2

709 106 9
                                        




Ludovica

              Me enfio no meu escritório me amaldiçoando a minha eu de anos atrás que mesmo tímida, porém aliciada a deixar rolar, entrei para o quarto com aquele garoto de engenharia.

Tinha entrado em pânico assim que ele abaixou as calças e me confirmou que o que uma de suas ex-namoradas tinha me contado no banheiro. Que ele tinha sim apostado com os amigos tirar minha virgindade. A raiva foi tanta que chutei seus testículos com força o bastante para que ele caísse de joelhos e sai daquele lugar que cheirava a suor e mofo para nunca mais.

           Transferi a faculdade um mês depois de ficar enfiada em livros e desviando os olhos de quem me olhava sabendo do ocorrido.

            Talvez eu não admitisse para mim mesma, mas fosse esse o motivo pelo qual eu ainda me negava a ter relações com alguém, meus namoros nunca passavam de um amasso bem dado e beijos longos, quando tentavam passar disso eu simplesmente terminava.

            Amaldiçoei todos aqueles caras idiotas naquela noite, agora vendo Alexandre ali, tão gato e dono de si eu tive a certeza que praga minha não pegava. Infelizmente.

        No almoço procurei saber se Alexandre tinha saído e já descoberto a tragédia que tinha acontecido com seu carro, mas Pâmela sondou com sua secretária e a mesma afirmou que ele estava ocupado revendo alguns contratos.

        Passei o resto do dia com o estomago gelado esperando que a bomba explodisse, já perto das cinco, Pam avisou que o chefe estava saindo. Minutos se arrastaram e esperei Alexandre invadir meu escritório, mas ele não veio.

        Será que ele não tinha visto? Era impossível ele não ter visto o belo risco que meu salto agulha tinha deixado ali.

        No fim do meu expediente voltei para casa e tomei um banho rápido, pedi um carro por aplicativo e fui me encontrar com Gabriel.

        Sentada na mesa me sentindo exausta, meu melhor amigo me encarava rindo após eu contar o que tinha feito.

   — Não tem como saber que é você, Siri.

 — Você acha? — Perguntei em dúvida.

— Qualquer um poderia ter arranhado o estacionamento é público.

— Tem razão. — Bebi a cerveja. — Se ele me questionar eu vou negar.

— É isso aí garota! Agora me fala, é gato ou não?

— Quem?

— Como quem, Ludo? O cara.

— Ah, bom. — Disfarço desviando os olhos dos dele.

— Opa! — Gabriel me olha por uns segundos e solta uma gargalhada. — Eu não acredito que finalmente Ludovica Xavier Novaes vai transar!

— Cala boca! — Resmungo bebendo mais uns goles de minha cerveja. Estava incomodada com seu olhar avaliativo. — Primeiro de tudo, ele nunca olharia para mim.

Gabriel revirou os olhos. — Lá vem, você. Porque ele não olharia, Ludovica? Você é linda.

E então eu abri o baú dos segredos, contei a Gabriel tudo desde o início, quando no meu primeiro ano eu me deixei cair na conversinha de um babaca, esse que era amigo do agora meu atual chefe, e ele escutou tudo em silêncio. Quando terminei dizendo que tinha trocado de faculdade a mesma a qual eu o conheci bebi um gole da minha cerveja e ele não titubeou soltando:

Amor pra recomeçarOnde histórias criam vida. Descubra agora