Capítulo IV

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 Após terminarmos nosso almoço, me despeço de Naruto e sigo meu caminho. Penso em voltar ao hospital para avisar a vovó Tsunade, porém imagino que ela já esteja sabendo. Chego em casa e vou em direção ao meu quarto, abrindo a janela para arejar um pouco. "Preciso de um banho" penso. Pego roupas limpas e ando até o banheiro, ligando o chuveiro e entrando debaixo dele logo em seguida. Deixo a água cair sobre minha cabeça, a água morna bate no meu corpo e eu fecho os olhos. Minha mente me leva até o momento onde eu estava entrando no escritório do hokage, quando vi Sasuke depois de tanto tempo. "Como eu senti a falta dele.." penso. Em meio a água caindo sobre meu corpo, minhas lágrimas escorrem.- Não aguento mais!!!- digo chorando.- Não aguento mais esperar por ele! Minha vida está passando...e ele nunca reconhece o meu amor. Eu não quero mais isso pra minha vida!- digo em meio a soluços. Desligo o chuveiro, me enrolo na toalha e saio do banheiro. Enquanto coloco minhas roupas, vou falando para mim mesma que nunca mais iria deixar meus sentimentos dominarem a minha vida desse jeito. Já havia passado tanto tempo e nada tinha mudado: eu continuava o amando. E a cada vez que eu o via depois de tempos, o amor parecia aumentar. O deslumbre era imediato, como se estivesse o vendo pela primeira vez. Eu o amava de verdade, esse era o fato. Mas esse amor não correspondido estava me ferindo. Perdida em meus pensamentos, escuto como se algo estivesse batendo no vidro da porta de minha sacada. Vou até ela e abro. Me deparo com um falcão marrom. Após uns segundos me dou conta de que se tratava do falcão de Sasuke. Me agacho- Mas o que você está fazendo por aqui?- Pergunto e ele se aproxima mais, batendo a patinha no chão. Havia um bilhete amarrado à sua pata, uma mensagem. Retiro o papel e o abro.

さくら、ジムの前で会いましょう。サスケ。

"Sakura, vejo você na frente do ginásio. Sasuke."

Parei por um momento com o papel nas mãos. Olhei para o lado, o falcão já tinha ido. "encontro você na frente do ginásio.." ele quer me ver...mas por quê? Termino de me arrumar e saio de casa, apressada. Mais uma vez esqueci de tudo que prometi para mim mesma, e estava indo de encontro a ele. Andando pela rua, paro bruscamente. "Eu deveria mesmo ir?" Penso em recuar, mas acabo seguindo em frente. As mãos suando de nervoso, avisto o ginásio. "Vou voltar, não estou vendo ninguém ali." Dou poucos passos para trás, decidindo voltar, quando sinto alguém atrás de mim.

- Sakura.- Ouço sua respiração ao pronunciar meu nome.- Para onde estava indo?

- Achei que não tivesse ninguém aqui.- Digo me virando. Ele estava com uma blusa azul marinho de manga comprida e calça preta. Havia trocado as roupas de viagem. Depois que perdeu o braço, Sasuke adotou o costume de usar somente roupas que escondessem isso.

-Venha, precisamos conversar.- Ele disse, passando por mim e andando em direção ao ginásio. Ando ao lado dele, apreensiva.

- É sobre a missão? Quer repassar algo? Acho que Naruto e Sai não devem estar muito longe..-Ele para.

-Não é sobre algo que envolva eles diretamente.- Ele segue andando. Fico em silêncio até chegarmos ao ginásio. Sasuke tenta abrir o portão do ginásio, que era cercado por paredes gradeadas, mas estava trancado. Quando ele se preparava para arrombar o cadeado, eu o interrompo:

- Não existe uma maneira menos vândala de entrar?- Digo. Ele suspira, olha pra mim e pega minha mão, o que me faz arregalar os olhos. Usando o amenotejikara ele nos teletransporta pra dentro do ginásio. Sasuke anda calmamente até a arquibancada e eu o sigo. Ele se senta e eu sento ao lado dele, ambos olhando para frente. Ficamos em silêncio por uns poucos minutos.

- Eu estive pensando todo esse tempo em que estive longe.- Ele quebra o silêncio.- Em todas as coisas que eu disse a você.

- Isso não é do seu feitio.- Digo um pouco surpresa.

- Eu...gostaria de não ser interrompido enquanto falo, Sakura. Por favor...- Ele diz secamente.- Temos uma missão daqui a três dias, uma missão perigosa, algo que chega a ser um rank S em termos de dificuldade e periculosidade. Você está indo com o papel de ninja médica, para nos dar o suporte que precisarmos, caso fiquemos feridos em batalha. Tenho certeza de que tanto eu quantos os outros achamos você uma peça fundamental para a batalha e nos preocupamos com você, mas eu quero falar por mim..- ele suspira- se acontecer algo na missão que me deixe a beira de morte, não tente me salvar.

Eu olho pra ele de olhos arregalados. Meu corpo havia congelado. O que ele estava dizendo? Abri minha boca para respondê-lo, porém ele continuou:

- A missão depende da ajuda de todos. Como eu disse antes, você é peça fundamental da equipe, e você precisa concordar que não seria inteligente usar todo seu chakra e energia pra salvar uma só pessoa e colocar outras em risco. Todos precisarão de você, e o que fará se estiver fraca e seus companheiros precisando de sua ajuda? E, estando fraca, será um alvo mais fácil contra o inimigo, ficará vulnerável. Se eu bem me lembro, Tsunade havia criado uma espécie de regras para os ninjas médicos, e uma delas falava sobre o ninja médico ser o ultimo a morrer. O que seria do resto da equipe se você morresse?

- Sasuke...o que está querendo dizer com tudo isso?- Digo quase sem voz, a verdade é que já havia entendido tudo o que ele havia falado, porém eu me recusava a acreditar.

- Estou dizendo para você me esquecer, caso aconteça alguma coisa comigo em batalha.- Ele diz firme.- Você não pode deixar seus sentimentos te guiarem caso você se depare comigo...quase morto. Digo isso pela segurança da equipe, mas também por nós dois.- Ele faz uma pausa. Olhando pra frente, observando o nada, ele tem os olhos muito firmes. Olho atentamente pra ele, e por um momento vejo seus olhos ficarem levemente marejados. Ele continua:

- Você já me salvou uma vez, quando eu estava com o Naruto sangrando sem o meu braço...na verdade, eu perdi as contas de quantas vezes você se intrometeu no meu caminho e salvou minha vida.- Ele dá um pequeno sorriso de canto.- Mas eu não posso deixar que você faça isso novamente. Você preci..- antes que ele pudesse terminar, eu me levantei e o interrompendo, disse:

- O que você acha que está fazendo?? Me trazendo até aqui, ditando e falando o que eu tenho que fazer...como se mandasse em mim! Dizendo o que eu preciso fazer ou deixar de fazer, é o meu trabalho! E eu sou muito boa no que faço, é a única coisa que tenho certeza. Você aí, desdenhando da minha capacidade, como se eu não pudesse resolver os problemas do meu jeito, sozinha. Você...Você... é tão irritante!!! Age com superioridade, sempre agiu assim!- Ele estava olhando pra mim, embasbacado. O olhar fixo, porém era nítido que ele estava completamente surpreso e sem reação.

- Sakura...eu estou aconselhando você...

- Quem pediu os seus conselhos?? Dizendo quem eu devo ou não salvar...isso só eu posso decidir. Isso é...

- EU NÃO PRECISO SER SALVO!- Ele grita, se levantando. Sua expressão mudou, ele parecia irritado e magoado. Era difícil traduzir, ele nunca foi de fazer muitas expressões.- Eu não quero que você me salve! Eu não tenho mais propósito, ferido eu serei um fardo! VOCÊ NÃO TEM ESSE DIREITO!- Seus olhos se enchem d'água. Nunca havia visto ele dessa forma.

- NÃO CABE A VOCÊ DECIDIR ISSO!- As lágrimas que estavam guardadas em mim caem.- Eu não posso deixar você morrer. Eu jamais me perdoaria...mas pra você isso não tem nenhuma validade, não é? Nunca teve! Você nunca se preocupou com o que eu sentia, nunca se importou. E agora vem aqui me pedir isso...mais um motivo claro de que você nunca se importou com os meus sentimentos sobre você. Essa conversa acaba aqui...

- Sakura...- Ele segura meu braço.- Eu não acabei..

-Mas eu sim. Eu não tenho tempo pra ficar discutindo com você agora. Eu esperava qualquer coisa de você, Sasuke...mas eu sempre me surpreendo toda vez.

Viro as costas e ando em direção ao portão trancado do ginásio. Com um puxão, arranco o cadeado, fazendo o portão se abrir. Saio sem olhar pra trás, deixando Sasuke lá. Já distante do ginásio, minhas lágrimas rolam desenfreadamente enquanto sigo para casa.

Sasusaku- título em andamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora