[8] Une histoire d'amour interdite

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   Seonghwa

  Um humano normal jamais acreditaria que o céu ou o inferno existem, jamais deveria se preocupar com seu destino ou com quem os vigia para decidir seu rumo após a sua vida que na maioria das vezes é longa e proveitosa, mas comigo, com minha raça... nós sempre acabamos por zelar por alguém, por cuidar de alguém, nós protegemos, guardamos acredite a pessoa ou não em nós mas sem sequer se deixar levar por sentimentos humanos impuros.

            

        “ Você é mais, seu dever é guiá-lo pelo melhor caminho não se deitar como se pertencesse ao mesmo mundo que ele. ”  Claro, nenhum serafim, guardião ou justiceiro ficou contente com o que fiz, o que me fez ver pela primeira vez que, a vulnerabilidade não parecia tão ruim. Veja bem, eu tive tudo... força, confiança, habilidades que qualquer pessoa lutaria para ter e uma vida longa servindo a um propósito grande mas que passei a desejar abrir mão, quando o conheci naquela época.  Ele era tão jovem, tanto quanto é agora, doce, seguro, amado por sua família e por todos os que o rodeasse.

            Ter me apaixonado pelo meu humano foi algo imperdoável para todos os meus semelhantes e os que estão acima de mim, mas quem pagou o meu dito erro fora ele... quem sempre pagaria meus erros seria ele, uma vez a cada século, nos últimos quinhentos anos. Libertar aquela alma do sofrimento só dependia de mim, eu tinha que deixá-lo ir mas como destino, sempre nos apaixonávamos em todas as suas vidas e da mesma forma, o mesmo permanecia em meus braços sempre que aquele fatídico dia acontecesse, até que seu último suspiro escapasse por seus lábios mais uma vez.

          Vendo o garoto adormecido naquela cama da ala médica mas sendo o único capaz de entender a verdade por trás daquilo que o ocorria, era como uma maldição... Sempre que pisava em terra, pessoas inocentes morriam e para que os anjos pudessem provar sua tese, aquele garoto poderia ser apenas o começo de um período sombrio já conhecido mesmo que dessa vez, levado pela exaustão consequente de ter seu coração partido tantas vezes com a morte de seu amor, preferisse morrer a deixar Kim Hongjoong ser levado. Sem notar, lágrimas já rolavam por meu rosto e atingiam meu próprio colo com gotas grossas que pareciam carregar todos os cinco séculos de dor com a punição que levara e antes mesmo que pudesse afasta-las, ouvi a porta ranger ao indicar a entrada de alguém que só reconheci quando se dirigiu a mim, era Yeosang afinal, com um tom tão doce e aparentemente preocupado enquanto tocava meus ombros ao me ver naquele estado enfraquecido.

─── Não parece bem. ── Indagou, sentando-se ao lado sobre a cama vazia. ── Parece que precisa conversar.

─── Não se preocupe, senhor. Eu...

─── Seonghwa, você beijou o meu primo... o meu melhor amigo, não é mais apenas um guarda e sabe disso. ── Não soube conter o sorriso que escapou juntamente daquele suspiro pesado com suas palavras, que mesmo não havendo insistência foram persuasivas o suficiente para que me fizessem "confessar".

─── Temo que Hongjoong não está seguro comigo. ── O rapaz franziu a testa em uma confusão perceptível. ── Sonho com ele... a algumas noites e em todos eles, o Hongjoong...

─── Morria em seus braços. ── Ele completou, e por mais que minha cabeça parecesse girar juntamente a um frio que fazia doer o estômago. Finalizei.

─── E sempre parecia ser culpa minha.

       Ouvi o seu resmungo surpreso, seus dedos passavam pelo rosto e seus olhos piscavam atônitos antes de enfim, me olhar outra vez ao confessar, me dando a confirmação que eu precisava desde que cheguei ali.

──── Não é o único que tem esses sonhos.

       Deu uma ligeira pausa para logo prosseguir.

