×014×

107 5 0
                                    

Assim que abro os olhos, o sabor a terra invade a minha boca e a dor de cabeça aparece. Estou deitada no mesmo sítio em que caí inconsciente depois das teleguiadas me picarem. Olho para o céu e já dá para ver as estrelas. Que sorte nenhum tributo me ter encontrado.

Levanto-me a custo e assusto-me ao ver a espada ao pé de mim, mas depois lembro-me que foi aquela que eu roubei á rapariga que morreu.

A minha barriga faz um ruído e eu decido que chegou a altura de ir caçar. Nem acredito que ainda só passaram dois dias na Arena, parece-me uma eternidade.

Coloco a minha faca á mão e, com cuidado para não fazer muito barulho, procuro um animal. Perto da árvore onde dormi havia um lago, talvez se eu for lá, esteja algum animal a matar a sede.

E está. Uma corça igual ás do meu Distrito bebe água sem saber o que eu estou aqui a observá-la com não muito boas intenções. Aproximo-me um bocadinho, aponto a faca e... acertei!!

---4 horas depois---

Aquela carne soube mesmo bem. A maioria dos tributos deve estar a morrer de fome e a tentar diferenciar ervas comestíveis de venenosas. Talvez eu chegue mesmo a ganhar...

-AAAAAHHHHH!!!!!!

O que foi isto?! Quem é que gritou?!
Olho para todos os lados a tentar avistar o dono deste grito de dor, mas sou interrompida pelo som do canhão. Mais um tributo morto. Isso é bom e mau. Bom porque estou mais perto de ganhar e mau porque... bem, nunca é muito bom o facto de alguém morrer.

Ouço passos á minha direita e levanto-me rapidamente para me esconder atrás das árvores. Através das folhas, vejo um rapaz e uma rapariga a discutirem um com o outro, os tributos do Distrito 4. Acho que são irmãos.

-Não o devíamos ter matado! Devíamos jogar pela defensiva!

-Quantos mais matarmos, maus fácil será ganhar!! Compreende isso, mano!!

Um pequeno galho parte-se debaixo do meu pé e os irmãos viram-se para a minha direção. Eu tento esconder-me entre as folhas e fazer o mínimo de barulho possível.

-Ouviste?

-Sim.

-Toma.- diz o rapaz dando um machado á rapariga.- Eu vou lá ver. Não saias daqui.

-Tem cuidado.

Eu ando para trás á medida que o rapaz se aproxima, mas ao recuar outro ramo parte-se e ele vê-me.
Eu corro na direção oposta e consigo ouvir os passos rápidos dele atrás de mim. Mas, rapidamente ele perde-me de vista e eu escondo-me num arbusto. Ele passa por mim sem me ver e eu aproveito para saltar para cima dele.

-Mas que...?!-exclama ele surpreendido.

Rebolamos os dois no chão, para depois eu me pôr em cima dele, paralisando os seus braços e pernas. Quando ele vê a faca na minha mão, tenta fugir mas eu prendo-o mais e corto-lhe a garganta.

Ouvesse o som do canhã.

-Stephen?

A irmã aproxima-se indecisa do local onde estamos e eu não tenho tempo para me esconder. Ela olha para mim e depois para o irmão, dando um grito desgarrador e fugindo. Eu corro atrás dela. De repente, as árvores desapareceram e estamos numa clareira. Atiro uma faca mas ela esquiva-se. Dou um sprint e alcanço-a, pego o machado dela e como ela não o largou, caímos as duas no chão. Rastejo até ela, puxando-lhe as roupas e coloco-me em cima dela como fiz com o irmão.

-NÃO ME MATES!! POR FAVOR!!

-Fala a rapariga que disse ao irmão que quantas mais mortes melhor.

Puxo-lhe pelo cabelo e ela dá-me um murro no queixo, fazendo com que eu afroxa-se o aperto e conseguindo fugir. Agarro o machado pelo cabo e ela desta vez deixa-o, então, atiro-o na sua direção antes que ela pudesse desaparecer da minha vista e embrenhar-se outra vez nas árvores. Ele acerta-lhe na barriga, o que a fez cair e gritar de dor. Pego numa pedra de tamanho razoável, vou até á jovem e bato-lhe com a pedra várias vezes no crânio. Ouve-se o canhão.

Ao virar-me aliviada e ofegante ainda de joelhos, deparo-me com o rapaz do Distrito 6 a olhar para mim com a boca aberta e terror nos olhos. Hesito um bocado, mas quando vejo o que ele tem na mão, lanço-me atrás dele. Ele foge, com uma manta preta na mão. Aquela que o Newt levou da Cornucópia. Só o pensamento de que aquele rapaz pode ter matado o Newt, faz-me correr mais depressa e chegar até ele. Atiro-me para a sua perna e caímos os dois no chão. Depois, com a minha espada, rasgo-lhe o peito e cravo-a na barriga. Ele grita e o seu sangue mancha-me. Levanto-me do chão, pensando que já está morto, mas ouço-o sussurrar e aproximo-me outra vez.

-O quê?

-Ele... está vivo...-diz o jovem antes de fechar os olhos e de se ouvir o canhão.

Um enorme alívio percorreu o meu corpo, fazendo-me rir até. Tenho pensado muito no Newt ultimamente. Espera, será que... estou apaixonada?! Cassie, não podes!! Mas porquê?

Bem, hoje foi um dia complicado. Já só faltam 9 tributos.

𝑻𝒉𝒆 𝑮𝒊𝒓𝒍 𝑶𝒏 𝑭𝒊𝒓𝒆 » 𝑁𝑒𝑤𝑡Onde histórias criam vida. Descubra agora