Capítulo 08 - Rodrigo

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Esse final de semana foi complicado, uma inquietação sem motivo. Fazia tempo que não passava o fim de semana dormindo. Geralmente, estou trabalhando, ou nos encontros do grupo de BDSM, ou com a família. Mesmo com mil coisas para me ocupar, a inquietação não me deixou. Não gosto quando as coisas são desconhecidas, preciso manter tudo em ordem para melhor controlá-las. Mas controlar algo desconhecido é impossível!

Chego no escritório já fazendo uma lista dos meus afazeres. O dia nem começou e já está cheio, acompanhado de irritação. Passo pela mesa da Maria Eduarda e pergunto do meu irmão. Ela responde que ele está vistoriando uma das nossas obras em execução. Assinto e continuo meu caminho. Vou para a minha sala. Hoje, minha paciência está mais curta do que de costume. Assim que entro, meu celular toca e vejo que é minha mãe.

Dai-me forças, Deus! Boa coisa não é. Ela nunca liga e hoje está ligando a essa hora da manhã. Vem bomba por aí!

— Oi, mãe.

— Bom dia, Rodrigo. Como vai, meu filho?

— Bom dia. Estou bem. E a senhora?

— Apesar dos problemas. Estou bem – minha mãe sofre de vitimização crônica e meu pai, um arrogante de berço, apoia isso. Um completa o outro. — Tenho dois filhos que não querem saber de seus pais, não ligam, não procuram...

Começou.

— Mãe, almoçamos juntos semana passada, nos vimos no coquetel e nos falamos praticamente todos os dias pelo telefone.

— Você está namorando com aquela moça que foi no coquetel como sua acompanhante? – sabia que aí tinha coisa.

— Não. Não estou namorando ninguém. Não tenho tempo...

Ela me interrompe.

— Bárbara ainda fala muito de você e é boa moça, de família tradicional, seria uma excelente esposa. Você e seu irmão já passaram da hora de se casar. Precisam de alguém que saiba se portar, que saia bonita em fotos, afinal, vocês são Alcântara e Castro...

— Mãe – corto-a. — Recado anotado. Como está meu pai?

— Está bem, não graças a vocês. Viajaremos amanhã e, quando voltarmos na semana que vem, jantaremos todos juntos.

— Combinado, mãe. Boa viagem. Manda um abraço para o pai. Cuidem-se.

— Beijos, Rodrigo.

Pelo menos uma vez por semana, Arthur e eu temos que ouvir o sermão do bom casamento, do tipo de mulher que temos que tomar como esposa e todas essas bobagens. Alguém bate à porta.

— Entre, Duda – falo.

— Bom dia, Rodrigo – no instante que ouço a voz, levanto o olhar. — Não é a Duda, mas trouxe seu café. Logo que eu sair, ela entrará para repassar a agenda.

Manuela caminha até mim e coloca a bandeja do café à minha frente. Recosto-me para trás e admiro-a. Ela está linda e seu sorriso é deslumbrante, o que me faz lembrar do coquetel e daquele alemão imbecil.

— Bom dia, Manuela. Conseguiu tirar o alemão da sua cama? – pergunto com escancarada ironia. — Pelo recado que deixou para mim, achei que não iria vê-la tão cedo.

Ela ergue o queixo e responde desafiadoramente:

— Foi difícil, mas ele entendeu que tenho compromissos. O que deseja de mim, senhor Castro? – quero você na minha cama. Opa, de onde saiu isso?

— Quero que você acompanhe toda a movimentação da produção, vamos começar a remanejar o setor. Como o nosso último acordo rege que teríamos seu auxílio sempre que precisássemos, eu a solicito nesse momento.

Dono de Mim (Trilogia Dono de mim - Livro 01) DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora