III. Feche os olhos e relaxe

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"Meu nome é Gerard Way".

"Por que você vive aqui sozinho?".

"Ei vamos com calma aí. Nós temos que estipular alguns termos para esse acordo de mentoria".

"Certo".

"Me desculpe por ter sido tão... estúpido com você antes. Eu não gosto de receber visitas então interagir com outras pessoas não é o meu forte".

"Mas você vai ficar 'de boa' agora? Por que se for pra me tratar como um lixo de novo eu prefiro ir em bora e nunca mais voltar".

"Não vou mais fazer isso. Eu só estava tentando fazer com que você saísse daqui, não gosto de ser tão cruel com as pessoas e você não merecia ter ouvido tudo aquilo, me desculpe".

"Hm".

"Eu só preciso que você prometa que não irá contar nada para ninguém, nem sobre mim, nem sobre esse lugar, nem nada".

"Por que você não quer que ninguém saiba sobre você? Eu corro algum tipo de perigo ficando aqui?"

"Olha já está tarde e eu realmente não posso conversar agora, mas não, você não corre nenhum tipo de perigo. Por favor, volte amanhã, traga seus livros de estudo e aí poderemos ver se isso vai funcionar ou não".

"Tudo bem, só me responda uma coisa. Em que dimensão nós estamos?"

"Você não sabe? Essa é a incrível dimensão humana".


...


No momento Frank estava deitado no sofá de seu apartamento, pensando no diálogo que teve com o homem da floresta, ou melhor, Gerard.

Passara a noite toda remoendo as palavras ouvidas e todos os acontecimentos que se sucederam. Analisando tudo o rapaz chegou à conclusão de que agora ele tinha um professor, mas não sabia dizer com exatidão o que sentia a respeito disso.

Seu último encontro com Gerard não havia sido nem um pouco agradável, e por mais que o homem tenha assegurado Frank de que não tinha interesse em continuar tratando-o de forma rude, o rapaz não conseguia deixar de pensar nas palavras certeiras e afiadas que pareceram sair tão facilmente da boca do outro. O quão fácil seria para ele repetir a dose?

Após mais algum tempo matutando ideias, Frank se levantou do sofá, encheu a mochila que usava com alguns de seus principais livros de matéria e se preparou para ir ao encontro de Gerard.

Os dois não estipularam um horário para sua reinião, por tanto o rapaz presumiu que o óbvio seria ir depois que suas aulas da tarde na faculdade acabassem. Ele então pegou a bússola dimensional - que praticamente roubara de Ray a essa altura – e digitou as coordenadas.


Dimensão 11.


"Dimensão humana", cochichou para si mesmo antes de acionar o dispositivo.


Humanos nunca tiveram muita importância no mundo da magia, principalmente para os feiticeiros. Sua história não é estudada, sua existência não é discutida, é quase como se os seres humanos fossem insetos que só existem no ambiente, vivendo sobre suas próprias regras e sistemas, mas sem parecer ter a mínima importância na vista de criaturas superiores.

Frank não tinha nada contra humanos, ele só não se importava com eles. Talvez por isso ficou tão intrigado ao saber que um feiticeiro duvidosamente habilidoso como Gerard escolheu viver em uma terra tão insignificante como a dimensão humana.

No Exílio De Ser Livre [Frerard]Onde histórias criam vida. Descubra agora