Capítulo 26- Último episódio, pt. 2

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Pov. Hina

— A mamãe me disse que não posso trabalhar aqui quando eu crescer. — bufou Bruno chateado.

— Por que não? Sua mãe é chata, né?— Krystian respondeu como um crianção.

Soltei um risinho anasalado, enquanto acariciava os cabelos finos e escuros de Camila, que estava sentada em meu colo.

— Sua mãe não é chata, Bru. Só é protetora, e tem medo de que algo de ruim aconteça com você. — rebati.

Seus olhinhos verdes me olharam com espanto, e o mesmo parou por alguns segundos refletindo.

— Então... vai acontecer algo ruim com minha mãe?— choramingou.

— Não, não é isso... — tentei reverter a situação, e Wang acabou rindo da forma atrapalhada que minhas palavras saíram — vamos falar de outra coisa?

O pequeno Hidalgo caminhou com seus pezinhos até a gaveta de Krys, e pegou uma arma. Meu coração acelerou e, como num passe de mágica, ele agarrou sua mão e guardou o objeto novamente. Suspirou aliviado e me voltei para meu marido,  o olhei com um sorriso sacana que ele tanto odeia — e ama ao mesmo tempo.

— Parece que não sou só eu que me atrapalho com crianças.

O melhor de tudo, foi escutar aquela risada gostosa das crianças ajudando a tia.

— Cams, você viu a tia Sav por aí?— Krystian cruzou os braços cicatrizados, e apoiou os pés na minha mesa, sabendo que eu odeio quando faz isso. Senti seu olhar sob mim novamente, imitando minha feição anterior. Ele ama me encher.

— Vi ela entrar no consultório com alguém sangrando. — a mais velha por dois minutos no parto, respondeu naturalmente.

Podia ser um pouco estranho uma criança de quatro anos saber desse tipo de realidade do mundo, sim, podia. Querendo ou não, sua mãe havia virado uma mafiosa logo quando tinha pouco menos de um ano, e seu pai ainda sendo uma figura pública. Era muita pressão. Por isso, Camila teve de aprender e se acostumar com a realidade dela.

Wang bufou com a reposta, e estranhei.

— Por que precisa falar com ela agora?

— Eu digo quando as crianças forem embora.

— Poxa, tio, fala!— as gritarias e reclamações das crianças começaram, e nós soltamos uma gargalhada com o exagero puxado da mãe.

— Não senhores, é um assunto que criancinhas não podem escutar! — apertou as bochechas de Camila.

— É algo sério?— perguntei preocupada.

— Você acaba de se incluir no termo "criancinhas".— brincou — Eu te falo depois, mas é importante.

Antes mesmo que eu pudesse sequer perguntar algo, tomamos um susto quando Sabina entra afobadamente na sala, segurando usa arma. Ela estava suada, e abriu o maior sorriso quando viu seus filhotes comemorarem sua chegada. Não permitiu que a abraçassem antes que guardasse o objeto perigoso e, quando fez, abaixou para agarrar os pequenos.

— Mis amores!— Hidalgo os encheu de beijinhos.

— Como foi a missão?— perguntei.

Ela se levanta e retira os cabelos grudados em sua pele molhada, me olhando ofegante, mas ainda mantendo seu sorriso no rosto.

— Complicada. Ainda estou pegando o jeito, mas sei que daqui uns meses já ficarei acostumada. Pelo menos conseguimos cumprir a promessa com Charles.

Suspirei aliviada e assenti com a cabeça, preenchendo alguns documentos em meu computador. A morena começa a recolher a bagunça de seus filhos, e diz:

— Obrigada por terem olhado eles... desculpe pela bagunça, né meninos? Peçam desculpas para os tios.

Meu coração se preencheu em escutar as doces vozes pedirem desculpas em um tom envergonhado, e Wang me olhou sorrindo.

— Nós veremos vocês no próximo fim de semana, tá? Se é que a próxima proposta autoriza... 

