Cap 22

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Maria

Acordei com os fogos sendo soltos. No automático peguei meu celular,dia de operação a favela vira um inferno e hoje imagino que esteja pior, com a ausência do Montanha tudo acaba desandando. Disquei o numero da Rafela e no terceiro toque ela atendeu, e assim como eu parecia afobada.

Rafa: Maria, tá tudo bem? ㅡo desespero era evidente em sua voz.

ㅡ Eu que te pergunto, tá tudo bem? Lembra que você tem de ficar calma.

Rafa: Porra é impossível, Vini saiu nessa merda e eu tô aqui sozinha Maria. ㅡ Fez voz de choro.

ㅡ Calma Rafaela, você precisa ficar calma. Eles já sabem quem tá entrando? ㅡ Perguntei enquanto os disparos iam sendo soltos.

Rafa: A polícia ㅡ Como imaginei. ㅡ E justo hoje o bebê tá agitado pra caralho. Tô ansiosa, já bebi uma jarra inteira de café. Tô com medo tô afobada tô surtando.

ㅡ Tenta se manter calma amiga, lembra do bebê, respira e mantenha a calma. ㅡ Fiquei mais alguns minutos tentando acalmar ela, pois toda a pressão que ela estava sentindo não era bom pro bebê.

Cerca de duas horas depois Nk me mandou uma mensagem , o tiroteio já tinha cessado, mas a polícia ainda estava na rua, NK pediu pra que eu fosse pra casa da Rafa e que fizéssemos uma mala pra ficarmos fora do morro por uns dias. Ele já havia avisado a Ana e nos encontrariamos no apartamento dele no asfalto.

Corri pro meu quarto e joguei algumas peças de roupas em uma bolsa de colo, peguei o básico e o que eu achava que seria necessario. Quando destranquei a porta e ia saindo com a bolsa fui barrada por dois policiais, eu tentei ao máximo manter a calma, mas parecia impossível com os olhares intimidadores que os dois me lançavam.

Policial 1: Vai pra onde? ㅡ Cruzou os braços enquanto mantinha os olhos firmes em mim. Tentei me manter mas estava impossível.

ㅡEu..??ㅡ A voz quase não saiu ㅡ Vou até a casa de uma amiga ela está grávida e....ㅡ Fui interrompida por um dos policiais.

Policial 1: Oque tem na bolsa? ㅡ Agarrou meu braço.

ㅡRoupa.

Policial 2: Tá fugindo porque? ㅡ Um deles perguntou enquanto olhava minha bolsa.

ㅡ Não estou fugindo, eu só estou indo pra casa da minha amiga que está prestes a dar a luz. ㅡEles me encararam sorrindo.

Policial 1: A gente pode entrar ㅡ me encarou friamente.

ㅡ É.. é claro.ㅡ Eu estava nervosa, por mais que aqui não tivesse nada do Montanha a não ser roupas eu ainda me sentia insegura, mas eu tinha que manter a calma. Um dos policiais começou a revistar tudo eu apenas olhava da porta pedindo silenciosamente pra Deus não deixar que eles encontrassem nada.

Policial 2: Mora com quem? ㅡ Se aproximou.

ㅡ Apenas eu.

Policial 2: Tem certeza? ㅡ Veio mais perto tentando me intimidar.

ㅡ Sim.

Policial 1: E as roupas masculinas, suponho que seja você quem use não é mesmo? ㅡ Cruzou os braços . E eu engoli em seco. ㅡ Porque está mentindo? ㅡdeboxou.

ㅡ Eu não estou mentindo, as roupas são de um ficante, nada assumido. ㅡ limpei a garganta quando um deles tocou meu rosto.

Policial 1: Pensa que não sabemos? ㅡ puxou meus cabelos ㅡ Você é a vagabundinha do chefe, a putinha fixa dele. ㅡ Gargalhou ㅡ a gente só veio pra deixar um recado. ㅡ Eu me mantive calada, mas as lágrimas eu não consegui controlar, eu estava nervosa, trêmula, com medo, eu mal sabia oque eles podiam fazer comigo ali. ㅡ Fala pro seu namoradinho, que a gente tá de olho, e que oque ele fez com o filho do Esteves não vai ficar assim. ㅡ ele pegou o rádio.ㅡ cabo 21 e cabo 209 podem vir, achamos a casa e ainda ganhamos uma bonequinha de brinde. ㅡ Agarrou meus cabelos com mais força enquanto eu me debatia.

Cerca de cinco minutos depois minha casa foi invadida por cinco policiais eles começaram a destruir tudo, tudo que a minha mãe tinha conseguido com muito suor e trabalho, eu tentei me soltar e ir encima de um dos policiais que pegou o porta retrato da minha avó mas fui impedida por um deles que ainda me agarrava pelos cabelos.

A cada móvel quebrado, o meu desespero aumentava, nada aqui dentro tinha vindo do dinheiro do Montanha, nada, tudo foi comprado por minha mãe, mas eles nem se importavam.

ㅡ Você está me machucando. ㅡ esbravejei enquanto ele puxava com mais força meus cabelos.

Policial 1: Pensei que já era acostumada a apanhar, patinha de vagabundo apanha, melhor se acostumar .

Policial 3: Tão bonita, e se envolve com uns merda desse. Montanha não é pra você não gracinha. Tá achando que tá brincando de casinha com traficante. ㅡ falou destilando ódio.Acariciou meu rosto e eu senti repulsa e nojo. ㅡ Pode reconstruir essa casa mil vezes, porque as mil vezes que a gente pisar aqui ela vai ficar desse jeito. ㅡ Sorriu. ㅡ avisa pro seu namoradinho, que isso é só um aviso. E grava  esse nome na sua cabeça.ㅡ sorriu e erguel minha cabeça ㅡ Es_te_ves. ㅡ ele deu um chute na porta e saiu os outros o acompanharam e eu corri até o porta retrato destruído no chão agarrei ele contra meu corpo e chorei, chorei como uma criança desamparada, chorei por tudo que minha mãe passou pra construir essa casa. E chorei mais ainda pelas palavras grotescas que ouvi.

Meu Melhor Erro (Finalizada. Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora