Aprisionado na própria mente.

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Um tempo se passou, comecei a reviver memórias ruins e alguns traumas de criança, no qual, mexeram muito comigo.

Respirei fundo me ajeitando na maca e perguntando a mim mesmo, na minha mente.

"Onde estou? "

Nada me respondia, quando comecei a olhar para aquelas pessoas que estavam sentadas a minha frente, com um semblante sério.

Me levantei, caminhei até um deles e o toquei, rapidamente um filme se passou de quando fui picado por um escorpião, senti a dor daquele dia na pele, então soltei.

Caminhei até outro, fiz o mesmo e tive uma lembrança de quando pisei num prego. Andei pela extensa sala até achar o senhor simpático, segurei em seu braço e lembrei do último abraço que dei em meu avô.

— Sei onde estou.

Soltei um sorriso, caminhei até o final daquela extensa e comprida sala, onde havia um guarda, todo de preto, me olhando.

— Onde pensa que vai?

Disse ele rindo.

— Lugar algum, só vim perguntar uma coisa.

Soltei um sorriso.

— O que?

Disse ele.

— Você está realmente aqui?

Fechei os olhos imaginando que a passagem estava livre e o mesmo rapidamente sumiu.

— Estou dentro da minha cabeça, e tenho uma missão a cumprir.

Soltei um sorriso, corri até o senhor, novamente e perguntei seu nome.

— Senhor, qual seu nome?

Sorri simpático.

— Em vida? Plínio.

Disse ele sorrindo, senti um abraço forte depositado em meu corpo e logo, o mesmo desapareceu em meio a uma luz forte e brilhante.

Lágrimas escorreram pelo meu rosto, continuei caminhando e comecei a pensar no que fazer para sair daquele lugar.

Eu não entendia se estava vivo ou morto, mas pelo menos daquele lugar eu tentaria sair.

Comecei a ligar os pontos, se consegui fazer o guarda desaparecer com o poder da mente, eu sou um... TELEPATA!

Comecei a imaginar aquele lugar sumindo, e não restando mais nada além de mim, e assim ocorreu.

Eu estava num lugar escuro, me parecia uma floresta, e ouvia sussurros a minha volta. Eles não me viam, mas eu estava ali.

— O que aconteceu com o garoto, Alastor?

Disse um homem, com uma voz muito grossa.

— Vossa majestade, o garoto está morto. Ele não resistiu ao choque. Nós fizemos o que ordenou.

Disse Alastor, se ajoelhando perante a uma criatura que eu não conseguia ver.

— Como tem tanta certeza?

Disse o homem.

— Ele se foi, não está ligado ao mundo material mais. Nem eu nem os outros demônios sentimos sua energia, a conexão foi rompida.

Disse Alastor rindo.

Balancei a cabeça tentando entender, me sentei e soltei uma risada.

— Estou na minha cabeça, essas vozes... Estão falando agora mesmo. Mas como vou sair daqui?

Olhei ao redor.

— Aceite quem és.

Ouvi uma voz alta e estrondosa ecoar por toda minha mente.

Eu sempre tive medo de telepatas, via filmes com algum deles e ficava assustado. Uma pessoa com poder sobre a mente de outro ser humano é surreal e arriscado, então, me bloqueei a essa minha parte.

Talvez se eu a aceitasse, conseguiria sair daquele lugar, mas, não era fácil derrubar todos os muros e barreiras que criei para me proteger disso. Minha mãe não achava um dom digno, acessar memórias de outras pessoas, é uma violação de privacidade.

• Narrado por Selene •

Não sei se ainda tinha espaço para a esperança em meu peito, já havia se passado um mês com Lucius naquela cama, Antony nunca mais foi o mesmo desde que o irmão "partiu".

Ele não estava com nenhum aparelho, estava apenas dormindo, para sempre. Nada do que fizemos adiantou, feitiços, benzedeiras, rezas, simpatias, NADA.

Logan estava desolado, e todos que sabiam da triste historia do garoto que se sacrificou para evitar a catástrofe na terra, vinham visitá-lo. Até mesmo sua mãe e irmãos havia vindo.

Sempre traziam flores, e ao colocar sobre seu corpo, elas morriam imediatamente. Não sabia mais o que fazer, não acreditava que ele levantaria daquele lugar como se nada tivesse acontecido, mas jamais desistiria dele.

Nós nos revezamos para ficarmos com ele noite e dia, caso ele desse indiciou de que iria acordar, mas nunca deu.

• Narrado por Lucius •

Eu estava caído no chão, via cada um dos doentes que antes estavam na maca, tentar entrar na minha mente e me fazerem passar por TODOS aqueles traumas novamente.

Eu chorava alto, implorava por piedade mas eles sequer me ouviam. Quando senti meu corpo estremecer.

— NÃO. VOCÊS ENTÃO NA MINHA CABEÇA. NÃO VÃO ME DERROTAR, NÃO NO MEU TERRITÓRIO.

Fechei os olhos sentindo meu poder retornar às minhas veias então abri os olhos, os encarando,

Com um movimento das mãos, eles foram sumindo, um por um. Estendi as mãos para o teto daquele lugar e sussurrei.

— EXTRONDO.

Vi o teto desabar, e uma das pedras caírem sobre mim, o que me fez desmaiar.

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