vinte e um

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Os próximos dias passaram em agonia para todas as colegas de quarto. Rosé, entretanto, estava pior do que as outras três meninas. Ela havia acabado de se abrir e se deixar aproximar de Jennie, somente para que a menina menor fosse levada para longe dela. O tenebroso pensamento de que Jennie podia terminar na cadeia e nunca voltar para casa aterrorizava Rosé.

Em todos os seus anos na Terra, Rosé nunca havia sofrido uma perda tão grande quanto essa. Claro, ela havia perdido sua tia a uns anos, mas não lembrava nada sobre a mulher. A mãe dela a havia xingado por colher flores no enterro ao invés de se juntar aos seus parentes, mas Rosé simplesmente não conseguia se sentir triste sobre a perda de alguém que ela mal conhecia.

Agora Jennie era outra história. Rosé se importava imensamente com a menina mais velha. Sim, ela costumava odiá-la. Mas achava impossível agora, depois de aprender sobre a mais nova. Rosé achava impossível odiar alguém depois de descobrir o suficiente sobre eles. Depois de aprender os reais motivos da pessoa, era mais fácil para simpatizar com ela.

A menina passou o resto do fim de semana na cama. As outras meninas entravam em seu quarto e checavam se ela estava bem ocasionalmente, mas depois de chicoteá-las várias vezes, elas decidiram que seria melhor dar à menina o seu espaço.

Foi apenas às onze horas da noite de um domingo que Rosé se deu conta de que tinha aula no dia seguinte. O que significava que ela deveria entregar mais um de seus projetos independentes. Depois de considerar faltar aula, Rosé eventualmente conseguiu se tirar da cama.

Ela ligou as luzes do seu quarto e procurou pela sua mochila. Seus olhos escanearam as cores de tinta que havia escolhido, fazendo uma careta para as cores vivas que havia trazido para casa. Eventualmente, ela guardou todas novamente, menos duas, em sua mochila.

Usando o preto e o branco, ela misturou uma variedade de cinzas em sua paleta. Cinza. Porque sem Jennie, tudo parecia perder sua cor. Cores claras apenas a lembravam do que ela poderia possivelmente perder.

Rosé procurou por uma tela em seu armário, jurando que havia uma guardada. Seu coração parou quando achou o que estava procurando. Parecia um pouco diferente do que ela esperava, na realidade.

Ao invés de encontrar uma tela em branco, encontrou uma tela branca - coberta dos rabiscos infantis de Jennie. Ela deveria ter feito isso na manhã em que também rabiscou seu caderno.

Sentindo lágrimas se formando em seus olhos, Rosé praticamente jogou sua tela no cavalete e começou a jogar cegamente tinta sobre os rabiscos coloridos, querendo tirá-los de vista o mais rápido possível.

Alguns minutos e algumas lágrimas depois, olhou para sua paleta apenas para ver que havia usado toda a tinta. Olhando novamente para sua tela, ela mordeu o lábio quando se deu conta do quão grossas eram as camadas que havia feito para cobrir os desenhos. Tinta escorria da tela, pelo cavalete, e deixava pequenos pontos no chão.

Ficando extremamente frustrada consigo mesma, Rosé jogou seu pincel no chão e grunhiu. Ela voltou para a cama e se cobriu com os cobertores, se encolhendo no mesmo lugar em que havia passado o fim de semana todo.

Houve batidas na porta alguns momentos depois. Sem nenhuma resposta, Lisa permitiu-se entrar no quarto. Ela levantou uma sobrancelha para a pintura antes de caminhar e sentar na ponta da cama.

"Como você está?"

Rosé suspirou, sentando e esfregando os olhos. "Por que nós não podemos... Sei lá, roubar essa merda dessa garota e fugir do país?"

"Porque daí iríamos todas para a prisão, idiota," Lisa riu suavemente. "Está ficando tarde..."

"Eu sei," Rosé olhou para o relógio. "Eu tenho aula amanhã."

yellow - chaennieOnde histórias criam vida. Descubra agora