ᚱ Capítulo 3

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Em uma caverna sombria e misteriosa era quase impossível não escutar os gritos ecoando pelos túneis escuros. Não havia tochas para iluminar o caminho, portanto, à medida que se aproximava era notório ver uma pequena iluminação. Clamores, e um intenso ranger de dentes mostravam o sofrimento daquele homem acorrentado com o corpo reclinado sobre as pedras. No teto havia uma estalactite, a qual a serpente despejava sua peçonha a fim de que seu tormento fosse contínuo.

Quando as gotas que saíam das presas da serpente respingaram sobre o rosto daquele homem moribundo, era como o metal aquecido cem vezes na fornalha no qual servia como punição aos malfeitores. A sua face então deteriorou-se conforme a peçonha entrava em contato com a pele da sua fronte, mas inexplicavelmente ele reforçou o curar-se sendo assim, perpetuava sua dor constantemente.

Um barulho de arrastando correntes-se pelo chão ecoou, e das sombras uma bela figura pálida de cabelos loiros longos. Ela conseguiu chegar somente perto de seu rosto com uma tigela na mão, impedindo assim que o veneno atingir aquele homem barbudo. Ela tentava o beijar, porém as correntes não permitiam sua maior demonstração de afeto, Sigyn o amava comprometido junto de seu amante, trancafiada em um covil cujo o tempo não pode contar.

Ela acariciava o seu marido que nalgum tempo viveu tantas aventuras de paixões, e mesmo sabendo que ele dividia o seu amor com outras mulheres que tropeçava em seu caminho, ele sempre aceita a tê-la como uma peça rara de ouro. Os olhos verdes daquele homem admirava o belo corpo de Sigyn, um qual vestia-se do linho claríssimo, quase transparente, e isso de vez em quando definir Loki lembrar dos momentos em seu leito nupcial.

A tigela encheu-se de peçonha quase a transbordar deixando Loki render-se ao delírio da dor que teria que passar novamente. Nesse mesmo instante Sigyn jogou o resíduo para o lado colocando sua mão frente às gotas da cobra, um qual respingando em sua mão, um fez gritar tanto que desmaiou. Loki esperneou-se tentando libertar-se, a sua força era tanta que todo o tremia local, porém não poderia contra o Gleipnir, a corrente dos deuses que colocou a prova até mesmo o Lobo Fenrir que desapareceu desde então.

- Ora, se isso vai matar tanto a si quanto sua esposa, apesar de que você é um deus, e ela uma deusa menor que não comeu do fruto de Idunn - zombou a serpente de Loki.

- Juro que a primeira coisa que farei quando romper os meus grilhões será trucidá-la, e silenciá-la para sempre - ameaçou Loki a serpente.

- Não pode fugir de seus pecados deus da mentira, são eles que alimentam o poder do meu veneno, pois ele causa a dor do pesar de seus delitos - a cobra caiu na gargalhada - nada mais está sentindo que o castigo dos seus erros!

Loki atritou os dentes com pura raiva enquanto olhava para Sigyn desmaiada, forçou os punhos novamente fazendo toda gruta tremer de maneira que as paredes e os chãos configuram a romper-se. A serpente então novamente jogou o seu veneno fazendo Loki gritar de dor, e não mesmo instante cessou sua força. Mas ainda reunindo olhou para o alto, e erguendo a voz clamou:

- Odin! Eu irei vingar a morte da minha amante! Seu filho não foi o único a conhecer a morte! Seu covarde pai do mundo! - Loki continuou a proferir insultos contra Odin.

Tudo isso estava sendo contemplado do trono de Odin como o reflexo de uma pessoa no espelho, assim ele o via.

"Essa praga insolente continua a me insultar; você possui muita sorte, pois jurei a seu pai, Farbauti, e pela minha lança Gunnir, que jamais poderia feri-lo, nesse dia enviarei Heimdall pessoal para matá-lo. E quando isso acontecer eu vou gostar, e vou gostar muito "- pensava Odin assentado em seu trono com uma face sádica.

Loki continuou a gritar ofensas e blasfêmias contra o Pai-De-Todos.

Pelas colinas subia Eirik com suas cabras para falar com o sacerdote a fim de consultar os deuses foi quando então um sonido passado pelos seus ouvidos, como o uivo de um lobo chamando a alcateia, ele olhou para trás quando corvo disse:

- O que houve? Porque parou pelo caminho? Devemos continuar logo - advertiu o corvo.

- Não foi nada. Apenas um pressentimento ruim - disse Eirik continuando o seu caminho.

Correntes do Passado - O ErmoWhere stories live. Discover now