─── Hongjoong diz ter visto o seu rosto antes mesmo de você vir ao reino. Vocês estavam felizes, ele diz, mas um golpe de espada sempre o atingia e então... Ele nunca disse a ninguém por que pensou que poderia estar maluco mas você apareceu aqui, vivo e exatamente como ele descreveu. ── Yeosang contou calmamente cada palavra, até que se levantasse junto a mim mas eu não soube ouvir mais nenhuma palavra.

         Meus ouvidos estavam doloridos e abafados, minha garganta parecia ter dado um nó que dificultava até mesmo a respiração, meus pés assim como meus joelhos estavam fracos e bambos, fazendo com que tudo o que eu conseguisse naquele momento, fosse deixar que aquela reação desenfreada viesse a tona, escapando por meus olhos sem que tentasse as impedir.

                  Ao anoitecer quando mandavam-me mais uma vez que deixasse as roupas do príncipe prontas para quando ele acordasse, fui ao quarto dele e por sorte, Hongjoong já dormia. Seus fios brilhosos como as pétalas da rosa mais bonita estavam espalhados no travesseiro coberto pela seda perolada, sua pele branca, pura e ligeiramente ruborizada lhe faziam parecer a criatura mais doce na qual já coloquei meus olhos, seus dedos pequenos e delicados apertavam o lençol branco que lhe cobria até a altura do peito com certa força mesmo em sono, como se fizesse-o de proteção para todos os seus medos infantis. Não pude deixar de me aproximar, curvando-me delicadamente sobre o corpo menor para que pudesse deixar um selar sobre sua testa descoberta.

 

─── Não vou deixar que te peguem dessa vez... ── Sussurrei, quando me coloquei de joelhos ao lado de sua cama, lentamente... arrastando os dedos sobre a pele alva. ── Eu esperei por anos até que você voltasse e eu pudesse dizer que sinto muito... Essa não devia ter sido nossa vida e você devia ter aproveitado mais.

      Puxei o ar, fungando levemente pelas vias afetadas pelo choro para logo prosseguir antes que alguém chegasse ali.

─── Eu sei que não pode me ouvir agora e  eu nunca lhe disse isso mas... eu amo você, doce príncipe... e mesmo que o mundo todo mude, eu ainda amarei apenas você. ── Só ali, pude sorrir.. Inebriado pelas lembranças que me atingiam com força. ── Para sempre.

            Com cuidado arrumei o lençol sobre seus ombros e me afastei, pé ante pé até que chegasse a porta, mesmo que antes de abrir já pudesse ouvir os resmungos vindos da outra ponta do cômodo.

─── Se..onghwa... O que faz aqui?

    Ele coçava os olhos cansados, seus lábios  estavam inchados e o sangue parecia se aflorar em seu rosto, tensionei os ombros por um instante mas optei por um sorriso enquanto tornava a me aproximar, com a voz baixa tanto quanto ele.

─── Vim deixar suas coisas, agora volte a dormir, doce príncipe. O sol vai demorar a chegar. ── Ele uniu sua mão pequena a minha e deitou a cabeça no travesseiro, com seus olhos focados em mim, mesmo que já me trouxesse para perto bem antes que pudesse me ajoelhar a seu lado ou voltar para  a porta.

─── Não vai.

─── O que?

─── Fica aqui. Comigo.

    Suspirei, o menor se ergueu rapidamente e deixou um beijo estalado sobre meus lábios antes de se deitar outra vez, aconchegando seu corpo pequeno rente a mim com seu rosto sobre meu peito, não demorando muito para que voltasse a ser envolto da calmaria que lhe trazia o sono tão rapidamente, mantendo nossas mãos juntas sobre o colo. Independente do meu caos, ou das trevas que me rodeavam, Hongjoong era minha paz e por ele, valia a pena lutar mesmo que jamais pudesse saber da verdade.

ETERNITY || SeongjoongOnde histórias criam vida. Descubra agora