episode four part. 1

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Era ele, senti meu coração acelerar quando seu sorriso me recepcionou, me senti anestesiada, só com um sorriso e um leve toque no ombro.

-ei- ele disse sorrindo.

-oi- falei com a voz falha.

-tá tudo bem?- ele perguntou.

-tá sim.- sorri pra ele, tentando me recuperar do choque que foi vê-lo.

-eu demorei muito?-perguntou preocupado.

-não, cheguei agora pouco- o tranquilizei.

-você tá linda- me elogiou.

-obrigada- sorri tímida, não tinha me arrumado tanto, o calor não deixou, e como ficaríamos na praia não achei muito confortável estar super montada.- você também está lindo.

-obrigado.- ele mordeu o lábio inferior e deu um sorrisinho que agitou meu coração.- vamos?- perguntou.

-claro.- concordei.

Fomos andando lado a lado até o local, o vento forte me fez sentir seu perfume bom que só fez as borboletas no meu estômago dançarem e meu coração pular ainda mais, em especial quando seu braço encostava no meu sem querer.

Ao chegarmos, nos sentamos a uma das mesas dispostas sobre a calçada, pegamos o cardápio e fizemos o pedido.

-como foi seu dia?- ele me perguntou desenvolvendo um assunto.

-confesso que foi bem pouco produtivo, o calor não me deixou trabalhar.- contei.

-é realmente hoje estava muito quente, bem mais que o normal.- falou olhando para o céu.

-isso dificulta muito minha concentração- falei.

-eu entendo.- falou sorrindo.

-e você?- devolvi a pergunta a ele.

-senti bastante o calor hoje, mas fechei a oficina pra ajudar meu pai em alguns assuntos, então o calor não me prejudicou no trabalho- respondeu.

-fiquei super animada de você ter escolhido esse lugar para virmos, principalmente quando vi a temperatura do dia.

-que bom que você gostou. Vem muito a praia?- continuou a conversa.

-gosto de vir caminhar aqui no domingo de manhã, é bem tranquilo.- falei.

-sim, já vim algumas vezes com meu irmão, o Joca, que você já conheceu, mas ele começou a faculdade e não tem mais vida social.- ele contou rindo.

-entendo muito ele, eu era do mesmo jeito- falei o acompanhando na risada- qual o curso que ele faz?

-engenharia mecânica, na UFPE- falou.

-nossa sério?

-sim, ele conseguiu entrar lá por pouco.- disse.

-fico feliz por ele, a universidade federal dá muitas oportunidades.- falei animada.

Conversamos durante um bom tempo, comemos os sanduíches que estavam muito bons e resolvemos passear pelo calçadão.

Depois de um bom tempo conversando rindo e sentindo o vento a beira mar ele me acompanhou até o carro.

-obrigado por hoje- ele disse- você é uma pessoa incrível.

-imagina, não sou nada disso.- falei envergonhada.

-claro que é, o pouco que eu te conheço, só me faz ter vontade de conhecer mais.- ele falou colocando uma mecha do meu cabelo pra trás da minha orelha, o que me deixou um pouc tensa.- tá tudo bem?

-sim, eu só...- me perdi nas palavras, e o evitei com o olhar.

-eu não quero de pressionar nem nada do tipo, também entendo todos os seus motivos pode ficar tranquila, somos amigos, certo?- ele perguntou.

-claro- falei voltando a olhar pra ele.

-cuidado no caminho.- ele disse abrindo a porta do carro.

-você também. Cuide-se.- falei o abraçando, sem pensar muito, e sendo retribuída.

Aproveitei um pouco o seu toque, seu cheiro direto da fonte, até nos despedirmos, ele esperou eu entrar no carro e dar partida para poder tomar seu caminho também.

[...]

No domingo de manhã saí cedo pra caminhar em Boa Viagem, gostava de ir antes das sete da manhã, podia correr tranquila sem me preocupar em esbarrar em ninguém, não que eu fosse super antissocial, ou talvez eu seja um pouco, mas gosto de correr pra pensar na vida e me distraio muito fácil, com certeza esbarraria em alguém.

O domingo, na hora da minha corrida, é quando coloco os pensamentos da semana em ordem, o que fiz, o que deixei de fazer, os motivos pelos quais realizei ou deixei de realizar algo. Pensei na conversa com o Vinícius, no basta que dei ao nosso relacionamento, que nunca foi pra frente, e sua traição só me fez enxergar que já deveria ter acabado a muito tempo, mas nunca tive coragem.

E o Vítor, como cheguei até ele, porque estou reagindo dessa forma com ele, mas não posso ir mais além, não quero metê-lo na bagunça da minha vida, já me disse isso várias vezes, mas não me convenço e isso me assusta, não sei o que ele tem, que me deixa tão bagunçada.

Corri por uma hora com pequenas pausas pra beber água, antes de ir pra casa tomei uma água de coco enquanto retomava o fôlego totalmente, e voltei.

A tradição de todo domingo com a minha família era almoçarmos todos juntos, eu sei brega, muito brega, mas eu sempre ia, só que dessa vez eu não queria encarar meus pais voltando ao assunto do término do meu relacionamento, ou me olhando de canto de olho como se eu tivesse feito algo errado, talvez pra eles tivesse mesmo.

Por isso resolvi não aparecer, só avisei que não estava me sentindo bem e fiquei em casa. Aproveitei pra colocar algumas coisas do trabalho em ordem, arrumar um pouco meu local de sobrevivência, e tomar sorvete vendo filme velho.

Acabei dormindo no meio do filme, e só acordei ás 16 horas, com meu celular tocando em cima da mesa de centro.

Era a Laura.

-oi irmã.- sua voz falou do outro lado da linha.

-oi, aconteceu algo?-falei me sentando no sofá, e me recompondo da soneca.

-então...- ela disse, parecia recosa.

-fala logo.- disse sem paciência.

-eu meio que fiz merda.- continuava enrolando.

-dá pra você desembuchar de uma vez?- estava cada vez mais impaciente.

-bati o carro.

continua...

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in the middle of my path [ss]Onde histórias criam vida. Descubra agora