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Por Anahí

Ahh pronto, estou morta. Morta não, estou morta e enterrada, aquele homem me causa arrepios, mas não sei se é bom ou é ruim isso, sinto que falta algo nele, mas eu não sei que é. Ele tem uma filha maravilhosa, que não dá amor e uma noiva linda, desculpa mas ela é linda e é rico, não que riquesa traz a felicidade completa, mas ajuda em uma boa parte dela.

- Anahí. – Chamou-me Ucker. – Deixe, eu vou conversar com ele. – Fixou seu olhar no meu.

- Não precisa. – Esbocei um sorriso. – Eu vou falar com ele, não se preocupe. – Ele assentiu e foi perto de Larissa, que estava com os olhos arregalados, então fui em direção ao escritório do poderoso chefão, bati algumas vezes e ele me mandou entrar, assim o fiz.

- Feche a porta, por favor. – Respirei fundo e fechei-a. – O que você pensou que estava fazendo? – Questionou-me enquanto estava me aproximando de sua mesa.

- Eu só pensei que ... – Ele me interrompeu.

- Não estou te pagando para pensar e sim para cuidar e nada de colocar caramilnholas na cabeça da minha filha, sobre essa história de Natal. – Ele bateu na mesa com os punhos fechados eu acabei me assustando. – Vá arrumar suas coisas, está demitida.

- O que?! – Perguntei atônita.

- Isso mesmo que você ouviu, está metida! – Falou bravo, olhei para ele e joguei tudo no ventilador, já estava demitida mesmo.

- Você vai deixar sua filha crescer sem ao menos ter um natal em sua vida? Sério isso?! – Fuzilei-o com o olhar. – Que raios de pais é esse? Nem tempo para ficar cinco minutinhos com a filha tem. – Ele iria interromper mas o cortei. – Ok, você é o governante desse país, mas mesmo assim ela é sua filha! Qual o seu problema?! – Quando percebi já estava gritando.

- Você não conhece meus motivos! – Gritou de volta.

- Tem razão. – Falei com um sorriso debochado. – Não conheço os seus motivos. – Virei-me para a porta e saí do escritório, passei para onde a árvore estava e subi as escadas indo até o meu quarto.

Chegando lá, fechei a porta atrás de mim e me encontrei nela, deslizando até o chão, deixando assim o meu pranto rolar, eu não estava acreditando que ele surtou por causa de uma árvore de natal e algumas decorações.

Depois de um tempo chorando enxuguei minhas lágrimas e comecei a arrumar minhas malas, mandei uma mensagem para Dulce, dizendo que estava voltando para casa, quando ela pudesse, ela me responderia, sendo que o fuso horário é diferente entre as duas cidades e lá ela estaria dormindo ainda.

Organizei minhas coisas e escutei algumas batidas na porta, então fui atender e vi Larissa na porta.

- Any eu vim ... – Ela olhou para minhas malas. – Você vai embora? – Me perguntou tristonha. – Vai me deixar igual a miha mamãe? – Olhou para mim com água em seus olhos.

- Ei pequena, não vou te deixar. – Disse para ela. – Eu só tenho que voltar para casa antes do previsto. – Afaguei seu cabelo.

- Tem alguém na sua família que está doente? – Ela indagou, mas eu não queria mentir, mas eu tive que fazer isso.

- Sim, eu tenho. – Ela me abraçou tão forte que quase me derrubou.

- Então você vai voltar? – Questionou a princesa.

- Eu não sei. – Falei com sinceridade, ela mais uma vez me olhou triste, aquilo partiu meu coração. – Mas eu posso ligar para Maite pelo skype e falar com você. O que acha? – Ela me olha com um sorriso no rosto, aquilo acalma meu coração.

- Oba! Vou conhecer a tal Dulce Maria que você tanto fala? – Falou Larissa.

- Claro, ela vai adorar te conhecer. – Terminei com um sorriso convincente no rosto.

- Eu tenho que ir, vou brincar de festa do chá, com minhas bonecas. – Assenti e ela saiu do meu campo de visão.

Encostei a porta e olhei para todo aquele quarto, suspirei fundo e senti algumas lágrimas se formarem novamente, pisco rapidamente para dissipa-las. Sim eu me apego muito rápido a um lugar, deve ser por isso que nunca saí de Starhallow.

Ucker veio me chamar, para dizer que o carro já estava me esperando, Christopher se despediu de mim e foi fazer não sei o que para aquele principezinho de meia pataca. Chegando no final da escada, Lindsay se aproxima de mim.

- Ohh, já vai querida? – Falou com um sorriso debochado. – Não aguentou a pestinha né? – Olhei-a incrédula.

- Larissa é um amor de menina, é doce, gentil. – Falei esbravejando, sei que não estava no direito de falar nesse tom com ela, mas desde que cheguei aqui ela só me menospreza e estou cansada disso. – E quer saber? Ela é muito mais lady que você, não é mesquinha e nem metida, que acha que o mundo gira em torno do seu próprio umbigo.. – Percebi que ela ficou vermelha de raiva e me fuzilou com os olhos.

- Olha aqui sua plebeia... – Não terminou de falar eu simplesmente dei meu dedo do meio e saí de perto.

Saí na entrada e olhei para trás, vi que de uma certa forma eu fui feliz ali, fiz vários amigos, que vou guardar especialmente no meu coração. Antes de entrar no carro, olhei um pouco mais para cima e vi Larissa chorando na janela, isso me lembrou de uma abertura da novela A Ursupadora, é uma novela mexicana que fez o maior sucesso, entre os anos 90. O mesmo efeito que essa cena causava em mim, está me causando agora, angustia e desespero, ver ela tão fragilizada.

O carro se afastou dos portões, estava tudo bem com a viagem, passamos por alguns locais que eram históricos na cidade, quando percebi que não estávamos indo para o aeroporto, achei estranho e decidi perguntar ao motorista.

- Com licença. – Chamei a atenção do homem, que olhou pelo retrovisor. – Esse não é o caminho do aeroporto. Para onde estamos indo? – Perguntei com um certo pressentimento.

- A estrada para o aeroporto está fechada, então tomei esse caminho. – Assenti e voltei a olhar pela janela, quando um carro em alta velocidade passou por nós, e faz a volta na pista contrária que por sinal é a pista em que estamos, o motorista tenta desviar mas vejo tudo girando e uma dor na cabeça horrível e tudo fica escuro. 

O Príncipe do LesteOnde histórias criam vida. Descubra agora