LUZES DE NATAL

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Manhattan, Nova Iorque

5 de dezembro
10°C

Sempre amei o fim de ano.

O encanto natalino, as luzes brilhantes e as canções. Sempre cultivei o sentimento genuíno dentro de mim, desde criança. Quando era mais nova contava os dias para montar a árvore-de-natal e pendurar as meias na lareira. Era uma briga com o meu irmão, Josh, mas a gente acabava rindo no fim e comendo biscoitos com gotas de chocolate.

Não sei explicar, mas essa é a época em que tudo fica mais encantador. Quase mágico.

─ Você não pode fingir que não é Natal!

Escuto Sophia falar alto e nego com a cabeça. Não sei com quem ela está aprendendo a falar nesse tom, mas está se repetindo. Isso porque ela só tem dez anos.

─ Não estou fingindo isso, eu não ligo tanto.

Agora foi a voz da Esther, minha sobrinha de dezesseis anos, calma e pacífica, como sempre. Aposto que Esther será a pessoa mais tranquila do mundo quando completar a maioridade.

─ Como você não liga para o Natal? ─ Minha filha parece indignada e eu acabo sorrindo.

─ Me disseram que é a idade...

Esse comentário foi da Elisa, minha menina caçula de sete anos. Se duvidar, ela é o ser humaninho mais inteligente e sapeca que já conheci na vida, e mesmo estando distante nesse momento, posso imaginá-la revirando os olhos.

─ Eu não sou velha, Elisa! ─ Esther debateu.

─ É, mas eu nunca quero ser uma aborrecente.

─ É adolescente que fala, Elisa ─ Sophia diz corrigindo-a.

─ Não, o titio Dylan disse que é aborrecente mesmo.

Nego com a cabeça e volta a me concentrar no que estou fazendo: amamentando. Observo meu pequeno bebê em meus braços e sorrio. Théo, meu recém-nascido.

Já é meu quarto filho e o terceiro que amamento, contando que minha mais velha foi adotada. E mesmo já estando acostumada em alimentar meus pequenos, esse é um processo curioso para mim. Os bebês ficam impressionados.

Théo tem os olhos grandes e azuis grudados em mim enquanto suga o leite. Ele parece hipnotizado. E isso é muito engraçado. Por alguns segundos ele para e apenas me olha, e depois volta a tomar o leite materno. Théo é lindo. Theodoro. Segundo meu marido esse deveria ser o nome dele, seria formal quando ele se tornasse um homem de negócios. Esse é o sonho dele.

─ Mãe?

Levanto a cabeça e observo minha filha mais velha se aproximando de mim na sala. Jully, de treze anos. Ela é meu orgulho. Recentemente ela acordou de um coma e se livrou de um câncer. Se pudesse descrever a força dessa menina, eu não conseguiria.

─ Sim, querida?

─ Posso ficar aqui com você?

─ Você nem precisa perguntar, docinho.

Jully sorri e se senta ao meu lado. Seus olhos verdes param em Théo nos meus braços e então eles parecem tão confusos.

─ Isso dói?

─ O quê?

─ Amamentar. Parece que dói.

─ Ah. ─ Dou risada. ─ No início, sim. Mas depois você se acostuma e quer saber? Você começa a gostar. É um momento de conexão entre mãe e bebê. Um dia você vai saber.

com amor, o meu natal Onde histórias criam vida. Descubra agora