Sasusaku- título em andamento

Capítulo V

Deitada em minha cama, vejo o entardecer. A brisa batendo nas árvores, fazendo folhas caírem aleatoriamente pelo chão. Minha cabeça dói. Havia chorado por um bom tempo, praticamente o caminho inteiro para casa. Não era só minha cabeça que doía, mas meu coração também. As palavras de Sasuke se fincaram na minha mente. Eu não podia discordar dele totalmente, o que ele dizia tinha certa coerência. Mas ele dizer isso dois dias antes da missão...foi muita pressão, muita coisa para lidar. Não tinha passado na minha mente a possibilidade do que ele citou ocorrer, afinal sempre achei Sasuke um shinobi tão forte...mas isso não significava que ele era indestrutível. No fundo, ele é quem estava certo de pensar em todas as situações possíveis de ocorrer em uma missão. Cortando meus pensamentos, escuto baterem na porta. Me levanto e vou em direção à entrada, me deparando com Ino.

- Soube que você já estava em casa, então vim ver você.- Ela diz docemente.

- Olá Ino...venha, entre.

Ino entra e tira os sapatos. Andamos até a sala e nos sentamos. Ela parecia meio pensativa.

- O que a trouxe aqui?- Pergunto curiosa.

- Bom...eu soube da missão. Sai me contou.- Ela diz dando um leve sorriso.- Pelo que ele contou, será uma missão bem perigosa, né? 

- Sim...partiremos daqui a três dias.- Respondo. 

- Então é verdade...ele realmente voltou, depois de tudo.- Ela diz olhando para mim.

- Sim.

- Já conversaram?

- Já. E brigamos também.

- Brigaram??- Ela diz assustada. - O que aconteceu?

- Ino...se você tivesse sido convocada para uma missão onde na equipe o Sai estivesse, e ele te dissesse que caso acontecesse algo que o machucasse gravemente você estaria proibida de salvá-lo, o que você faria?- Pergunto, mantendo meu olhar fixo no chão.

- Eu jamais obedeceria ele.- Ela diz firmemente. Meus olhos começam a marejar e eu coloco as mãos em meu rosto.- Não me diga que o Sasuke...

- Sim. Por isso discutimos.- Digo tirando as mãos do rosto e deitando minha cabeça na poltrona.

- Mas porque ele te pediu isso?? Qual o sentido?- Ela perguntou indignada.

- Disse que não seria inteligente gastar todo o meu chakra o salvando e deixando o resto da equipe na mão. Que ele não precisava ser salvo. Disse que eu não poderia colocar sentimentos pessoais em uma missão.

- O Sasuke é mesmo um idiota...- Ino resmungou.- Quer dizer...o que ele disse até faz sentido, mas dizer dessa forma, e logo pra você? Ele não mede as palavras.

- Sasuke nunca soube dizer pela metade...-digo.- Ele sempre disse tudo o que queria, sem se importar com quem estava ouvindo. Mas eu achei...eu achei que depois de tudo o que aconteceu antes dele partir tivesse influenciado pelo menos um pouco no tratamento dele comigo, com as pessoas. Acho que estava enganada.

- E o que você vai fazer? Digo, você sabe que em uma missão tudo pode acontecer, não é? E se ele se ferir...você vai obedecer o pedido dele?- Ino pergunta.

- Eu jamais me perdoaria se ele morresse por negligência minha. - Digo passando a mão pelos cabelos.- Não foi para isso que eu quis me tornar uma ninja médica. Ele não pode me impedir de salvá-lo, é o meu dever. E eu o amo...não conseguiria vê-lo ferido e não fazer nada. No fundo ele sabe que o que me pediu é impossível.

- Não acho que você deva escutá-lo...- Ela diz cruzando os braços.- Bom, ele nunca a ouviu também, não é? O que ele diz tem certo sentido, mas ele não se colocou no seu lugar quando disse aquelas coisas. Quero que você lute e defenda não só ele, mas como a todos da missão. Eu não acho, eu tenho certeza de que você dará conta de tudo. E no fim, vai poder mostrar pra ele que você pode muito mais do que ele pensa.

- Ino...- Digo com os olhos marejados.- Obrigada...- Ino sorri.

- É para isso que servem as amigas, certo?

- Certo.

Após conversarmos, Ino se despede. Ela sentiu que eu não estava bem e veio até minha casa. Mesmo com nossas diferença do passado, brigas bobas pelo Sasuke, nós ainda éramos verdadeiras amigas. Me deitei naquela noite grata por saber que além de Hinata, tinha ela para poder contar no que eu precisasse.

O dia amanhece e eu acordo empolgada. "Dois dias para dar o meu melhor!" Digo me levantando da cama. A caminho do hospital, encontro com Shikamaru, assim que me vê sua feição muda, e ele vem até mim.

- Sakura, bom dia. Foi bom te encontrar logo cedo.- Ele diz. Seu olhar parece tenso.

- Olá Shikamaru, bom dia. Por que, aconteceu algo?- Pergunto, preocupada.

- Bom...talvez você fosse comunicada quando chegasse no hospital, mas já que te encontrei antes, é até melhor. O hokage quer ver você.

- Outra reunião? O que houve?

- Bom, não posso tratar desse assunto com você, apenas ele.

- Entendo...obrigada por me avisar, Shikamaru, estou indo pra lá agora mesmo.

- Certo. Até logo, Sakura.- Shikamaru se despede. Caminho até o escritório do hokage, pensativa. "Shikamaru parecia estranho...ele sabia do que se tratava, mas não me contou. Será que envolve a missão?" Chego até o escritório e bato na porta. Do lado de dentro, escuto Kakashi autorizar minha entrada.

- Ah...Bom dia, Sakura. Como está?- Kakashi diz, levantando os olhos dos papéis que lia.

- Bom dia...estou bem. Soube que queria falar comigo, algum problema?

- Bom...tenho que conversar sobre a missão para qual foi convocada. Sakura, infelizmente estou te tirando da missão e colocando Shizune em seu lugar.

- Mas...como assim Kakashi-sensei, aconteceu algo?- Pergunto desacreditada.

- Achamos melhor colocar a Shizune...questões práticas, apenas.- Ele diz, mas não consigo me convencer.

- Kakashi-sensei...- Digo me sentando.- você pode ser sincero comigo. Por favor, sabe que não vou acreditar que o braço direito da senhora Tsunade vá deixar o posto de uma hora para outra.

- Sakura...a verdade é que ontem Sasuke veio até o meu escritório e me pediu para fazer essa mudança. Ele disse que conhece algumas das habilidades de Shizune e que acha que elas irão ser úteis em batalha.

- Ele... o quê?- Digo chocada. Eu não estava acreditando que Sasuke após nossa conversa tinha ido até o hokage me tirar da missão. Como ele pôde?? Tento me recompor e olho para Kakashi.

- Acredito que isso seja algo para vocês decidirem entre si. Contanto que logos após decidirem me informem das mudanças, se houverem mais algumas.

- Claro, sensei...era apenas esse, o comunicado?

- Sim sim...você já pode ir.- Me levanto e saio da sala. Minha mente pairava em raiva, frustração e mágoa. Ele estava sendo infantil, eu não estava crendo. Saio do prédio determinada a encontrá-lo. "Ele vai me ouvir, querendo ou não!"