Extrema - MG

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14. 

É tudo tênue, efêmero,

Um passo a mais e eu estava em um declínio no precipício.

E no final dele estava ela.

Aguardando-me com os braços abertos.

Eu estaria a salvo se caísse.

E caí...

Não uma, nem duas... Diversas vezes

Um constante mergulhar.


Correr riscos, não é para isso que existimos?


O tempo passa cada vez mais rápido

E não podemos voltar atrás

Pois, nunca sairíamos do passado caso conseguíssemos voltar.

Pena...


Fazia questão de vivê-la a cada dia

De respirar sua pele branca

Desenhar linhas imaginárias em suas costas

Eu me dei.


Já era Novembro

Próximo à Proclamação da Republica

Feriado prolongado.

Deveria ser, deveria existir. Eu deveria fazer.

- Vamos para Minas comigo?

Ela topou, e eu agradeci aos céus.

O tipo de mulher que topa qualquer loucura

Mais uma noite vagando pelas estradas de Sampa.

Atrasadas para embarcar para mais uma viagem

A casa de uma amiga seria o teto durante os quatro dias.


Os beijos em público

Passeios de mãos dadas

Um mundo paralelo

Onde poderíamos ser nós mesmas

Sem medo, receio, preconceito, julgamento.


Regadas por bebidas, caipirinhas

As misturas doidas que fazíamos,

As danças, os lanches...

Ida à cachoeira

A praça

Um parque

Era uma pela outras e as duas por nós.


Admirava também minha amiga com a namorada

Desejei a chamar de minha namorada (confesso que até hoje)

Mas está ai uma coisa que não seriamos. (nem seremos)

Era tudo intenso demais,

E desejos não podem ser contidos

É expansão, combustão

Precisava ser exteriorizado.


Caminhamos entre as flores

Vi suas cores se mesclarem como uma aurora boreal.

Palavras desconexas de algo que só eu e ela sabíamos

Era para ser,

Vimos o pôr do sol

Entre as montanhas de Extrema

Vi o dourado dos seus cabelos reluzirem

Diante da luz do sol ela sempre ficava bela

Uma intensidade em seus olhos.

A admiração que ela tinha pela natureza

Ela que era tão livre

Prendia-se em pequenos detalhes

E eu me prendia só a ela.


O medo de despencar do penhasco

Sem os braços dela me segurando

Faziam-se cada vez mais presentes

Premonição do fim? Quiçá!

Agarrava-me a ela como um breve suspirar.

Que se atrela pelos pulmões e oxigena todo um sangue quente

Que bombeado pelo coração

Chega à bainha de mielina

Ali, onde meus impulsos nervosos gritavam seu nome.

ÉkleipsisOnde histórias criam vida. Descubra agora