another autumn day

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Hoje é sexta-feira. Hoje é o dia em que eu volto para a minha casa.
Caso vocês não saibam, eu "moro" em um colégio. Sabe aqueles colégios onde você dorme e volta pra casa na sexta? É isso ae.

Eu amo as sextas por conta disso. Não que eu não goste do colégio, mas é mil vezes melhor a minha casa. Minha família.
No colégio a rotina é muito padronizada e chata. Isso faz eu ficar mais entediada do que eu já fico normalmente. Estudar em si é um saco (e me perdoe se gosta de estudar, porque eu não gosto).

Nós acordamos às 05:00, nos arrumamos, fazemos o que precisarmos, descemos para tomar café, subimos para escovar os dentes. Acordamos muito cedo porque nossas aulas acabam às 16:00. Temos 3 intervalos, e um deles tem 1hora.

Como hoje é sexta-feira, eu estou voltando do colégio para a casa. Eu gostaria de estar com meu skate, mas o colégio não permite essas "traquinagens". Por esse motivo estou voltando a pé, calçada com meu all star preto velho e lascado.

Assim que entro em casa vejo minha mãe sentada na sala, em frente ao computador. Ela está dizendo algumas palavras, que mais parecem lamentos. Vejo ela passar a mão na bochecha, e seus olhos estão brilhando em lágrimas. Ela estava chorando.

Com um pouco de cautela me aproximo. Talvez ela fuja do assunto, como sempre faz, para não tentar me preocupar. Mas o que custa tentar?

— oi, mãe, como a senhora está? —pergunto, vendo ela secar as lágrimas com mais rapidez ao ver que eu me aproximo.

S_ oi, filha. Eu estou ótima, meu amor. E você? — ela pergunta sorrindo em minha direção.

— estou ótima também, mãe. — sorrio para ela. — aconteceu alguma coisa que aborreceu a senhora?


"Nao muda de assunto, não muda de assunto".

S_ nao, não aconteceu nada. Mas vem cá, como foi a aula? — e lá vamos nós. Ela está fazendo de novo.

— mãe, não muda de assunto. Vamos, diga o que aconteceu. — chego mais perto e coloco a mão em seu ombro.

S_ não aconteceu nada, sadie. O que lhe faz pensar que aconteceu? 


— eu vi vc chorando. Não tem problema vc ter chorado, mas me conta o motivo. 


Ela fica um tempo quieta, sem falar nada.

S_ é algo muito complicado para ser explicado. Você é nova demais para entender. — ela finalmente fala.

— se você puder me explicar eu poderei entender.

ela sorri com os olhos.


Ela me disse o que estava acontecendo. Eu nunca fui boa em dar conselhos, mas eu tentei. Claro, não podemos dizer que eu sou horrível, mas jamais serei boa nisso. Sem contar que eu também me abalei um pouco.

— entende? Eu acho que você deveria conversar com ele sobre o motivo.— digo para ela.

Ela parecia um pouco mais tranquila depois da nossa conversa.

S_ eu sei, mas ele nem me explicou direito tudo isso. Ele literalmente só falou "Sarah, eu vendi a casa. Precisamos ir o quanto antes". Por que ele vendeu? Pra onde vamos? Ele nem ao menos perguntou sobre o que eu achava. — ela disse quase chorando.

Resumindo tudo o que havia acontecido: meu pai vendeu nossa casa, que passamos anos pagando e dando duro para ela poder ser chamada de lar.
Foi tudo muito difícil. Nunca tivemos tantas condições, então conseguir uma casa dessas foi a maior coisa da nossa vida. Essa casa é enorme. Eu chamaria de mansão.

Meus avós nos ajudaram também. Essa casa tem um grande significado para nós, e meu pai vendeu ela sem nem ao menos perguntar nossa opinião sobre. Afinal, nós também moramos aqui e devemos todos tomarmos as decisões juntos.

Ele apenas disse para mamãe que ele havia vendido. Não explicou, não deu motivos. Minha mãe esta chateada com isso, pois não tem mais o que fazer em relação a isso. Não tem como mudar o que já aconteceu.

Segundo o que minha mãe disse, meu pai irá trabalhar em outra cidade e por isso ele vendeu a casa. Ele vendeu para conseguirmos comprar uma nova na outra cidade.
Ok, é uma ideia boa, mas minha mãe não deixou de se chatear com isso.
Tudo bem, também estou meio chateada, mas vou esperar meu pai se explicar.

— mãe, não é o fim do mundo. Veja bem: ele vendeu para conseguirmos comprar uma nova casa na nova cidade! Foi uma boa intenção, mesmo não sendo a melhor decisão. — digo.

S_ eu sei, filha. Mas você sabe que pra mim essa casa é importante. Não tem um significado TÃO grande, mas é importante. Para todos nós. E ele nem sequer perguntou algo para mim. Sabe, o problema não é nem ele ter vendido, mas sim ele não ter vindo falar comigo sobre. — ela diz.

— e o que mudaria se ele tivesse vindo falar com a senhora? — pergunto sincera.

S_ nada, mas sla, acho que eu teria me sentido menos excluída.

Ja era de noite quando meu pai tinha chegado em casa. Todos nós tínhamos conversado sobre o que estava acontecendo.
Minha mãe queria voar nele, não vou mentira.
Demorou muito tempo até nós nos resolvermos, mas ficou tudo tudo bem no fim de tudo.
As coisas ficaram "resolvidas" sobre a venda da casa.

Ele contou que já tinha vendido a duas semanas atrás, e que só contou hoje porque ele tinha pegado o dinheiro agora.
Ele literalmente planejou TUDO sem nos avisar. Ele até chegou a comprar a nova  casa antes mesmo de nós sabermos para onde vamos ir.

Minha mãe estava meio estressada com isso, mas logo depois ela começou a pular feliz. Eu não entendi isso, mas resolvi não questionar. Melhor ela pulando feliz do que chorando com raiva.

Eles decidiram não me contar para onde íamos. Fiquei meio mal com isso, mas eu decide que também não importava muito.

Meu pai já tinha até visto tudo no meu colégio. Literalmente ele fez TUDO.
Eu nem sabia disso.

Nós podíamos nos mudar em uma ou duas semanas, mas meu pai decidiu que nos mudaremos o mais rápido possível.
Na mesma noite nós já estavamos arrumando umas coisas para levar. Como roupas, sapatos e coisas assim.
Meu pai disse que tinha pagado um caminhão para levar os móveis. Isso já era bom.
Ou seja: só precisávamos pegar as coisas menores.






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Esse cap foi refeito hoje (24/08/21)
Esse cap foi reescrito hoje (03/08/22)

Ele foi produzido pela primeira vez em dezembro. Não sei o dia:( acho que dia 15 de dezembro ajskakaka

that day in the fall - sillie Onde histórias criam vida. Descubra agora