O homem não dormia; também não se mexia. Não havia mais esperança dentro dele, nem vontade, nem pensamento sobre seu passado, presente ou futuro. Talvez estivesse morto, reclinado sobre uma rocha em meio às águas rasas se encontrava, mergulhado em um profundo purgatório por ele mesmo criado, então sua mente reviveu, e logo pensou:
" Estou vivo? Quem sou eu? Onde estou?" ansiosamente, pensava o homem.
Enquanto vagava pelos seus pensamentos alguns resquícios de memórias, começaram a aparecer como lampejos. Eram cenas de uma feroz e ferrenha batalha, ele via nitidamente espadas brandindo além de fortes rosnados. Ele se enxergava como uma fera incontrolável, sem dono ou domador, pronta para executar o seu inimigo.
— Desperte! — ecoou uma forte voz desconhecida.
O homem abriu os olhos. Seria ela afinal? Uma valquíria para o levar para Valhala, certamente que não, pois os deuses o deixaram. Seria Hel, afinal? Também não, e sim o chamado para uma nova realidade, diferente de qualquer outra que ele vivera antes.
Enquanto se levantava, aturdido, por causa de seu sonho, percebeu um enigmático corvo que o observava sobre uma pedra. Agora ele se perguntava se aquele estranho pássaro não passava de uma mera ilusão de sua mente, diante de toda aquela estranheza.
O homem usava vestes de feitio simples. Não usava botas nem enfeites, apenas trapos de roupas. Os seus cabelos negros, coroavam um rosto claro e barbudo além de apresentar uma estatura poderosa.
Ele, aproximando-se do corvo, notou que não era uma mera ave comum, pois não voou imediatamente como qualquer pássaro, antes, esticou as asas, espreguiçando, como quem estivesse esperando por um longo tempo.
— Finalmente, homem, despertou! — falou o corvo, entusiasmado.
— Quem é você? — disse o homem, com uma voz grave e séria.
— Sou apenas um peregrino — disse o pássaro ainda mais — Conheço cada canto, reino e guerras dessa terra.
— Eu estou perdido, você conhece algum lugar seguro onde poderei seguir meu caminho — falou o homem, melancólico.
— Conheço uma vila, não muito longe daqui — afirmou o corvo — Há um atalho onde podemos chegar em dois dias.
O homem assentiu com a cabeça e, o corvo por sua vez, lançou-se aos seus ombros para guiá-lo nessa grande caminhada.
— Certo.... guie-me até esse lugar — falou o homem.
— Siga para o norte — ordenou o pássaro.
Foi-se o homem com o seu corvo, subindo a praia, caminhando para o norte, porém seus sentidos aguçados, o fizeram olhar para trás, mas nada viu, e sem parar para investigar, continuou sua caminhada.
Esse primeiro foi o conto, e dedico Writer-42, fiel parceiro que me comprou nessa obra. A você leitor que chegou aqui, deixe seu gostei e comente 👍
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Correntes do Passado - O Ermo
FantasyUm homem acorda em um lugar misterioso sem suas memórias. Ele apenas tem um corvo como seu guia nessa nova realidade.