[Concluída] Gakuen Alice nunca fora dedicada a gênios, ou melhor, nunca somente a eles, mas não era essa a única verdade escondida da população comum. De baixo das aparências impecáveis, sobrava apenas uma escola com crianças extraordinárias e inten...
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Yeonjun contou cada um dos detalhes com uma calma incrível, e nem ao menos tentou defender-se quando constatou que fora um dos grandes empecilhos para Kai durante seus duros dias manipulados por Jeong. No entanto, apesar de seu tom indiferente, Soobin conseguia notar pelos pequenos gestos — desviar o olhar, levemente apertar o punho enquanto falava — que sentia certa culpa pelo o que havia acontecido. Talvez esse sentimento nem fosse reconhecido por ele próprio, mas com certeza estava presente.
Já Soobin estava estático com a história. Poderia ter imaginado vários cenários, mas nunca imaginaria que era aquilo. Apesar de sua personalidade brilhante, Beomgyu havia passado por momentos muito difíceis. Mal conseguia se colocar em seu lugar, ver uma pessoa amada destruir seu corpo aos poucos e nem ao menos saber o motivo? Parecia impossível de imaginar. Ao menos, eles estavam juntos agora e não havia mais motivos para Huening esconder a história de Beomgyu.
Porém, o que mais perturbava a consciência de Soobin, era que havia sido exatamente como aquelas crianças quando descobriu a alice de Kai, se lembrou de como se sentiu impotente contra ela e como a julgou como aterrorizante. No final das contas, fora muito preconceituoso com Huening e não sabia se conseguiria encará-lo nos olhos novamente.
— Entende? Kai estava em uma situação complicada, mas pelo o que parece, Jeong quebrou a maldição. — Yeonjun concluiu. — Eu podia jurar que aquele desgraçado o usaria até ele morrer... — Ele riu seco, enquanto encarava os lençóis de sua maca. — Nem posso falar muito, eu dificultei muito a vida dele nesses últimos anos.
Soobin engoliu em seco, sentia-se por fora daquela situação, mas a visão que Yeonjun tinha de si mesmo estava começando a preocupá-lo. Quase como se sentisse a necessidade de se considerar uma pessoa ruim, como se seus feitos fossem todos a base da arrogância. Soobin não pensava assim.
— Yeonjun, você não estava completamente errado. O que o Kai te fez fazer te machucou e provavelmente traumatizou. Não consigo imaginar para que ele tenha utilizado vocês... Mas aquilo te machucava, então o egoísmo fazia sentido. — Não conseguia encará-lo nos olhos, mas tinha confiança em cada uma das suas palavras. — Pode ter soado rude, mas você realmente não tinha compromisso nenhum com a vida de duas pessoas com as quais você não tem proximidade. Você não é nenhum tipo de super herói.
— Do que você está falando? Quer me defender? — provocou, com uma risada rala.
Soobin respirou fundo, esforçava- se para não perder a paciência.
— Talvez. Você fala como se fosse a pior pessoa que existe e também tenta agir como a pior pessoa que existe, mesmo não sendo assim. Eu estou tentando te proteger de você mesmo. — Soobin aproximou-se, o bastante para surpreender Yeonjun, que não tinha esse tipo de costume. — Olhe para você, Yeonjun. Você está acabado na maca de um hospital. Pode não estar tão mal quanto Kai, mas você é uma grande vítima da situação.
