II. A Besta invisível

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"Esqueça que esteve aqui. Vá e não volte nunca mais".


Já faziam quatro dias que a cabeça de Frank lutava contra um looping infinito dessas frases. Não é como se o rapaz não quisesse esquecer o que havia acontecido, ele queria. Mas a curiosidade que sempre falara mais alto em sua vida não lhe dava descanso.

Quem era o tal homem? Por que ele era tão bom com magia? Por que ele não queria ser encontrado? Na realidade Frank nem sabia onde ficava aquele lugar.

Sua cabeça fritava em dúvidas, então na tentativa de camuflar um pouco seu masoquismo mental, buscou se ocupar criando novas questões. A partir daquela noite ele resolveu que seria uma boa ideia ter uma ajuda extra em seus estudos, por isso agora estava à procura de alguém que seria um bom professor particular.

Frank até tirou alguns minutos para pensar no quão patético era ele precisar de um "reforço escolar" agora que já estava na faculdade, mas resolveu não gastar muita energia nisso.

Conversou com alguns professores os quais ele sabia que prestavam esse tipo de serviço e até pesquisou sobre, mas não achou ninguém que o cativasse da forma que o homem misterioso da floresta havia feito.


Droga.


Seus pensamentos sempre voltavam para aquele maldito estranho e aquela maldita floresta.

Onde será que ficava aquele lugar? Quando Frank chegou o homem pediu se ele fazia parte do concelho, será que ele é algum tipo de cri-

"Frank!", Jamia já estava na porta da sala quando chamou o amigo para tira-lo de seus pensamentos.

A aula já tinha acabado, Frank não percebeu, Jamia o chamava preocupada. Tudo isso já havia acontecido antes, havia tempos que tudo parecia se repetir na vida do rapaz. Ele nunca soube explicar, mas era como se em algum momento Frank tivesse ativado um modo de piloto automático em que ele se desligava da realidade e apenas existia.

"Você está bem?" a amiga perguntou ousando se aproximar, mas o rapaz levantou de sua cadeira e andou até encontra-la na porta.

"Estou sim, vamos para a loja?", Jamia o encarou por alguns segundos, mas a expressão relaxada no rosto do amigo pareceu a convencer, então os dois andaram rumo a seu tão estimado ponto de encontro.


*


Sempre que tinham um projeto para fazer Frank e Jamia iam até a loja em que Ray trabalhava e ficavam nos fundos, onde havia um espaço com equipamentos específicos para o preparo de misturas e outras coisas do tipo. Era quase como um laboratório. Haviam dias que os dois se concentravam e produziam "obras de arte", mas na maioria das vezes passavam mais tempo conversando e importunando Ray do que realmente fazendo o que deveria ser feito.

No momento em questão, os dois estavam no "laboratório" do estabelecimento. Frank amaçava algumas folhas em um pequeno pote de porcelana, enquanto Jamia pesava um frasco com um líquido fluorescente em uma balança estranha. Os dois ainda riam de uma recente piada que morria no ar e deixava espaço apenas para a concentração em suas respectivas tarefas.

"Mas falando sério agora, o que tá rolando Frank?".

"Como assim?", a garota levantou uma sobrancelha.

"Eu te conheço, sei que você é meio estranho, mas ultimamente você está mais do que o normal", Frank refletiu sobre a palavra 'estranho' por alguns segundos e depois concordou com a cabeça. "Fala, o que está acontecendo nesse cabeção?".

No Exílio De Ser Livre [Frerard]Onde histórias criam vida. Descubra agora