nossas vidas duas vezes.
- Isso quer dizer que você... – diz muito animado.
- Isso quer dizer que sim, eu aceito viajar para Paris e prometo fazer o melhor solo de piano da minha vida – digo explodindo de felicidade.
- Sério? Meu Deus eu preciso ligar para o Henry Jacques e avisar que o solo está garantido, nem estou acreditando! – Arthur vibra de felicidade, mas logo se acalma quando me olha – Desculpa, minha pequenina, mas eu tomei a liberdade de adiantar as nossas papeladas, tenta me entender, não ia dar tempo se eu demorasse muito, então achei melhor deixar tudo no jeito para garantir que não teremos problemas e caso você escolhesse não ir era só cancelar tudo.
- Tudo bem, maestro, você fez a coisa certa, como sempre – sorrio correndo para abraçá-lo.
- Você que fez a escolha certa, minha pequenina – diz Arthur.
- Obrigada por não desistir de mim – sussurro tornando nosso abraço ainda mais apertado.
- Nunca vou desistir de você.
Meus pais eufóricos correm até nós como loucos e começam a me beijar e apertar, mesmo ainda estando laçada pelos braços de Arthur. Depois de uma ligeira comemoração, já que não temos muito tempo a nosso favor, subimos para o quarto de música a fim de escolher a canção que tocarei na apresentação.
- E agora maestro, chegou uma das horas mais difíceis – meu olhar preocupado se volta para as partituras que se encontram em minhas mãos - Qual canção será a escolhida para ser tocada em Paris?
Ele pega as partituras das minhas mãos e coloca na sua maleta, com toda calma do mundo.
- Esqueça essas músicas, eu andei pensando e achei que a melhor escolha para você tocar no dia da apresentação é a sua música, aquela que você me fez chorar ao escutar.
- Mas maestro, eu nem sei se dou conta de tocar de novo... eu apenas deixei fluir.
- Tente – seus dedos fazem sinal para que eu toque.
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A Linha da Pipa
RomanceTardes inteiras em frente ao antigo piano. Madrugadas usadas para se expressar com rabiscos em folhas brancas. Filmes com os pais todo fim de semana. Essa é a vida solitária e sem grandes emoções de Alice Fear, a mesma que está preste a ter inúmeras...