Capítulo LXIV

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Os dias haviam sido puxados, mal tinha parado para dormir. Não que fosse de dormir muito quando estava em missão, já havia se acostumado com as pouquíssimas horas de sono que tirava todas as noites. Mas estava pregado. Tão cansado que parou para fazer um café, senão não conseguiria prosseguir com os olhos abertos. Aqueceu a água e fez sua clássica medida: dois dedos de água para um sachê inteiro de café. Sorveu o líquido amargoso, que desceu quente por sua garganta, já que nem havia se dado o trabalho de assoprar antes. Olhou em volta do pequeno arraial onde se encontrava e resolveu escorar em uma árvore nem que fosse por cinco minutos, só para acalmar o corpo cansado. Não queria ter feito aquela parada, mas se não a fizesse provavelmente cairia no meio do caminho sem chakra e com exaustão. Fechou os olhos lentamente, os abrindo rapidamente em seguida. O movimento se repetiu algumas vezes, o deixando irritado. O café não teve o efeito que desejara. Talvez fosse por fazer isso frequentemente, ou pela idade que já juntava. Não que fosse velho, mas já tinha um filho às portas dos dezessete anos, quase metade de sua idade. Tinha saudades do filho. Imaginava o rosto do rapaz, deduzia que estaria com seu rosto aos dezessete, já que eram muito parecidos, tirando os olhos que eram da esposa. A esposa...a saudade que sentia da rosada era tão grande que o afligia demasiadamente. O incomodava o fato de ter perdido datas importantes, como os aniversários do menino, os da esposa e os de casamento, também sabia que a essa altura o filho já estaria se encaminhando para servir como jounin, isso se já não fosse. Ele possuía o desejo de inserir o unigênito ao meio anbu, isso se o parceiro Yamanaka concordasse, já que eram os dois que regiam o departamento.
Abriu os olhos e percebeu que tinha cochilado. Olhou em volta, tudo estava como quando chegou, mas o sol já se despedia no horizonte. Pensou por uns minutos se continuaria o trajeto ou se parava para "dormir". Ainda faltava um dia de caminhada, então decidiu ficar para partir na manhã seguinte, calculando que pisaria em Konoha no início da noite.
E assim aconteceu. Quando avistou os grandes portões a noite já havia caído, e os jounins encarregados vigiavam da guarita. Passou por eles e apenas com um aceno de cabeça os cumprimentou. Seguiu adiante pelas ruas, não demorando muito para avistar a torre do Hokage.
Ao chegar, deu passos curtos e rápidos até a porta do escritório, que ele bateu e logo após entrou, tinha pressa em repassar tudo o que colheu nesses últimos tempos fora. Encontrou o rosto familiar, com seu sorriso expansivo de sempre e olheiras marcadas por noites mal dormidas, parecidas com as suas. O Uzumaki morava mais no escritório do que na própria casa, o que ele achava um pouco errado, mas não tinha certa moral para julgar.
Naruto veio de encontro até o meio da sala, colocando as mãos na cintura e ainda com o sorriso, agora não tão largo quanto antes.

- Finalmente!- O loiro disse.- Achei que não demoraria tanto tempo para chegar, mas claramente me enganei.

- Demorou mais do que calculei também.- Sasuke disse simplesmente.- Bom, vamos ao relatório.

- Espere, não acha melhor descansar antes? Vá para casa, reveja sua família primeiro. Amanhã concluímos isto.

- Naruto, apenas comecemos logo com isto.

O Uzumaki assentiu, voltando para sua mesa. Sasuke o acompanhou, sentando de frente para a mesa com muitos papéis empilhados.
A reunião demorou algumas horas, minando o resto de energia que possuía em seu corpo. Quando acabou, se despediu do hokage e foi para casa, finalmente para casa.

Quando parou de frente para a porta de entrada, a encarou por alguns segundos, cogitando se bateria ou entraria de uma vez. Mas já era tarde, e concluiu que tocar a campainha ou até mesmo bater à porta seria um incomodo aos seus. Interrompendo seus pensamentos, dentro daqueles poucos segundos onde ele decidia o que fazer a porta se abriu, revelando uma Sakura assustada e agitada.

- Sa-sa...Sasuke-kun...- A rosada disse com os olhos arregalados, e Sasuke pôde ouvir os batimentos de seu coração acelerados mesmo sem tocá-la. Estava visivelmente nervosa.

Sasusaku- título em andamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora