cap 87

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Maria

Abri  com dificuldade os olhos, senti um incomodo ao tentar me mexer, o corpo amarrado a uma cadeira, o local escuro e frio só deixava pouca claridade passar por alguns buracos na parede.

    Minha cabeça latejava, e aos poucos eu ia retomando a consciência de onde eu estava, tentei me soltar quando o desespero novamente bateu na minha porta, eu não podia estar aqui, meu filho, e se ele estiver machucado e se eles tentarem me matar ou tirarem ele de mim. Como se ele escutasse, pela primeira vez ele se mexeu, tão rapidinho mas com uma força que não contive minhas lágrimas, foi como se ele dissesse que estava ali comigo. Encarei com dificuldade minha barriga e lamentei por não poder toca-la e dar o acalento que o meu bebê precisava. Como eu queria que Montanha sentisse comigo o nosso bebê, como eu queria ver seu rosto mal humorado ser tomado por um sorriso bobo, e por não poder toca-lo e retribuir seu toque resolvi me comunicar com palavras.

ㅡA mamãe tá aqui meu amor, e ela não vai deixar nada te acontecer,a mamãe precisa que você seja forte.ㅡ Levanto a cabeça tentando segurar as novas lágrimas que vão deixando meus olhos.ㅡ Confia em mim meu amor,a gente vai sair daqui.

     Tentei mover minhas mãos para desatar os nós das cordas que me prendiam  na cadeira, mas quanto mais eu me movia mais a corda me apertava, já estava cansada, minhas costas doíam e todos os minutos  que estive ali sentada mais pareciam horas.

     Exausta de relutar com aquele monte de corda eu me abaixei e chorei mais ainda, minha maldita curiosidade e falta de responsabilidade me colocaram aqui, Montanha sempre disse que minha teimosia um dia me traria problemas e olha onde eu estou. Fecho meus olhos tentando me teletransportar em pensamentos pro meu quarto, pra minha cama, para os braços da minha mãe, pra qualquer lugar longe da loucura que é a vida do Montanha.

    Me mantive naquela posição por longos minutos, até escutar passos, burburinhos e a porta do lugar abandonado ser arreganhada. A loira robusta, bem vestida e os cinco homens dentre eles Tatu, que se mantém impassível. Encaro seu rosto e percebo que ele não consegue me olhar nos olhos. Maldito.

      A mulher se aproxima, toca meu rosto afastando alguns fios de cabelos.

Sabrina: vocês tem certeza que é essa?ㅡ Agarra meus cabelos me fazendo arfar com a dor. ㅡ Carinha de menininha, Montanha agora pega Ninfeta é isso?ㅡ Gargalha junto com os demais, e eu nem me espanto mais com esse tipo de fala, a maioria das ex dele sempre se dirigem a mim como uma ninfeta. ㅡ Tá chorado querida?ㅡ Ergue minha cabeça com brutalidade. ㅡ Ainda nem fiz nada com você. ㅡ Acaricia meu rosto mas logo da um tapa ardido no mesmo lugar, a raiva me consome, e a vontade de revidar é grande mais está amarrada dificulta tudo.

ㅡ É fácil bater quando a outra pessoa está amarrada, não é Sabrina?ㅡ Encaro seu rosto e ela sorri. ㅡ Me solta, vamo resolver nos duas.

Sabrina: Atrevida você em, tá achando que é quem querida. ㅡ Ela se senta nas minhas pernas ㅡ acha mesmo que eu vou dar esse mole de te soltar. ㅡ Agarra meu rosto com as unhas.ㅡ Eu vou te machucar, quero deixar roxos por todo esse seu corpo, quero que o Montanha te encontre morta, bem aqui no chão. Da mesma forma que eu encontrei meu marido morto na cadeia, preso por um crime que seu namoradinho armou. ㅡ Ela seca as lágrimas. E se levanta do meu colo. ㅡ Pode levar ela e amarrar lá no quartinho, vou ligar pro Montanha e já vou. ㅡ Seu olhar tem frieza e medo, Tatu vem até mim junto de outro homem e eu reluto, para que me deixem em paz.

   Ouço em parte a conversa de Sabrina com Montanha no telefone enquanto sou carregada até o tal quarto, meu sangue esfria ao ver sangue no chão, e um par de algemas no teto do lugar que mais parece um banheiro. Engulo em seco quando erguem meus braços para colocarem na algema.

ㅡ NÃO POR FAVOR NÃO ㅡ imploro aos prantos ㅡ TATU POR FAVOR, NÃO FAZ ISSO COMIGO, POR FAVOR. ㅡ O choro gasguito e desesperado não comove nenhum deles, reluto puchando meu braço, e tentando correr pra fora daquele lugar, mas sou pega por outro homem ao lado de fora. ㅡSABRINA POR FAVOR! ㅡ imploro quando ela vem se aproximando.ㅡ ME DEIXA IR, NÃO FAZ ISSO COMIGO POR FAVOR!

Sabrina: Uma pena eles não terem poupado a vida do meu marido, eu poderia ter poupado a sua. ㅡ Sorri ㅡ amarrem ela logo, seus frouxos. ㅡ Assim  que ela manda, sou bruscamente levantada e eles conseguem prender minhas mãos na algema. ㅡ Deixem ela apenas de peça íntima, quero deformar todo o corpinho dela, não vai receber nem velório digno, caixão fechado com toda certeza. ㅡ Gargalha. Eles rasgam minhas roupas e assim que retiram o moletom noto a forma com que Sabrina encara a pequena petuberancia em minha barriga, e temo que ela descubra da gravidez, e que se empenhe em bater apenas nesse local.ㅡ Vou ser rápida com você aqui, ainda tenho que ir pro galpão onde seu maridinho acha que você está.

    Ela se aproxima e a primeira coisa que faz é me tacar um balde de água fria.

Sabrina: já ouviu dizer que tudo no frio, dói mais.ㅡ Gargalha jogando outro, meu corpo treme ao sentir a água gelada. Em seguida ela pega um bastão.

ㅡ Sabrina por favor!ㅡ Seu olhar tomado por luxúria e ódio ela estava cega, mantive meus olhos fechados e apenas senti o impacto em minhas pernas, me fazendo falhar. Sequência de pauladas foram distribuídas por todo meu corpo. E eu pedia mentalmente para que tudo aquilo acabasse.

Montanha

ㅡVai, vai ,vai! Mais rápido com essa porra Vini. ㅡpesso impaciente no banco do passageiro, Já estávamos próximos ao galpão da 77, por volta de cinco minutos já estaríamos lá, eu estava impaciente e temendo pelo pior. Me mantive calado o percurso todo, o medo de não chegar a tempo me consumia.

  Paramos algumas ruas antes do galpão, carreguei minhas armas, vesti o colete, e pedi em pensamentos pra que Deus me desce uma luz. Entramos no mato e fui descendo devagar tentando não fazer barulho, quando estávamos perto o suficiente notamos o lugar vazio, não tinha ninguém ali, olhei por todos os lugares, mas nada liguei pro Ferraz afim de que ele já tivesse com a localização da Sabrina.

ㅡ Ferraz, acabamos de chegar e o galpão tá vazio.

Ferraz: O celular não dá pra rastrear, tá mais complicado  que qualquer outro que já tentei raquear, mas sigo tentando. ㅡ Eu não sabia oque fazer, o desespero novamente me tomou e eu me sentia impotente. Escorei a cabeça em uma das pilastras de sustenção do galpão e baixinho eu rezei.

ㅡ Deus eu sei que eu não sou exemplo a ser seguido, mas me dá uma luz, eu não sei pei fazer, tô me sentindo impotente, como nunca me senti antes, faz isso pelo Montanha não, faz pelo Ramon, o molequinho lá do passado que só queria atenção dos pais, que só queria fugir daquela casa e dá o melhor pra sua mãe. ㅡ Seco as lágrimas ㅡ tô precisando de você Deus. Pela Maria. ㅡfechei meus olhos, respirei fundo e lembrei. ㅡ Obrigada Deus ㅡ liguei novamente pro Ferraz. ㅡ Ferraz para de rastrear o telefone da Sabrina e entra no aplicativo que tu fez pra rastrear os meus. Busca o celular do Tatu, com toda certeza ele tá com ele em mãos e ligado.

Ferraz: certoㅡ continuei na linha, enquanto escutava o barulho dos tiros e pedia mentalmente pro Nk e Amanda estarem cuidando bem do meu morro. ㅡ Pronto! Eles estão a dois km daí, tô mandando a localização pro Vini.

ㅡ Valeu Ferraz, continua monitorando tudo daí, Tô indo buscar a minha Morena.

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Boooooom Diiaaaaaaaaa❤️💖

Meu Melhor Erro (Finalizada. Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora