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Ludovica



Morrer virgem seria o meu pior castigo além de ter sido diagnosticada como maluca.

Tá, a segunda informação não era bem assim... a verdade era que quando perdi meus pais minha vida virou uma bagunça. Comecei a sofrer crises, e depois de engordar muito mais do que eu pensava ser possível para mim, crises de pânico e choro, minha tia que ainda era viva me levou ao médico e fui diagnosticada com Transtorno de Ansiedade generalizada e Depressão.

Foram sete anos dependente de remédios tarja preta para tratar minha tristeza que vinha da alma, minha irritabilidade que nascia do nada e do meu medo que me assombrava semrpe que ficava sozinha. Quando aconteceu as coisas com Pedro tive uma das minhas piores crises, e agora há três anos sem nenhum medicamento e frequentando a terapia apenas uma vez na semana eu começava a sentir que de alguma forma precisava me cuidar mais ou cairia no inferno novamente.

— Oi, princesa. —Gabriel atendeu no segundo toque.

— Fiquei presa no elevador, pensei que ia morrer, foi horrível Gabriel! Por um momento pensei que ia morrer sem dar.

Uma gargalhada estrondosa veio. — Como é que é? Garota me conta isso direito, tim tim por tim tim.

— Eu tô falando sério, o pior ainda não ta aí, fiquei presa com Alexandre!

— Então estava fácil, era só dar pra ele que tudo ficava resolvido.

— Falou pouco, mas falou bosta, Gabriel. — Bufei e outra gargalhada veio.

— Mas pelo menos finalmente você entendeu que precisa perder esse cabaço logo.

— Gabriel... — Fechei os olhos. — Acredita que ele me perguntou sobre você.

— O que? Ele quer me pegar? Olha que eu vou em?

— Cala a boca! Ele perguntou sobre meu namorado. Este que tecnicamente é você. Se eu gostava dele... aí eu disse que eu te amava, porque eu amo, mas não como namorado, né?

— Ludovica você está se enrolando cada vez mais garota, e se esse cara estiver afim de você e você estiver afastando ele falando que tem compromisso com alguém?

— Ele não está afim de mim, dá pra parar de falar isso, eu já tenho caraminholas demais na minha cabeça.

— Amiga, mas como você não vê que ele pode sim estar. — Soou sério.

— Ele não está! Pelo amor de Deus, nos conhecemos ontem.

— Na verdade vocês se conhecem há anos.

— Gabriel... — Suspiro cansada. — Te liguei para me acalmar, mas tô ficando mais nervosa.

— Para de mentir para si mesmo, e para ele também, fala logo que eu sou gay e que quer sentar naquela piroca ruiva que deve ser enorme!

— Meu Deus, será que da pra parar de falar merda? — Falei arregalando os olhos vendo que Alexandre caminhava na direção do meu escritório. Inferno!

— Ele tem o rosto perfeito, e o corpo? Ele deve ser...

— Preciso desligar ele está chegando na minha sala, tchau. — Avisei e levei o telefone para colocar no gancho ainda escutando Gabriel gritar "piroca ruiva" no mesmo momento que Alexandre apareceu na porta.

— Interrompo? — Ele me olhou ressabiado e eu suavizei o rosto que apostava estar numa careta.

— Não, claro que não, entre senhor Alexandre.

Amor pra recomeçarOnde histórias criam vida. Descubra agora