Profanação - 1. O Hóspede Silêncioso.

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Olá meu nome é Ingrid, tenho 26 anos, sou professora de música e atualmente moro sozinha, namorei um rapaz por 10 anos, mas em uma maldita sexta-feira em que eu estava dando aula de piano para meus alunos em um colégio que trabalhei, recebi uma mensagem no whatssap, alguém anônimo me mandou, nela dizia que ele estava me traindo com uma amiga minha, também dizia que ele sempre ia na casa dela poucos minutos depois que eu saia para trabalhar e voltava pouco tempo antes de eu chegar das aulas. Tive que confirmar com meus próprios olhos e infelizmente quebrei a cara, sai mais cedo do serviço, coisa que nunca havia feito até então, quando estacionei meu carro poucos metros da casa da vagabunda esperei ele sair, vi os dois aos beijos na porta da casa dela antes de se despedirem, furiosa desci do carro, peguei o aspirador de pó portátil no porta malas, e corri na direção dele, acertei a cabeça do maldito em cheio. Claro, sou uma lady tive que agir como tal. Infelizmente ele sobreviveu, ficou apenas com uns pontos na cabeça. Depois disso terminamos, fiquei arrasada, mas atualmente estou maravilhosa, aquele lixo orgânico não me merecia mesmo, vendi o carro e me mudei de onde moravamos, pois ele dizia estar arrependido e queria que tudo voltasse a ser como antes, mas confiaça é como vidro, quebrou uma vez, não se concerta mais, ele me mandava áudios, mensagens, ligava e até me perseguia em alguns lugares, ele achava que não, mas eu percebia o traste em alguns cantos escondido me observando de longe. Tive que sair da minha cidade e mudar de número ele não me deixava em paz, parecia louco. Agora estou dando aulas para alguns alunos em outro colégio no centro de uma cidade chamada Campinas. Aluguei uma casa por aqui, não é grande, mas cabe eu lá dentro e não é tão cara.
Todas as manhãs saio para caminhar, coisa que não fazia antes graças a minha preguiça de praticar esportes, em um grupo de três rapazes, que por sinal são atléticos e lindos, duas senhoras de idade e uma garota que aparenta ter dezessete anos mais ou menos.
-Bom dia, Ingrid. -Um rapaz formoso e de olhos castanho claro e uma roupa esporte começou a correr ao meu lado seguindo meu ritmo. -Bom dia... -Respondi, não me lembrava daquele rapaz na caminhada. -Prazer meu nome é Richard, para os íntimos apenas Ric, me mudei a pouco tempo para a cidade com propósito de estudar e essa lagoa do Taquaral parece ótima para momentos de lazer, seria muito bom poder ter sua companhia mais vezes, com você tudo parece ainda melhor.
Ric abriu um sorriso encantador e foi ali que começamos a nos conhecer, saímos algumas vezes e a relação foi ficando intensa, ele possuía um encanto genuíno e sua companhia sempre me trazia conforto. Uns dias depois ele passou no colégio e me buscou, a pé, disse que sempre iria fazer isso, já que o horário que eu saia era perigoso, e realmente caminhar por vinte minutos sozinha até minha casa as dez horas da noite não era a atividade mais segura do mundo. Fomos o caminho todo rindo de coisas engraçadas que ele contava, sem dúvidas ele sabia encantar uma mulher. -Ingrid o que é aquilo? -Eu não havia visto nada, por estar distraída com a conversa, mas pelo semblante dele ter mudado tão repentinamente, fiquei um pouco preocupada, ele parou me abraçou e decidiu voltar, sem entender o que estava acontecendo questionei. _O que foi Ric? Você está me assustando!
-Shiii! _Ele pediu para que eu ficasse em silêncio e de repente começou a falar sussurrando.
-Tem alguma coisa seguindo a gente, precisamos sair daqui rápido.
Meu coração disparou, começei a tremer de medo, o que ele tinha visto que o deixou naquele estado de pânico? Talvez fosse só um vulto ou um... Meu Deus, realmente tinha algo vindo em nossa direção, ouvi passos vindo extremamente rápidos pelas costas, não tive coragem de olhar para trás, estavamos sem muitas direções para ir, porque desciamos a calçada do bosque, dos nossos lados so havia árvores e matagais, naquele momento não havia ninguém perto, fiquei com ainda mais medo, Ric estava sério e também não olhou, apenas seguia o caminho, fiz o mesmo, ainda que andassemos rápido os passos se aproximavam de nós, foi então que ao ouvir eles em cima da gente não aguentei e me agarrei no peito de Ric chorando de nervoso fechei os olhos e gritei_Ah! Não... Por favor... não nos machuque, por favor!
Gelei de pavor e chorava de pânico.
-Ei, coração! _Era a voz do Ric, parecia mais serena, ele limpou minhas lágrimas e ergueu meu rosto. -Era so um gatinho, olha lá.
Naquele momento desabei, não sabia se de alívio ou de pressão, o susto foi tamanho que não sentia nem minhas pernas, com a voz trêmula tento responder ele. _Meu Deus Richard! você quer me matar do coração?! -Mil perdoes meu anjo, não foi intencional, talvez eu tenha interpretado errado o que vi... _Ele tentou se explicar. -Muito errado né! -Retruquei nervosa, mas tudo bem vamos embora.
-Espera, parece que ele está ferido.
Era um filhote, parecia ter uns seis meses e havia se machucado pouco acima da cabeça, pegamos ele e trouxemos para minha casa, para fazermos os cuidados necessários, Ric me ajudou e logo em seguida foi embora disse que ligaria quando chegasse em casa.
-Oi graçinha, seus olhos não me parecem estranhos. Acho que vou te adotar, ainda não sei que nome vou te dar, quando Ric ligar escolhemos juntos.
Deitei na cama e esperei a ligação, o gatinho não se mexia de onde ele se sentou, ao lado da cabeceira da minha cama, olhei para o teto pensando no que aconteceu. Tudo foi tão estranho, os passos não pareciam ser de um gato, mas talvez fosse coisa da minha cabeça, desliguei a luz e deixei só o abajur ligado, estou cansada, talvez coxile um pouco antes de Ric me ligar.

Richard fechou o diário de Ingrid e ao terminar de ler com lágrimas nos olhos também fechou as palpebras de sua amada, ela estava morta dilascerada e ensanguentada na cama enquanto tudo no quarto estava revirado, no celular dela, inúmeras chamadas de Ric.

-O que aconteceu com você Ingrid?..._Sussurrou cabisbaxo, sentado ao lado de seu cadáver na cama fria, tentando entender o que havia acontecido.

Enquanto uma mão negra com garras e sangue deslizava pelo lado de fora do vidro da janela e desapareceu.

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