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Me olhei no espelho e pude ver o estado deplorável em que me encontrava: estava coberta de sangue, completamente descabelada e minha roupa apresentava grande rasgos na frente e atrás. Meu rosto e meus pés descalços estavam cheios de terra, deixando um rastro por todo o ladrilho do banheiro onde eu pisara. Nunca havia estado pior, mas ao menos conseguira sobreviver.

Me despi dos trapos e entrei embaixo do chuveiro. Ao ligar a torneira, uma água fria começou a cair sobre meu corpo, tirando todo o sangue e terra que pareciam impregnados na minha pele gelada. Após me lavar devidamente, encontrei toalhas no lugar onde Esme havia me indicado e sequei meus cabelos, enrolando-me na toalha molhada logo depois e chamei por ela, que de pronto bateu na porta.

- Isabella, terminou?

- Sim. Preciso de algo para vestir.

- Aguarde um minuto, creio que as roupas de Rosalie irão servir perfeitamente em você.

Encostei na pia e esperei ela voltar com uma batida na porta, abri o trinco e ela apareceu, com seu sorriso simpático e roupas em mãos.

- Espero que caiba em você. – disse enquanto me entregava, junto com um par de sandálias e um pente.  Alice tem menos corpo, acho que não daria.

Eu olhei para o corpete e saia, ambos pretos, e a sandália de salto alto da mesma cor em minhas mãos. Na maior parte do tempo eu andava descalça, como conseguiria me equilibrar naquilo? E vestir roupas tão apertadas? Sorte a minha que já havia perdido o costume de respirar.

Como se adivinhasse meus pensamentos, Esme pegou as roupas e as sandálias de minhas mãos e colocou sobre a pia, olhou para cada peça e depois para mim.

- Provavelmente não está acostumada a usar esse tipo de roupa, mas Rosalie é... como podemos dizer, excêntrica em seu modo de vestir, creio que não há opções muito diferente dessas.

- Ok... não tem problema. Eu me viro. – acho que isso havia soado frio demais, mas era meu jeito.

- Avisei ao meu marido sobre você. Ele está trazendo comida.

- Ah sim. – ela se virara para sair.  - Edward disse que vocês não bebem sangue humano, mas eu não... acho que terei que dispensar.

- Edward me avisou sobre isso, fique tranquila. O sangue que ele trará é – fez uma careta. - humano. – e saiu.

Minha garganta, que ardia de tanta sede, pareceu se acalmar um pouco diante da informação de que havia comida chegando e que ela seria humana. Lamentei ter que sujar as belas roupas de Rosalie, mas não aprendi a comer sem me sujar. Não fazia diferença pro bando se alguém aparecesse mais ou menos sujo de sangue, na verdade era difícil nos importamos uns com os outros, ao contrário do que parecia ser aquela estranha família.

Vesti as peças de roupa que Esme havia me dado, lutando para puxar o corpete que parecia grudar em cada poro do meu corpo, coloquei as sandálias e levantei com receio, mas consegui me equilibrar rapidamente, como se eu já soubesse como fazer. Dei alguns passos e me desequilibrei, mas segurei na pia e voltei a me por de pé. Penteei meus cabelos até deixá-los cacheados ao natural e parei diante do espelho. Dei um sorriso de satisfação ao ver meu reflexo, estava estonteante. A saia e o corpete que eu lutara para conseguir vestir, modelava cada curva do meu corpo, dando uma visão privilegiada dos meus seios graças ao decote e as sandálias haviam me deixado mais alta, coisa que sempre quis ser. Essa Rosalie tinha um bom gosto e por mais que eu não estivesse acostumada a me vestir daquele jeito, havia gostado.

Desci as escadas da casa quando já era noite e encontrei toda a família na sala, provavelmente a minha espera. Quando apareci todos deixaram seus afazeres e prestaram atenção em mim, principalmente Edward, que parecia ligeiramente boquiaberto, enquanto seus olhos perfaziam o caminho dos meus pés a cabeça. Parei diante deles enquanto Esme saía da cozinha e vinha em minha direção.

My Dark Paradise [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora