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Hanna está na minha casa. Ela está aqui, conversando com a minha mãe e comendo os biscoitos coloridos e festivos que eu fiz ontem. 

A parte mais bizarra e legal disso é que ela parece totalmente à vontade. Não vejo nenhum sinal de desconforto em seu rosto. É um Natal bastante diferente para nós dois, mas talvez ela esteja gostando. 

Meu coração acelera no mesmo momento em que ela me encara e morde um biscoitinho em fomato de árvore. 

Minha mãe comenta:

━É a primeira vez que Nate trás uma garota aqui em casa, Hanna.

Minhas bochechas ficam quentes e protesto:
━Mãe!

━Estou feliz que seja a Hanna. Era ela quem trazia os cadernos para você copiar,  após o acidente, certo? Eu jamais esqueceria uma garota tão querida.

É a vez de Hanna ficar vermelha e sinto-me aliviado por não ser o único envergonhado na sala.

━Pensei que vocês fossem passar o Natal na biblioteca. A nevasca foi muito intensa.

Eu e Hanna nos olhamos e damos um sorriso cúmplice. Nem vimos o final da nevasca, já que estávamos ocupados cantando e nos beijando.

Seguro a mão dela por baixo da mesa e tomo coragem antes de falar:

━Posso mostrar meu quarto para a Hanna, mãe?

Minha mãe estreita os olhos, ajeita o óculos em cima do nariz e, finalmente, diz:

━Claro, Nate. Foi um prazer te ver novamente, Hanna.

━Igualmente, sra. Bosnell. 

Subimos as escadas de mãos dadas, rindo sem motivo algum. Não quero soltar a mão dela nunca mais.

Quando Hanna entra no meu quarto preciso me sentar na cama para ter certeza de que isso é real. Ela repara em tudo, desde nos pôsteres de bandas até nos livros e action figures espalhados pela estante acima da mesa do computador. 

Gostaria de conhecer o quarto dela também. O lugar onde ela lê, onde ela sonha, onde dorme...

Ainda com o olhar vagando pelo cômodo, ela senta ao meu lado com um sorrisinho misterioso. 

━É esse o habitát do nerd moderno. Pensei que seria mais bagunçado.

Claro que não contenho o comentário engraçado:

━Admite que imaginou como seria o meu quarto?

━Não o seu quarto, espertinho, mas o de um nerd qualquer. 

━Eu não sou um nerd qualquer, Hanna, digo, fingindo tristeza.

Ela começa a rir e o som é tão gostoso, tão próximo, tão íntimo, que inclino a cabeça e beijo-a na bochecha com carinho. Como é possível adquirir essa intimidade em tão pouco tempo? 

Não quero esquecer esse momento nunca, porque as férias irão acabar e o que tivemos em um dia, em uma tarde na biblioteca, pode não durar.

Sei que nos conectamos lá, no meio da nevasca. Foi como se o tempo tivesse parado para que nós dois pudéssemos nos conhecer melhor, mas... E agora? E quando as aulas recomeçarem?

Suspiro alto demais e Hanna percebe minha inquietação, pois puxa uma das minhas mãos para o seu colo. 

━No que está pensando?

━Em nós. No que o dia de hoje significou para mim e para você. No que seremos. Se seremos algo.

━Você se preocupa demais, Nate, ela diz e dá um sorriso reconfortante para mim. 

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