Ékleipsis

Ápice

6. 

Dias que se passaram

Beijos que se perderam no tempo e espaço

Marcas... Entregas... Palavras.

Amanheci com o corpo suado,

Lábios secos,

Puxava com sofreguidão o oxigênio do quarto.

O relógio marcava 08h24min.

Fitei os dois últimos algarismos.

Um feixe de luz forte entrava pela fresta da janela

Um dia de sol, que prometia arder.

Pequenas partículas de pó transitavam pela luz

E voltavam a se perder na escuridão.

Fechei os olhos novamente, senti um riso emergir.

Um sonho!

Lembrei-me da pele alva,

Os cachos que caiam pelo meu corpo

Os lábios rosados e a língua que serpenteava minha boca

Uma batalha quente por espaço

Meus dedos fincados em suas costas

Vez ou outra deslizavam e repousavam na sua cintura

O corpo dela debruçado sobre o meu.

Respirei fundo,

Era só um sonho.

Tomei o celular em mãos,

Uma mensagem, uma batida errada no peito.

- Te busco hoje. Vamos à minha casa! Às 10h30min.

Alvo do que há de mais carnal.

A pele de uma mulher atrai

O beijo de mulher causa espalhafato

De modo que se deixa ser

Sem se conter...

É carne, pele, é tátil, quase sublime.

A ida foi tomando-me de desassossego

Sentia as tais borboletas no estômago, que tanto dizem,

O frio percorria pelo meu dorso

Chagava a palma da mão cada vez mais gelada

Meu rosto ocioso mostrava meu nervosismo

Eu simplesmente sabia o que aconteceria.

Tomada por um "Bom dia" e um riso aliciante

Fui de encontro ao âmbito da minha maior perdição

Local que seria, a partir daquele dia, testemunha de um amor.

A porta cerrou atrás de mim,

Sentadas lado a lado não tínhamos mais o que dizer

Nossos corpos já conversavam entre si

Já sabíamos o que fazer e onde íamos chegar.

Peças de roupas pelo chão

Suor...

Beijos efêmeros, cortados pela retomada breve de folego.

Suspiros...

Nosso intimo sendo tomado por mãos, logo bocas, língua...

Gemidos abafados...

Tremular de dois corpos saciados de prazer, ainda conectados.

Orgasmo...