Finalmente chegamos ao tal lugar, o professor pediu para que todos se afastassem e então, caminhei até a mesma.
Ouvi sussurros, minha cabeça começou a doer muito e minha visão ficou turva. Me ajoelhei segurando no braço de Selene e logo a olhei nos olhos.
— Tem que ser agora, eu não vou aguentar. Eles estão na minha mente.
Soltei um sorriso fraco.
— Vocês sabem que vão perdê-lo né? É o preço que se paga por ser intrometido.
A voz saiu da minha boca, mas obviamente não era eu quem estava dizendo.
Eles me colocaram na água, comecei a boiar enquanto olhava para cima, via os raios lunares virem diretamente aos meus olhos. Senti a água gelada descansar meu corpo, mas logo, senti um forte choque.
Meu corpo começou a tremer, eu enxergava tudo, mas de outro ângulo, afinal, meus olhos estavam fechados.
Logan ameaçou ir até mim e me puxar, mas foi impedido pelo professor, que refutou.
— Se tirá-lo agora, ele morre.
Disse Clifford, nervoso.
— Se ele ficar lá, ele morre!
Disse Logan, gritando.
— Logan, se acalma. Se tirarmos, ele morre, se deixarmos, ele tem uma chance de sobreviver e voltar ao normal, o professor sabe o que está fazendo. Lucius também sabe de todos os riscos.
Disse Selene, segurando no braço do rapaz.
Antony seguia quieto no canto, com um olhar apavorado. O mesmo estava sentado no chão, abraçado aos joelhos enquanto chorava e rezava baixinho.
Meu corpo entrou em convulsão, duas forças disputando o mesmo espaço estava causando uma sobrecarga intensa. Os espiritos/demônios queriam me levar para junto deles, usufruir dos meus poderes e me torturar, e a água mística daquela piscina, estava lutando para me curar.
Foi uma briga estrondosa, senti dores intensas e surreais. Meu corpo todo se contraía e eu gritava tanto.
Sentia minhas forças se esgotando, mas mantive meu pensamento firme e uma voz ecoou pela minha mente.
— Aceite quem és, e vencerá essa tormenta.
Fechei meus olhos soltando um suspiro forte e meu corpo começou a afundar.
O professor rapidamente me pegou nos braços, me tirando da piscina e eu apaguei, não me lembro de mais nada.
Algumas horas depois.
Acordei assustado, me lembrando de tudo que havia acontecido e me levantei. Olhei ao meu redor e sinceramente, eu não conhecia aquele lugar.
Era um lugar cinzento, havia macas encostadas nas paredes e gente gemendo de dor. Respirei fundo me sentando na minha maca e olhando ao redor.
Passei a mão nos olhos tentando entender mas logo, um pensamento sombrio tomou conta de mim.
— Eu morri?
Essas palavras ecoaram por todo o lugar desconhecido, assim que saíram dos meus lábios.
Comecei a caminhar pela extensão do local, havia pessoas implorando por ajuda e misericórdia, então rapidamente associei ao que Alastor havia dito.
Balancei a cabeça em negação, então pude ver um enfermeiro. Caminhei até ele, o cutuquei e sussurrei.
— Oi, pode me dizer onde estou?
O encarei.
— Se precisa perguntar, você jamais saberá.
Disse ele sorrindo e saindo dali.
Fiquei confuso, continuei caminhando até ver um senhor, com uma afeição simpática, ele me chamou para perto dele e sorriu.
— Meu jovem, me ajude a sentar?
Disse ele, sorrindo.
O ajudei e ele me agradeceu, com um sorriso farto. Aquilo foi colírio para os meus olhos, ele me lembrava do meu avô, Plínio.
— Senhor, sabe que lugar é esse?
O encarei.
— Sei, mas se eu contar, você jamais sairá daqui.
Disse ele sorrindo.
— Então, se o senhor sabe, por que ainda está aqui?
O encarei
— Destino meu querido, a gente tenta, mas NUNCA foge dele.
Balancei a cabeça positivamente, retornei a minha maca sem entender nada e me sentei, fechando os olhos.
Os enigmas eram difíceis, não sabia se aquele lugar era o céu, ou o purgatório.
Comecei a pensar naqueles que eu amava, um filme passou na minha mente, assim que vi o rosto de cada uma daquelas pessoas, meu sorriso estampava.
Em meio as pessoas da minha família, Logan apareceu. Balancei a cabeça negativamente soltando uma risada, eu não o amava, devia ser uma peça que alguém devia estar pregando.
Me encostei na parede e pude ver que os demais doentes, que antes estavam deitados em macas, estavam sentados me olhando com uma cara seria, e assustadora.
Respirei fundo e aquela dor intensa que senti minutos antes de apagar, veio a tona. Coloquei a mão na cabeça gritando de dor e pude ouvir a voz de Antony.
— Lucius, meu irmão. Me perdoa. Preciso te confessar antes que seja tarde. Aquela vez que você foi pego pelos católicos, posto na fogueira, foi eu quem te dedurei a igreja. Eu era só uma criança e fiquei irritado por você ter me batido, então pensei numa vingança pior. Não queria que tivesse acabado daquela maneira, se não fosse a mamãe, você estava morto hoje.
Disse ele, pude ouvir seu nariz escorrendo e um choro baixinho.
Rapidamente meu semblante se fechou, continuei de olhos fechados e ouvi desta vez, a voz de Selene.
— Eu nunca tive um amigo de verdade Lucius, você foi o primeiro. Então volta pra mim.
Disse ela, chorando alto.
Lágrimas escorreram pelo meu rosto, mas me contive.
Por fim, ouvi a voz de Logan, daquele seu jeito carinhoso, mas desta vez, estava sério.
— Eu sei que se estiver me vendo, vai me mandar sair daqui, mas eu preciso te dizer isso. Eu fui um covarde, um babaca. Aquele dia que nos conhecemos eu senti algo criando entre a gente, eu devia ter sido sincero com você sobre o meu namoro, mas eu fiquei com medo que você se afastasse. No fim das contas, deu tudo na mesma. Você se foi, eu não fui homem suficiente para assumir o que sinto, e te perdi. Eu quero que saiba que em qualquer lugar que esteja, e se estiver ouvindo isso, eu amo você, eu estou aqui por você. Volte pra mim e eu te prometo que nunca mais mentirei pra você. Aliás, antes que eu me esqueça, eu terminei com o Ethan. Não é justo com ele, viver uma mentira, e não é justo comigo, ficar com alguém que eu não amo.
Disse ele, se afastando de mim.
Nenhuma dessas pessoas acima, eu as vi, apenas ouvi suas vozes como se estivessem ao meu lado.
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⚜ 𝙰𝚕𝚎𝚖 𝚍𝚊𝚜 𝚖𝚘𝚗𝚝𝚊𝚗𝚑𝚊𝚜 ⚜
Fanfiction+17 Sobrenatural, violência, terror, horror, suspense, misticismo e bruxaria. [LGBT] ❣ Lucius e Antony são os únicos sobreviventes de Lovina Midnight, uma cidade perdida no caos. O restante da população foi desaparecendo aos poucos, causando grande...