Eu sei que ele estava fazendo aquilo para me deixar apreensiva e ansiosa, conheço ele muito bem. Perguntei com seriedade novamente do que se tratava, e Krystian apenas me deu um selinho xoxo dizendo para eu ter calma. Eu teria, se não tivesse me casado com essa figura irritante.

Os Hidalgo se despedem de nós, finalmente nos deixando a sós. Krys caminhou até a janela envidraçada de minha sala, e observa as crianças pulando até o carro. Ele solta um riso anasalado e se vira para mim.

— Não é insano?

— O que?

O chinês vem caminhando para perto de mim, e eu levanto da cadeira. Ele se senta no meu lugar e me puxa para sentar em seu colo, ainda observando a janela. Enquanto falava, ele ia acariciando meus cabelos delicadamente, e ele sabe que eu amo isso. Percebi que ele procurava alguma maneira de iniciar.

— Nosso casamento secreto — ele riu — que só foram amigos e família...

— Minha família, você diz, a Heyoon. — interrompi, nos fazendo rir.

— Fiquei olhando a Sabi, e me lembrei desse dia. — ele faz uma pausa dramática — E o quão linda você estava nesse dia, caralho. Acho que nunca saberei explicar.

Num passe de mágica, um sorriso bobo se instaurou em minha feição, sem nem eu perceber. No meio daquela química que criamos no momento, esqueci completamente da tal proposta que me irritou com a enrolação. Entrei numa história que minha própria cabeça inventou, e viajei por uns segundos. Olhei para ele fixamente, e comecei.

— Pode parecer estranho, ou cedo demais o que eu direi, então não liga. Mas... você nos imagina assim?

Ele me olha confuso e pergunta.

— Assim como?

— Assim... como a Sabina. Filhos... sei lá — me corei envergonhada com a conversa que iniciei.

— Ah, pequena...

Wang acariciou meu rosto com o polegar e fechei os olhos aproveitando. Ele abriu seu sorriso lindo, e respondeu:

— Nós se amamos, certo? — assenti— então o que nos impede? Já temos uma prova viiva que armas e missões não nos impedirão, tá aí Sabina Hidalgo.

Rimos em coro e trocamos olhares apaixonados. Raspei meu nariz no dele, e demos um beijo rápido e apaixonante. No fim, entrelacei nossos dedos e encarei nossas alianças.

— Desculpa por quebrar o clima, mas agora é sério. O que é essa proposta?

                                                                           -//-

Narrador

— Atenção, senhores, por favor.

Krystian puxou com força o grande telão da sala de reuniões, e ligou o projetor. No slide, o nome da missão era explícito "Missão MGV-A". As expressões dos agentes eram de confusão, já que a sigla não batia com os códigos da máfia.

— Primeira coisa, antes de tudo. Peço, por gentileza, que estejam sempre atentos e prestando atenção em cada detalhe, cada mínimo erro será crucial. 

Lamar levantou a mão preguiçoso, e Wang o passa a palavra.

— Vamos logo com isso, chefe. O que vamos roubar?

O chinês certamente não estava surpreso com a pergunta, ele sabe como seus agentes são afobados. O aterrorizante sorriso malicioso de Wang se abriu, e o mesmo passou de slide. Fotos de um banco enorme apareceram, e a sede da CIA alemã também estavam no telão. Silêncio. Que não demorou a ser quebrado.

— Um bilhão e quatrocentos mil euros do Museu Green Vault, na Alemanha.

FIM (segunda temporada de The Criminal Case - em breve)

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⏰ Última atualização: Feb 11, 2021 ⏰

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𝐓𝐡𝐞 𝐜𝐫𝐢𝐦𝐢𝐧𝐚𝐥 𝐜𝐚𝐬𝐞 - 𝐊𝐫𝐲𝐬𝐡𝐢𝐧𝐚Onde histórias criam vida. Descubra agora