Profanação - 5. O Natal Sombrio

13 0 0
                                    


Campinas   24/12/2007 - Parque Dom Pedro Shopping.

— O shopping havia sido inaugurado a pouco tempo, e por isso recebia muitas visitas de todos os lugares e até hoje recebe e nessa data estava havendo o evento de natal aonde havia um local especifico para as crianças sentarem no colo do Noel e fazerem seus pedidos, os pais estavam muito contentes e as crianças também, formava-se uma fila enorme para recebe-lo e foi então que ele chegou, um senhor forte, bem velho e alto, dava-se para ver que sua barba era legitima e não do traje, carregava consigo uma enorme sacola avermelhada quase de seu tamanho, parecia ter muitas coisas ali dentro e as crianças amaram vê-lo chegar, assim que ele se sentou em sua poltrona e começou a atender as crianças e seus pais, ele chamou a primeira, era  Bella, ela foi saltitando e sentou em seu colo. Nesse momento ele a tratou com muito amor e carinho, abraçou ela, beijou suas bochechas rosadas, sentiu seu cheiro juvenil de 5 aninhos e logo perguntou o que ela desejava de natal. Nesse momento Bella pediu o que a maioria das meninas de sua idade pedem, uma boneca a que queria chamava-se bebe amorzinho. O noel olhou bem nos olhos de Bella a encarou por alguns segundos e cochichou algo em seu ouvido, logo em seguida ele estendeu seu braço ao saco do lado dele e pegou la de dentro uma caixa e nela estava embrulhado o presente de Bella, ele a entregou e logo a liberou.
O evento continuou e foi por uma boa parte da noite, voltando para casa, Bella parecia estar muito cansada pois nem sequer abriu o presente quando o recebeu e muito menos quando chegamos em casa, uma atitude muito estranha para uma criança, ainda mais porque acabara de receber seu presente favorito.
Ela subiu para seu quarto com o pacote nas mãos sem dizer uma palavra, em seguida o colocou em baixo de sua cama, trocou sua roupinha e deitou em sua caminha, apesar do comportamento estranho ela parecia estar bem, já estava tarde então a madrugada caiu logo.
No decorrer da noite, barulhos estranhos sondavam a casa, o primeiro som veio da cozinha.
Foi então que o pai de Bella levantou-se, achando que podia ser algum gato invadindo a casa ou um ladrão talvez, pegou um porrete que ficava encostado atrás da porta do quarto e a abriu caminhando encostado na parede, acompanhado apenas das luzes das janelas e da lua que vinha de fora, para se caso fosse alguém não chamar a atenção.
Em silêncio ele foi até o mais próximo que pode de onde vinha o barulho, e olhou por entre frestas para ver se tinha realmente algo na cozinha, sobre a luz da lua e ainda no escuro ele não avistou nada, assim decidiu ascender a luz. Olhou por todos os cantos e nada havia, então ele simplesmente tranquilizou-se abaixou o porrete e apagou a luz. 
Foi nesse exato momento que algo estranho apareceu em cima da pia da cozinha, parecia ser a penumbra de uma criança, assustado achando que era coisa da sua imaginação ele reacendeu a luz e a penumbra sumiu. Ainda assustado ele levanta o porrete de novo e com os senhos franzidos ele apaga a luz novamente. A penumbra da criança reaparece em cima da pia, mas dessa vez ela estava com uma faca e falou com uma voz sibilante e fantasmagórica.
-Você quer brincar? — Nesse momento Edy que era o pai de Bella com um medo extremo tentou reacender a luz, mas ela queimou, e foi assim com todas as outras da casa toda, uma a uma estouraram, Edy correu  de lá e foi em direção ao corredor que dava ao quarto e nesse momento eu despertei, nunca havia visto Edy tão assustado e logo perguntei o que estava acontecendo, em rápidas palavras ele me explicou e eu preocupada com Bella tentei abrir a porta para irmos busca-la, pois havia algo maligno em nossa casa não podia permitir que pegassem minha pequena bebe. Tentei abrir a nossa porta, mas uma força gigantesca a segurou do outro lado, tentei por muitas vezes desesperada abri-la, mas não consegui, as janelas do quarto que estavam abertas para entrar vento, também se fecharam com tamanha força que os vidros nelas estouraram, nossa cama de casal levantou-se sozinha e chocou-se contra a parede, eu e Edy assustados encostamos na porta pedindo socorro e nesse momento ela se abriu com um forte impacto lançando eu e ele do outro lado do quarto, próximos a janela. Edy se agarrou a mim tentando me proteger, e perguntava quem era e o que queria. No escuro e assustados não conseguimos ver muita coisa. A voz assustadora voltou a falar e disse.
— Você não quer brincar comigo papai?! - Era Bella com a maior faca da casa na mão. — Então você não me ama mais?! -Edy tentou responder. — Filha o que esta fazendo?! - Mas Bella retrucou com uma voz diabólica que jamais seria dela. — Eu também te odeio PAPAI!!! 
E lançou um urro estridente, que tremeu a casa inteira, jogou a faca na garganta de Edy e em seguida olhou em meus olhos dizendo adeus e se decapitou... -Lágrimas escorrem no rosto de Yngrid mãe de Bella e que segurava a boneca em seu colo. 
A boneca estava em um de seus braços quando seu corpo caiu morto na casa essa é a ultima lembrança de minha pequena filha, senhor... —Me chame apenas de M.  -Respondeu o homem encapuzado. — Sabe senhor M., o senhor me trouxe lembranças que me assombram até hoje e que jamais vou esquecer e o mais estranho disso tudo, é que vejo nessa boneca os olhos de minha filha. -Respondeu a mãe desolada olhando para o rosto da boneca que ainda estava com ela. —Sabe senhorita Yngrid, as vezes é melhor se desfazer do passado, pois ele pode nos assombrar pelo resto de nossas vidas e eu estou aqui para ajuda-la nessa jornada. 
Assim o homem de capuz pegou a boneca e perguntou. — Posso ficar com ela, assim você jamais se permitira viver nessa tortura.
Yngrid balançada pelas lembranças aceita e assim o homem de capuz deixa os aposentos da mulher que nesse momento tomava seus remédios de ansiedade e depressão para conviver com suas perdas.





Contos do SubmundoOnde histórias criam vida. Descubra agora