Chegada

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Em 2000, tudo para mim parecia ser tão estranho: uma casa nova, um lugar novo, uma cultura tão diferente da qual estava acostumada. Me sentia deslocada, sentia saudade de tudo que deixei para trás, e tinha medo do que poderia acontecer de agora em diante. 

Enquanto o avião pousava em Estolcomo, minha mãe chamou-me e disse: 

- Lia, chegamos. 

Sentia meu coração apertado e as lágrimas desciam pelo rosto. Enxuguei o rosto, me recompus e desci do avião. Estava fazendo um pouco de frio, mas isso não me importava. Assim que saímos do aeroporto, meu pai me disse:

- Filha, estamos quase chegando em casa. 

- Tudo bem, papai. 

Enquanto meus pais conversavam com o taxista, olhei aquela paisagem, e por incrível que pareça, fiquei encantada: tinha muitas árvores, montanhas, chalés muito bonitos. Apesar de ver aquele lugar, queria muito que os meus amigos vissem o quanto aquele lugar era lindo. 

Não demorou muito e chegamos em nossa nova casa. Era tão linda: tinha 3 quartos, uma sala de estar e outra de festas, que dava acesso ao quintal; uma grande cozinha, piscina, um grande jardim.  Eu fiquei muito feliz, principalmente por causa do jardim. Uma das coisas que mais gosto é cuidar de plantas, coisa que minha avó me ensinou desde os 6 anos. Hoje, com 10 anos, virei uma especialista mirim no assunto. Meus pais disseram que, como eu tinha essa paixão por jardinagem, pudesse ajudar a cuidar das plantas com eles, o que me deixou bem feliz. 

Ao longo do dias, fui conhecendo aquela casa, e claro, as pessoas. Conheci uma senhora que era tão maravilhosa. Me deu um abraço e me disse:

-  Seja bem-vinda à Vällingby. Qual o seu nome, pequena florzinha? 

- Meu nome é Lia Martinez. E a senhora, como se chama? - respondi.

- Meu nome é Astrid Lindberg. Um prazer em conhecê-la. 

- O prazer é todo meu. - respondi, e ela sorriu para mim. Ela parecia tão terna, tão gentil. 

Meus pais conheceram a senhora Lindberg e adoraram. Logo se tornaram grandes amigos. Ela até mesmo nos convidou para jantar em sua casa, e meus pais aceitaram. 

Minha mãe fez Fondue muito especial e levou para o jantar com a senhora Lindberg. Depois que nos arrumamos, minha mãe me olhou nos olhos e falou: 

- "Filha, por favor, comporte-se. É um jantar de agradecimento por a Astrid nos ter recepcionado tão bem."

- "Se você se comportar, mais tarde lhe darei uma caixa com doces, certo?" - disse meu pai.

- " Sim, papai. Me comportarei." 

Eles me abraçaram e assim fomos para a casa da senhora Lindberg. Fiquei olhando o jardim dela e meus pais acabaram entrando. Na calçada, vi um garoto que estava sozinho em seu jardim. Fiquei observando-o e ele parecia estar um pouco chateado. Me arrisquei e cheguei perto dele e lhe falei: 

- Olá! Como você se chama? 

Ele levou um susto. Mas, mesmo assim, me falou: 

- Oi. Sou Bill. E você? 

- Sou Lia. Prazer em te conhecer. 

- Igualmente, disse ele.

Apertamos nossas mãos e ele me perguntou se era nova naquele lugar, e disse que sim. Ele me contou sobre a cidade e sua família.  

Enquanto isso, meus pais perceberam que eu não estava na mesa de jantar e começaram a me procurar por a casa. Sem sucesso, começaram a ficar desesperados. Na hora, a senhora Lindberg contou que, no vizinho, morava uma família bem amistosa que tinha quatro filhos, e um deles era uma criança de 10 anos, da mesma idade que eu. Na hora, meus pais foram até lá, e para a surpresa deles, estava na calçada conversando com o Bill e seu pai, Stellan. 

- "Os senhores são pais dessa menininha?", ele perguntou.

- "Sim", meus pais responderam ao mesmo tempo. 

- "Vocês devem ter o maior orgulho de ter uma filha como ela. Ela é um amor."

- "Sim, sim. Quem é o senhor?", perguntou meu pai.

- "Meu nome é Stellan, pai desse garoto aqui. Filho, venha aqui e cumprimente-os."

- "Prazer em conhecê-los. Meu nome é Bill."

Meus pais ficaram contentes por eu ter feito minha primeira amizade, mas também vi que meu pai ficou meio chateado comigo. 

- "Bom, estou feliz por conhecê-los, mas creio que já é hora de ir para casa. Boa noite, Stellan?", disse meu pai. 

- "Sim, pode me chamar de Stellan. Até amanhã, e se precisarem, estamos aqui. Boa noite à todos."

Desejamos boa noite, e saímos. Bill ainda ficou um pouco parado. Quando cheguei perto dele para desejar boa noite, ele me abraçou. Retribuído seu abraço, deixei aquele garoto. Estava feliz por ter conhecido ele, mas já esperava o que viria dos meus pais. Nos despedimos da senhora Lindberg e agradecemos pelo seu jantar. Depois disso, fomos para casa e, meus pais disseram que iriam conversar comigo no dia seguinte, e me mandaram para o quarto. Fiz a minha higiene, vesti meu pijama e me deitei na cama, olhando para o teto e lembrando do rosto do meu novo melhor amigo. E assim, dormi. 

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