4.
Praguejei mares envoltos de verdes esmeraldas...
Eu passava o dia pensando nela.
Todo sábado estava presente, há alguns metros de distância
Eu não podia tocá-la, não podia conversar com ela
Novamente era refém do âmbito em que estávamos.
Ali, colegas de classe distantes.
Fora daqueles portões duas garotas
Na descoberta do sentir e tocar.
Vez ou outra via seu rosto ruborizar, os olhos se fecharem ao sorrir
E no rosto formar as covinhas graciosas que ela tinha.
Eu temia ser flagrada frágil e presa assim, nesse estado bobo.
Vinha à vontade de ficar perto, de tocar, de beijar seus lábios macios...
Me contentava em somente mandar mensagens elogiando o quanto ela estava linda.
Não olhar sua pele alva em sábados de sol era um desafio
Meus olhos estavam atraídos demais,
Me isolava de todos para observar seus gestos.
Graciosa, apenas isso a definia.
Os mares tortuosos
Que me levavam sobre as ondas daqueles cachos
Debruçados como cascatas sobre seus ombros e sua coluna.
Difícil não se perder...
- Nos vemos amanhã?
- Sim! Te busco no mesmo ponto.
No dia seguinte lá estava eu...
Seria o último encontro (pelas minhas regras)*
- Só não gama. - Ela debochava a cada elogio que eu fazia.
Mais uma vez nos restou a casa de uma amiga.
Entregues novamente pelo desejo.
Os lábios dela migravam da minha boca
De encontro ao meu pescoço e ali parou.
Arrepiando nossos corpos...
E a cada desabotoar da camisa o meu coração vacilava os batimentos.
Eu estava hipnotizada
Diante de duas esferas verdes
Que expiravam malícia.
Fechei os olhos e senti um sussurrar ao pé do ouvido.
- Pode?
Os olhos ansiavam e carregavam dúvidas.
Assenti com a cabeça, pois não me cabia mais palavras.
Reclinei sobre a cama. Senti suas mãos...
As pontas dos seus dedos subiam do meu abdômen para os seios.
Sua boca ainda explorava meu pescoço, rente a jugular, que pulsava.
Vez ou outra mordia minha orelha.
Desceu em breves beijos e alçou meus seios com maestria.
Senti inundar-me.
Eu tremi.
Ela corou.
Nós sorrimos.
Como fizera há poucos... Fechou botão por botão
Nossos lábios já se conheciam perfeitamente
Um dos melhores beijos que já provamos.
Descemos as escadas...
Lembro - me de ter apoiado hora ou outra em seus ombros
Soltei o ar dos meus pulmões
Como se tivesse corrido uma maratona
Em seu rosto um tom debochado de satisfação.
Eu já havia beijado outras garotas
Mas com nenhuma outra houve tal conexão,
Assim como nunca deixei que nenhuma delas me tocasse.
Não sei explicar como aconteceu...
Era ela.
Era o simples fato de ser ela!
- É bom né? - Piscou.
Assenti novamente.
- Só não gama!
Conversamos um pouco mais
Comemos em uma pastelaria próxima.
Novamente a vi partir.
Levando a certeza de que teria mais,
Bem mais!
Como não gamar se alguém leva em um beijo
Seu coração, pensares, desejos, suspiros...?
Como não gamar e se afogar nos verdes daquele olhar?
Digo ainda hoje que não sei.
Só não dá!
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Ékleipsis
Poetry"Efêmera", título de uma canção que deu inicio a um ciclo, onde eu definitivamente me perderia. Bem, tratar de amor e de dor é o que a maioria das pessoas tentam fazer ao longo da vida, submersas em livros de romance ou mais uma dose de qualquer des...