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Alexandre

— Já está chegando? — Tio Lipe falou enquanto ainda puto tentando não acreditar que meu carro estava arranhado. Não era possível que Ana tinha sido baixa a este ponto!

Depois de deixar o carro na oficina eu peguei um táxi até o centro da cidade me enfiando no primeiro bar em uma mesa mais reservada para poder apenas afogar as mágoas da minha semana de cão.

Surpreso não era bem a palavra certa quando vi minha assessora jurídica passar pela porta junto com um homem e se sentar numa mesa bem próxima, de costas para mim.

Com uma curiosidade fodida em meu sangue fofoqueiro, me movi trocando de cadeira ficando de costas também, mas bem mais próximo para ser capaz de escutar a conversa alheia.

— Tio, me encontra daqui a pouco.

— Daqui a pouco quando, estou saindo do haras, tenho que ir pra casa.

— Daqui a pouco, estou resolvendo uma coisa.

— Que? Alexandre eu tenho uma filhar para ir paparicar, você faça o favor de...

Tentando não parecer grosseiro e nem falar alto o bastante para chamar atenção da mesa atrás eu soltei: — Estou seguindo uma garota, me encontre em meia hora em casa.

— Uma garota? Ana?

— Não, eu não estou seguindo a Ana, pelo amor de Deus, é uma maluca eu a conheci na faculdade anos atrás, te ligo daqui a pouco. — Desliguei e levantei a cabeça no mesmo momento que escutei a confissão de Ludovica.  A demônia tinha arranhado meu carro e o cara que estava com ela o apoiando que eu nunca descobriria.

Eu estava pronto para me virar e confrontá-la quando uma mulher morena se aproximou de me mim parando ao meu lado e se curvando:

— É você mesmo ou uma miragem? — Ela sorriu com a boca pintada em um batom escuro, ela era bonita eu tinha que admitir. — Alexandre! — Quase gritou e eu quase tampei sua boca ou  Ludovica me descobriria. — Oi. — Falei baixo.

— Lembra de mim? Estudamos juntos no colégio. — Ela insistiu ainda de pé e com medo de ser descoberto me encolhi.

— Hum... acho que não muito.

— Sou Amélia! A amiga da Débora.

— Amiga da Débora? — Perguntei confuso.

— Alexandre, sou prima da Vivian! —Sua voz se aumentou e meu pavor também e eu fiquei de pé. — Claro a Vivian. — Menti com a mínima ideia de que eram essas pessoas. — Vamos no bar?

— Claro. — Sorriu e eu a levei com a mão em sua cintura para o lado oposto onde Ludovica não me veria.

— Então, você disse que estudamos juntos, não? — Perguntei enquanto meus olhos se mantinham na mesa de Ludovica.

— Sim, nosso ensino médio inteiro, e então, está de volta a cidade.

— É, estou. — Dei um gole na cerveja que continuava em minha mão.

— E não estou vendo uma aliança.

— Me divorciei. — A olhei dando um sorriso forçado. — Me desculpe, mas eu não me lembro mesmo de você. — Vi seu sorriso diminuir no mesmo momento vi Ludovica se levantar e ir na direção do banheiro.

Interrompendo  Amélia eu levantei uma mão em despedida sem sequer dizer uma palavra e fui ao encontro do desastre. E realmente foi.

*

Amor pra recomeçarOnde histórias criam vida. Descubra agora