Capítulo 09 - Rodrigo

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Chegando ao hospital, saímos em disparada para encontrá-la. Abri a porta do quarto indicado pela recepcionista e a vi. Não era a mulher forte que estamos acostumados, ali está apenas uma menina de olhar perdido e boca machucada. Meu coração aperta e meu instinto protetor surge. Em dois passos, chego muito perto dela, tenho receio que Manuela se assuste com uma aproximação brusca. Controlo todo o meu gênio antes de abrir a boca.

— Manu? – ela levanta os olhos e neles leio tudo o que se passa com ela. Medo, cansaço e fragilidade. Por mais que ela esteja abatida, sua força não permite que desmorone. Passo meus braços por seus ombros, enlaçando-a em um abraço. — Está tudo bem, pequena. Estou... estamos aqui com você.

— O-obrigada – seu tom de voz é baixo, desprovido de alegria. Forma-se um nó em minha garganta e afasto-me, dando o lugar ao Arthur para abraçá-la. A polícia resolve entrar nesse exato momento.

Um dos policiais se adianta para ver como ela está.

— A senhora está bem, dona Manuela? Acha que consegue nos contar em detalhes o que aconteceu? Como nós vimos os bandidos, já passamos a descrição...

— Viram e não prenderam? – questiono.

O policial encara-nos com a expressão severa de quem não gostou. Não me importo, nós também não gostamos do modo que levam o caso.

— Senhor, tínhamos duas opções: socorríamos a moça ou correríamos atrás deles. Preferimos ela.

Arthur e eu abrimos a boca para falar, mas Manuela se adianta.

— Eu estou bem. Já pedi várias vezes para me deixarem ir embora – ela respira fundo e faz uma careta. — Posso contar agora, assim falo uma vez só.

Coloco-me à frente dela.

— Você está frágil, acabou de passar por uma situação traumática – meu protecionismo é enorme em relação a ela. De agora em diante, para chegar nela, terão que passar por mim. Seja quem for! — Se não quiser depor agora, eles voltarão em outro momento.

— Vamos acabar com isso, tudo bem? Bom, o motorista da concessionária me deixou a uma quadra da construtora. Assim que ele saiu, dois homens me abordaram e me arrastaram enquanto me ameaçavam. Eles queriam que eu fosse a um caixa eletrônico, até que um deles abriu minha carteira e viu o pouco dinheiro que tinha, além de um cartão e minha habilitação. Então, e-ele me xingou, me bateu no r-rosto...

Sua fragilidade mexe comigo. Saber que a submeteram a tal brutalidade faz meu mundo parar. Volto minha atenção a ela, que continua:

— De repente, ouvi alguém gritar "polícia", foi aí que me empurraram e caí. Quando tentei levantar, chutaram-me no estômago e bati com a boca no chão. Vocês chegaram e eles correram. Foi isso.

Enquanto Manuela responde a algumas perguntas, envio Arthur para procurar o médico e trazê-lo. Assim que ela termina com os policiais, o médico a examina e faz suas recomendações:

— Ela deve descansar bastante, repouso absoluto por, pelo menos, dois dias. Alimentar-se bem, tomar os medicamentos que estão na receita. Você ficará bem dolorida, Manuela. É normal, assim como os hematomas, mas não se preocupe, logo tudo desaparecerá. Não aconselho que fique sozinha, as primeiras noites são sempre as mais complicadas – ele volta-se para mim. — É importante que, de vez em quando, dê uma olhada nela durante a noite. Alguém pode me acompanhar para pegar a receita e a papelada da alta?

Adianto-me.

— Eu vou. Arthur, não saia do lado dela. Vou pegar uma cadeira de rodas para levar a Manuela até o carro.

Dono de Mim (Trilogia Dono de mim - Livro 01) DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora