Capítulo XLVIII

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A tarde era chuvosa quando Sasuke passava pelos grandes portões de Konoha. Havia certo cansaço em seu rosto, mas nada que um banho e uma noite de sono decente o trouxesse de volta para a vida. Antes passaria no escritório do Hokage e entraria em reunião com o líder da vila.
Ora, Sasuke havia passado um mês e meio longe de casa, quinze dias a mais do que o estipulado para a missão. Claro, havia deixado seu superior a par de tudo, assim como Sakura. Não conseguia deixar de dar notícias para sua esposa sempre que pudesse. Talvez a gravidez o tenha deixado sensível e preocupado com qualquer emoção ou nervosismo que a rosada poderia passar, e como método de precaução, sempre que ordenado Garuda cruzava o céu levando notícias suas para a esposa.
Mas agora ele retornava, são e salvo  para Konoha. Para os braços de sua amada. A saudade era algo que o incomodava demasiadamente, principalmente pelo fato de que já não conseguia mais ter uma noite de sono tranquila se não sentisse o corpo pequeno e espaçoso de sua mulher, o qual ele adorava abraçar durante a noite.
Aproveitou a longa viagem para usufruir de sua própria companhia, assim colocaria em ordem todos os seu sentimentos. Com o tempo, passou a aceitar e gostar da ideia de ser um pai, e sua ficha de que teria uma família de verdade caía. A viagem o beneficiou, afinal. Mal podia esperar para voltar e rever sua esposa, talvez com uma barriga saliente que ele estranharia ao ver de início, mas que não o incomodaria de maneira nenhuma. Sentia falta de Sakura. Era óbvio, não era? Não só pelas noites mal dormidas, mas pela ausência de sua companhia, seu senso de humor diferente e seus pequenos dramas constantes. Ela o arrancava risos até de longe, quando em qualquer momento do dia se recordava de alguma frase boba e engraçada que ela havia dito. Ele pensava nela todos os dias de sua viagem. Recordava de seu cheiro, de seus olhos grandes e verdes que o encaravam amorosamente sempre que o encontrava. Das noites de filmes que ela insistia para que ele escolhesse algum enredo, mas não podia ser sobre terror, ela morria de medo. De como ela adorava fofocar com ele sobre as novelas que cismava em ver quando chegava do trabalho, e que se perdesse um capítulo sequer praguejava como uma velha. Por conta dessas fofocas, ficou a par das benditas novelas, e concordava com ela que quem havia matado o tal motorista era sim o empresário vingativo.
Sasuke repassava esses detalhes sempre que podia em sua cabeça, quando perdia o sono no meio da noite. Como era estranho amar. Ela estava impregnada em sua vida, como um perfume forte se impregna no corpo. Ele amava tão intensamente, que as vezes achava loucura. Embora não demonstrasse na mesma intensidade que sentia, já havia percebido que sua esposa entendia sobre seus sentimentos sem que ele precisasse dizer. Mas queria mudar, queria falar mais, mostrar mais, sentia que ela merecia isso. Tentaria de alguma maneira transmitir isso nem que fosse aos poucos.

Após adentrar o escritório do Hokage e antigo sensei, tudo sobre sua missão foi repassado. Era mostrado em documentos, provas concretas e pelas palavras do próprio Uchiha, que fazia questão de explicar até os pequenos detalhes. Também adiantou em seu tempo livre na viagem todos os possíveis relatórios que deveriam ser pedidos pelo Hokage, no intuito de se livrar de trabalho após retornar para casa. Foi elogiado pela competência, é claro, e não se importou com o elogio, só queria escutar as palavras que desejava ouvir desde que colocou os pés de volta à vila.

- Está dispensado.

O Hokage proferiu as palavras desejadas e com um simples aceno de cabeça partiu dali, saindo rapidamente do prédio e andando pelas ruas molhadas com a insistente garoa que havia se instalado na cidade. Depois de uma breve caminhada, avistou o imóvel onde residia. Pensou por alguns segundos que aquilo não era lar para uma família de três, e anotava mentalmente que deveria conversar sobre uma futura mudança com a esposa. Sua esposa. Sakura abriu a porta que ele gentilmente havia batido minutos antes, com o intuito de fazê-la abrir e se surpreender com a volta sem avisos dele. E foi isso que aconteceu. Sakura arregalou os olhos e o largo sorriso tomou conta de seu rosto, fazendo aqueles mesmos olhos esmeralda sumirem e restarem apenas riscos no lugar.

Sasusaku- título em andamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora