Capítulo 05 - Manuela

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Passei o resto da semana fugindo daquele metido a sedutor. Que ódio! Pior não foi ter que ouvir aquilo ou sentir aquele perfume delicioso, o ruim era que ele estava certo, eu estava completamente envolvida em seu encantamento e muito, muito molhada. Não sei o que acontece comigo quando estou próxima àquele homem, sua implicância deixa-me mais excitada.

Maldito encantador de calcinhas!

Bem... hoje é segunda, dia de trabalhar e fazer as coisas acontecerem. Vou para frente do espelho e analiso minha figura. Não sou uma mulher linda, no máximo sou "pegável". Entendam, a beleza não é minha característica mais proeminente, mas considero-me uma pessoa inteligente e bem-humorada. Pacote completo!

Não abro mão de vestir-me bem, particularmente, tenho bom senso de moda. Não tenho um corpo escultural, sou cheinha. Já me incomodei muito com minha aparência, já fiz loucuras para ser magra e nunca nenhuma delas deu certo. Hoje não estou muito preocupada, meu trabalho consome toda minha energia e tempo. Tudo bem, miss universo, está na hora de se vestir e ter uma conversa de mulher para espelho. Após colocar a roupa escolhida para o dia, maquio-me e encaro o espelho:

— Muito bem, dona Manuela Patrícia Vasconcelos, estamos indo para a construtora agora. E, por mais que gostemos de fugir do Senhor Fodão, não podemos, pois é ele quem nos paga. Você é forte, menina! Resista à tentação, até porque aquele Deus carioca não se envolve com mulheres como nós. Combinado, garota! Foco, fé e força na peruca. Não esqueça de ficar longe daquele olhar e daquelas mãos... e daquela boca. Ótimo! Estou a um passo da camisa de força.

Balanço a cabeça e saio para o trânsito infernal do Rio de Janeiro. Durante o caminho, tento focar no que é importante. Ligo o som e canto com a Shakira, mesmo sabendo que não posso atender o telefone enquanto dirijo, eu faço. Depois de algum bom tempo, estaciono na construtora e inicio mais um dia de trabalho.

— Bom dia, meninas. Maria Eduarda, boa sorte no seu primeiro dia.

— Bom dia, senhorita Vasconcelos – Márcia responde sem emoção.

— Bom dia, Manu. Obrigada por me ajudar – ela entrega uma folha de papel para mim. — O senhor Rodrigo deixou algumas anotações para você e disse para usar a sala dele.

— Tudo bem. Obrigada.

Caminho até a sala do chefão e desfilo como se fosse dona da coisa toda. O escritório é absurdamente lindo, o lugar é uma obra de arte da decoração contemporânea. A parede que fica atrás da mesa é toda de vidro, basta virar para contemplar todo seu império daqui. O piso é branquíssimo e a mesa é enorme, em "L", preta. A estante que também é preta contém livros e objetos de decoração minimalista. As poltronas e as cadeiras são de couro preto e detalhes em alumínio. Na parede oposta, há uma televisão embutida, os sofás logo à frente são escuros, contrastando com o tapete vermelho sangue. O espetáculo está por conta da iluminação, o teto todo trabalhado impecavelmente em gesso, com lâmpadas de led azuis e brancas.

Concentro-me nas minhas tarefas e dou uma olhada nas anotações do Senhor Fodão. Distraída, pego-me sentindo seu perfume e meus pensamentos voam. Ele é incrivelmente bonito, alto e deve ser muito forte, pele bronzeada e cabelos claros. O corte de cabelo estilo executivo e aqueles olhos azuis exalam sofisticação e poder. É difícil deixar de olhar, difícil deixar de desejar... Droga, Manu... Concentre-se!

"Cara senhorita Vasconcelos, coloco sob sua responsabilidade:

Deixar Maria Eduarda a par das suas funções e sobre nossas regras. Tenho certeza que a Márcia não repassará as coisas a ela;

Dono de Mim (Trilogia Dono de mim - Livro 01) DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora